Guilherme Rodrigues
Notas Báquicas
O que você precisa saber para identificar um bom vinho
Que vinho beber, que rótulo escolher? Pergunta que assalta desde o iniciante até um consagrado bebedor, com muitas décadas e milhares de garrafas de experiência. No fundo, é uma santa pergunta. Longe de ser um dilema inibidor, estimula a imaginação e revela uma dádiva, pela grande diversidade de vinhos existentes, em qualquer faixa de preços. Como me orientar em relação à garrafa que vou comprar – ou que já tenho na adega – e beber?
Desde que iniciei pelas artes do vinho até
hoje, faço como os
navegadores na orientação de suas rotas: uso a
bússola. Com os quatro pontos
cardeais ajustados para: produtor, região, casta e safra. Funciona em qualquer gama de
preços. Ao Norte, quem faz o vinho, o produtor, a personificação
do trabalho e da arte humana, seja no trato do vinhedo, seja na faina da adega. Leste e Oeste, percurso da trajetória
do sol, casta e região, com o conceito de terroir que
faz parte desses dessa linha luminosa. Ao Sul, a safra. Os três último refletem a mais pura natureza, a
base natural dos vinhos.
hoje, faço como os
navegadores na orientação de suas rotas: uso a
bússola. Com os quatro pontos
cardeais ajustados para: produtor, região, casta e safra. Funciona em qualquer gama de
preços. Ao Norte, quem faz o vinho, o produtor, a personificação
do trabalho e da arte humana, seja no trato do vinhedo, seja na faina da adega. Leste e Oeste, percurso da trajetória
do sol, casta e região, com o conceito de terroir que
faz parte desses dessa linha luminosa. Ao Sul, a safra. Os três último refletem a mais pura natureza, a
base natural dos vinhos.
Esses quatro fatores
combinados propiciam o gosto do vinho: a personalidade e o caráter
próprios de um determinado rótulo. Por
exemplo, uma uva: Cabernet
Sauvignon; uma região: Chile; uma safra: 2016; um produtor: Concha y Toro, Errazuriz, Santa Carolina,
Montes, Ventisquero ... e outros que o
leitor se lembre. Mesmo assim, o vinho de Cabernet tem sua
personalidade própria, diferente de um com a Syrah. Além disso,
um chileno é diferente
de um argentino, californiano, brasileiro ou francês com a mesma uva.
combinados propiciam o gosto do vinho: a personalidade e o caráter
próprios de um determinado rótulo. Por
exemplo, uma uva: Cabernet
Sauvignon; uma região: Chile; uma safra: 2016; um produtor: Concha y Toro, Errazuriz, Santa Carolina,
Montes, Ventisquero ... e outros que o
leitor se lembre. Mesmo assim, o vinho de Cabernet tem sua
personalidade própria, diferente de um com a Syrah. Além disso,
um chileno é diferente
de um argentino, californiano, brasileiro ou francês com a mesma uva.
Então é fácil de se orientar. Escolho
um dos
pontos cardeais, qualquer um. A partir daí passo ao segundo, ao terceiro e ao
quarto. Muitas vezes, essa operação se resolve em um átimo de segundo, quase um
impulso. Ah, quero um vinho tinto alentejano que não custe muito. Passo ao
produtor, safra, ou vice-versa, e até ao tipo de castas no vinho, para as diversas
nuances. Compro e bebo. Gostei, fica na memória e repito no
futuro. Não gostei tanto, procuro ver qual ou quais dos fatores não deram muito
certo e corrijo na
próxima vez. Assim, a memória gustativa forma e expande seu banco de
dados, ajudando nas escolhas futuras.
um dos
pontos cardeais, qualquer um. A partir daí passo ao segundo, ao terceiro e ao
quarto. Muitas vezes, essa operação se resolve em um átimo de segundo, quase um
impulso. Ah, quero um vinho tinto alentejano que não custe muito. Passo ao
produtor, safra, ou vice-versa, e até ao tipo de castas no vinho, para as diversas
nuances. Compro e bebo. Gostei, fica na memória e repito no
futuro. Não gostei tanto, procuro ver qual ou quais dos fatores não deram muito
certo e corrijo na
próxima vez. Assim, a memória gustativa forma e expande seu banco de
dados, ajudando nas escolhas futuras.
E as pontuações? São referenciais de
qualidade, patamares de qualidade, outra coisa. Falaremos delas em outro
artigo. A seguir, breves comentários acerca de cada um dos quatro pontos
cardeais da bússola do vinho.
qualidade, patamares de qualidade, outra coisa. Falaremos delas em outro
artigo. A seguir, breves comentários acerca de cada um dos quatro pontos
cardeais da bússola do vinho.
Produtor
Este é o Norte. Bons
produtores fazem vinhos melhores e mais completos. Maus
produtores fazem vinhos piores e desinteressantes.
produtores fazem vinhos melhores e mais completos. Maus
produtores fazem vinhos piores e desinteressantes.
Além disso, cada produtor tem sua arte, com abordagem peculiar no
trato das vinhas e na elaboração do vinho. Tipo de
vinificação, de leveduras. Estágio por mais ou menos tempo. Micro
oxigenação, pré-fermentação
a frio, pigeage, malolática, battonage,
mais ou menos marcado pela madeira, uma
infinidade de fatores, como um pintor diante de sua palete de cores.
trato das vinhas e na elaboração do vinho. Tipo de
vinificação, de leveduras. Estágio por mais ou menos tempo. Micro
oxigenação, pré-fermentação
a frio, pigeage, malolática, battonage,
mais ou menos marcado pela madeira, uma
infinidade de fatores, como um pintor diante de sua palete de cores.
Um bom vinicultor, como um
artista, imprime
nuances próprias ao vinho, sem destruir, antes, valorizando as características
das uvas que entraram na adega. Cada vinicultor, por sua vez, mantém seu padrão, o estilo da
casa, através
dos tempos. Por isso a escolha do produtor é um norte,
como que garantia da qualidade e personalidade do vinho.
artista, imprime
nuances próprias ao vinho, sem destruir, antes, valorizando as características
das uvas que entraram na adega. Cada vinicultor, por sua vez, mantém seu padrão, o estilo da
casa, através
dos tempos. Por isso a escolha do produtor é um norte,
como que garantia da qualidade e personalidade do vinho.
Região
Emprego aqui o termo num
sentido bem amplo. Pode ser um país ou uma região dentro de um país, demarcada
ou não; ou ainda sub regiões, ou mesmo um vinhedo específico.
sentido bem amplo. Pode ser um país ou uma região dentro de um país, demarcada
ou não; ou ainda sub regiões, ou mesmo um vinhedo específico.
A origem confere personalidade própria
ao vinho, em função dos solos e clima próprios.
ao vinho, em função dos solos e clima próprios.
Quanto se tratar de vinho com
denominação de origem oficial, dita controlada (doc ou aoc), é garantia
de que a bebida foi elaborada apenas com as castas regionais admitidas, dentro
de certo perímetro geográfico e com padrões mínimos para manter sua
personalidade. Por exemplo. Se falo Borgonha tinto, a casta será Pinot Noir.
denominação de origem oficial, dita controlada (doc ou aoc), é garantia
de que a bebida foi elaborada apenas com as castas regionais admitidas, dentro
de certo perímetro geográfico e com padrões mínimos para manter sua
personalidade. Por exemplo. Se falo Borgonha tinto, a casta será Pinot Noir.
A região diz muito da personalidade e
tipo de vinho. Se o leitor pensar, por exemplo, num Chianti,
num Rhône ou num Malbec argentino, já percebe
as diferenças e personalidade de cada qual. E vê logo uma
orientação para a escolha.
tipo de vinho. Se o leitor pensar, por exemplo, num Chianti,
num Rhône ou num Malbec argentino, já percebe
as diferenças e personalidade de cada qual. E vê logo uma
orientação para a escolha.
Castas
Com a entrada em força dos vinhos do Novo Mundo, a
partir da década de 1980, a designação da casta, predominante naqueles rótulos, passou
a ser novo e relevante fator de identificação. O rótulo destaca a uva: Cabernet
Sauvignon, Chardonnay, Syrah, Pinot Noir, e assim por diante.
partir da década de 1980, a designação da casta, predominante naqueles rótulos, passou
a ser novo e relevante fator de identificação. O rótulo destaca a uva: Cabernet
Sauvignon, Chardonnay, Syrah, Pinot Noir, e assim por diante.
As diferentes castas
viníferas em todo planeta devem ir ao milhar ou mais. A
diversidade constitui uma grande riqueza natural. As mais
empregadas limitam-se a cerca de umas 50 a 100, grosseiramente,
entre tintas e brancas. Sejam usadas isoladas ou em corte, cada qual confere ao
vinho características muito peculiares e próprias.
viníferas em todo planeta devem ir ao milhar ou mais. A
diversidade constitui uma grande riqueza natural. As mais
empregadas limitam-se a cerca de umas 50 a 100, grosseiramente,
entre tintas e brancas. Sejam usadas isoladas ou em corte, cada qual confere ao
vinho características muito peculiares e próprias.
Se pensar na Sangiovese ou na Pinot Noir, já percebo a
diferença de saída. Idem com as brancas, por exemplo a Chardonnay, a Sauvignon Blanc ou a Gewurztraminer.
diferença de saída. Idem com as brancas, por exemplo a Chardonnay, a Sauvignon Blanc ou a Gewurztraminer.
Safra
A safra molda o mesmo vinho, de um mesmo
local e castas, de forma diferente a cada ano. Safras mais
calorosas dão vinhos mais alcoólicos, cheios, mais opulentos, muitas
vezes com laivos confeitados, taninos menos ostensivos e, no
pior, chatos e sem vida. Mais frias, nubladas, uvas menos alcoólicas, mais adstringentes, mais acidez, mais profundidade, maior austeridade e, no
pior, duros e insípidos. As colheitas superiores são as mais
equilibradas e que permitem a melhor maturação fenólica das uvas.
local e castas, de forma diferente a cada ano. Safras mais
calorosas dão vinhos mais alcoólicos, cheios, mais opulentos, muitas
vezes com laivos confeitados, taninos menos ostensivos e, no
pior, chatos e sem vida. Mais frias, nubladas, uvas menos alcoólicas, mais adstringentes, mais acidez, mais profundidade, maior austeridade e, no
pior, duros e insípidos. As colheitas superiores são as mais
equilibradas e que permitem a melhor maturação fenólica das uvas.
A safra pode ser a diferença entre um vinho mais duro e difícil ou excessivamente rico e sem vida; e outro, do mesmo rótulo, charmoso e encantador. Nos países do Novo Mundo, de latitudes mais baixas em geral, o fator safra não costuma ser tão crítico. Já com os vinhos europeus, faz toda diferença. Não se assuste: há diversas tabelas de safras na internet, fáceis de consultar gratuitamente.