Guilherme Rodrigues
Notas Báquicas
Vinho Chablis, cada vez melhor e mais desejado
Epítome do vinho branco seco, o Chablis foi a grande moda no mundo até cerca dos anos 1980. Tão afamado que veio a ser copiado e comercializado em muitos países. Também pudera: a região produtora relaxou e começou a produzir em excesso e com menos cuidado – exceção sempre aos bons produtores. Lógico que o grande público cansou e o vinho foi negligenciado, apesar do nome emblemático sempre repercutir prestígio.
Contudo, graças ao aprimoramento dos métodos de vinificação e cultura das vinhas, bem como a maior disciplina dos produtores, o Chablis retorna agora, no começo do século 21, ao pedestal de sua glória, com todo esplendor e magnetismo. Que o diga o número crescente de aficionados.
O segredo é a inigualável síntese que reúne os apelos de pureza, frescor, energia e vivacidade, com elegância e precisão. Um bom vinho Chablis deve dar prazer imediato, ser seco (sem verdor) e vivo, quase como uma lâmina de aço (steeliness, em inglês), mineral – lembrando, às vezes, pedra de isqueiro ou pólvora. Cristalino, pode ter nuances florais e uma certa riqueza ao fundo compondo com o frutado de maçãs ou cítricos – hoje em dia puxa mais ao cítrico.
Desde a Idade Média, o vinho Chablis é produzido com a Chardonnay e reverenciado nos mercados mais exigentes. A receita é privilégio da pequena região de procedência, onde as parreiras frutificam plantadas sobre uma mancha de solo especial, argilo-calcário cinza ou até quase branco, denominado kimmeridge, com mais de 150 milhões de anos.
Esse terroir exclusivo, disposto em torno de pequenas colinas, fica às margens do pequeno rio Serein, junto da vila de Chablis, de onde o vinho tira seu nome. O setor defronte à vila é o mais nobre de todos, onde se localizam os grand crus.
A pequena região agrária, isolada e tranquila, fica equidistante da Champagne e da Côte D'Or, coração da Borgonha. Situada em latitude extrema para o cultivo da vinha, é bafejada por clima continental e frio. No inverno, os vinhedos cobrem-se de neve e as geadas de início de primavera são o pesadelo dos produtores.
São esses extremos e o terroir exclusivo que fazem a personalidade única e a magia do Chablis. Cada vez mais consumido e de prestígio crescente nas mesas dos brasileiros. A seguir, algumas dicas para melhor aproveitar o vinho.
Dicas de consumo do vinho Chablis
Envelhecimento em garrafa:
Embora possam resistir por mais tempo em garrafa, os vinhos dão o seu melhor em:
Petit Chablis (até 3 anos); Chablis (até 5 anos); Chablis Premier Cru (entre 2 a 8 anos); Chablis Grand Cru ( entre 4 a 15 anos).
Petit Chablis (até 3 anos); Chablis (até 5 anos); Chablis Premier Cru (entre 2 a 8 anos); Chablis Grand Cru ( entre 4 a 15 anos).
Com madeira ou sem madeira:
É acesa a polêmica se um Chablis deve ser ou não vinificado e estagiado em recipientes de madeira, nova ou usada. Mesmo para os adeptos da madeira, usa-se bem menos do que nos Borgonhas brancos da Côte de Beaune. A maioria dos produtores não emprega madeira, ou o faz com muita parcimônia; e quando emprega, em geral, é madeira usada. De todo modo, nos Chablis e Petit Chablis madeira nova não é usada.
Harmonização na gastronomia:
Chablis é sucesso absoluto com frutos do mar: peixes, crustáceos, moluscos e o que mais, preparados de todas as formas. Também par ideal com escargots e rãs. Excelente vinho para festas, no caso mais indicados o Chablis e o Petit Chablis, mais casuais. Vai bem com embutidos, alguns queijos, especialmente de cabra, e outros pratos. Bem versátil à mesa.
Temperatura de serviço:
Refrescado e não gelado. O Petit Chablis pode ser servido entre 8ºC e 10ºC. Mais frio em aperitivos, mais quente com comida. Já o Chablis e Chablis Premier Cru entre 10ºC e 11ºC; e o Chablis Grand Cru entre 12º e 14ºC.
Copos:
Padrão Borgonha branco ou Chardonnay. Mais amplos para os grand cru e premier cru e menores um pouco para os demais.