Guilherme Rodrigues
Notas Báquicas
Os seis melhores brancos portugueses de até R$ 100
O que pensa o leitor em degustar vinhos brancos elaborados com uvas como Antão Vaz, Alvarinho, Arinto, Babosa, Cercial, Códega, Dedo de Dama, Donzelinho, Maria Gomes (ou Fernão Pires), Bical (ou Borrado das Moscas), Rabigato, Viozinho, Ratinho, Esgana Cão, Encruzado, Folgazão? Nada das costumeiras Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling ou Viognier. Pois é, pensando em diversidade e em vinhos estimulantes, resolvi mostrar aos leitores os vinhos brancos portugueses.
Já se foi o tempo em que boa parte dos brancos eram mal feitos e saiam das garrafas para os copos meio chochos, oxidados, sem graça, demasiado ácidos, sujos. São mais difíceis de fazer e manter do que os tintos, mas os recursos da enologia atual compensam largamente e permitem a qualquer produtor, com um mínimo de cuidado e escrúpulo, engarrafar vinhos que cheguem aos consumidores com vida, frescor e corpo. Apesar de pequeno, Portugal possui uma das mais diversificadas listas de castas próprias do mundo, que evoluíram através dos tempos em cada uma das diferentes regiões do País. Estas também são bem diversificadas. Clima mais fresco ao norte do rio Mondego e mais quente ao sul. Solos argilo-calcários, arenosos, graníticos, xistosos, mistos, aluvionais e mais outros. Tanta diversidade, com boa enologia, leva à mesa dos consumidores brancos muito peculiares, com aromas e sabores diferenciados, e preços acessíveis.Um mundo a desvendar com prazer.
Reunimos os principais rótulos disponíveis no mercado, até o limite de R$ 100. Foram 23 amostras, provadas às cegas (sem conhecer o nome do vinho provado no momento da degustação e avaliação). Temperatura em torno de 8 graus C. Selecionamos os 6 campeões, que apresentamos aos leitores, com alguns custo-benefício sensacionais. 16 amostras tinham qualidade muito boa. Apenas 7 deixaram a desejar, no quesito corpo e aromas, vinhos muito abertos e sem perfume; mas limpos. Um estava oxidado. Os vinhos são muito gastronômicos, acompanham lindamente frutos do mar, embutidos, aperitivos, carnes brancas e massas. A prova foi no novo restaurante La Varenne, no shopping Pátio Batel, e dela participaram o experiente provador João Manuel Garcia, o editor de web Carlos Coelho e o leitor convidado pelo Bom Gourmet, Fabiano de Carvalho. O serviço foi conduzido com perfeição pelo sommelier Cesar Simbala. Após os trabalhos, o chef Ivo Lopes apresentou algumas das iguarias da nova e bem sucedida cozinha de sua autoria.
Veja o resultado da degustação:
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Guilherme Rodrigues é advogado, enófilo, membro de importantes confrarias internacionais. Dedica-se ao estudo e à degustação de vinhos há 25 anos.
guilhermer@gazetadopovo.com.br