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Alguns tipos de vinhos casam bem com pratos doces.

Guilherme Rodrigues

Guilherme Rodrigues

Notas Báquicas

Saiba mais sobre os encantadores vinhos de sobremesa

04/10/2020 15:54
Muitos dos
mais famosos e espetaculares vinhos são ditos de sobremesa. Basta lembrar o
nome sonante de um dos maiores ícones do mundo de Baco, o Château D’Yquem,
exatamente dentro dessa categoria.
São vinhos adocicados,
elaborados por diversos processos. No caso dos bons exemplares, sem a adição de
açúcar ou outro edulcorante, quando o adocicado nada mais é do que o açúcar
natural da própria uva que restou na bebida após a fermentação. O chamado
açúcar residual.
A designação
vinho de sobremesa não consta das classificações que aparecem nos rótulos, que
definem os vinhos desde “açúcar zero”, passando a extra seco, seco, meio doce,
doce e muito doce. Os vinhos de sobremesa equivalem à faixa desde meio doce a
muito doce.  Ou seja, bebidas que contém
mais de cerca de 15g/l de açúcar residual.
Um bom vinho
de sobremesa é tão qualificado ou ainda mais do que um vinho seco. Tanto assim
que os vinhos doces são presença obrigatória nas refeições e no cardápio dos
mais experimentados amantes dos vinhos. Em muitas fases da história, tiveram
preço e procura muito acima dos vinhos secos.
A grande maioria deles é elaborada com uvas brancas. Dentre aqueles feitos com uvas tintas, o mais famoso é o Vinho do Porto, aliás o imperador indiscutível dentre os vinhos de sobremesa.
Vinho do Porto é um clássico vinho de sobremesa. Foto: Big Stock
Vinho do Porto é um clássico vinho de sobremesa. Foto: Big Stock
A qualidade
está intimamente ligada à produção desses soberbos néctares. Um bom vinho de
sobremesa tem um processo de elaboração muito trabalhoso e crítico. A
fermentação de mostos muito concentrados, de uvas passificadas, é bem mais
difícil e demorada. No caso dos vinhos fortificados, embora a vinificação seja
mais simples, é sempre necessário muito tempo de adega para seu afinamento.
Assim como
há muitos vinhos secos mal feitos, também no reino dos vinhos doces há muitos
que são elaborados sem maiores cuidados e com métodos artificiais. Costumam
ficar grudentos, pesadões, desequilibrados, sabor demasiado açucarado ou acidez
muito pesada, sem graça. Nestes casos, a culpa não é de ser doce, mas, como nos
secos, dos maus produtores.
O que faz a
magia dos melhores exemplares é o equilíbrio entre a doçura e acidez. Uma
contrabalança a outra. A acidez contribui com a vivacidade e energia, enquanto
a doçura com a maciez. Mais a concentração dos sabores complexos, e é o
Nirvana. Por isso mesmo costumam ser muito longevos e suportam bem a guarda.
Na refeição,
seu lugar de maior presença é junto das sobremesas. Podem ainda vir sós, após o
fim das
comidas, ou mesmo em alguns casos no começo das refeições, caso emblemático do
Sauternes com foie gras.
Esqueça o
preconceito contra os vinhos mais adocicados. Coisa do passado, fruto da
ignorância e das ressacas das fases de inundações do mercado por produtos
apelativos e mal feitos. Os vinhos de sobremesa estão entre as maiores glórias
do mundo de Baco.
A seguir,
algumas dicas para ajudar na escolha e serviço dos vinhos de sobremesa, um
mundo fascinante de sabores, aromas e texturas que surpreende e cativa os mais
experimentados conhecedores.

Saibaaproveitar os vinhos de sobremesa:

Alguns vinhos de sobremesa harmonizam bem com pratos doces. Foto: Fran Hogan/Unsplash
Alguns vinhos de sobremesa harmonizam bem com pratos doces. Foto: Fran Hogan/Unsplash