Guilherme Rodrigues
Notas Báquicas
Casamento surpreendente
Não é só em contos de fadas que os casamentos entre reis e pessoas do povo dão muito certo. Pode acontecer na vida real. Foi exatamente o caso da união do champagne Krug rosé, como que um rei entre os champagnes rosés, com uma receita de cozinha raiz popular brasileira, o famoso porco à mineira: lombo (ou, no caso, a panceta), assado ao forno, acompanhado de virado de feijão, couve e ovo frito.
O enlace ocorreu no restaurante Durski, num recente jantar por adesão com uma sequência de três pratos, cada qual com um diferente champagne Krug, realizado em função da presença em Curitiba do diretor da Maison Krug, Louis Henrion, presente ao evento.
O diretor da Maison, de início incrédulo e desconfiado, exultou com a perfeição do feliz casamento entre o nobre Krug rosé e o popular porco à mineira. Uma surpreendente e gloriosa harmonização. O francês “raspou o prato”. E olhem que um pouco antes, no almoço, exclusivo para jornalistas, os Krugs foram acompanhados por sofisticadas e inspiradas iguarias japonesas, no restaurante Aizu, de inigualável maestria e precisão. Por exemplo, no almoço, com o Krug rosé: carpaccio de atum com figo, sushi de centolla e caviar, steak Wagyu tartar e foie gras. Mesmo depois de tantas preciosas iguarias, no jantar a perfeição da combinação com o porco à mineira sobressaiu-se lindamente.
De fato, o que parecia um atrevimento do chef Durski transformou-se numa grande revelação. O virado de feijão marrom casou-se às mil maravilhas com o vinho. A couve ajudou a dar movimento e dinâmica ao conjunto. A carne de porco e o ovo, por seu turno, realçaram as qualidades dos champagnes, entrelaçando-se perfeitamente com o frutado fino, acidez, energia, intensidade e superior refinamento do Krug rosé. Minas Gerais e Champagne, na mesa, felizes de braços dados, quem diria.
Antes do prato brasileiro, um refrescante e perfumado tartar de salmão selvagem do Durski fez as honras a um Krug Grand Cuvée. A seguir, para o Krug Vintage 2006, um perfeito risoto de vieiras. Ambos champagnes brancos secos e ótimas harmonizações, como é fácil perceber.
Para coroar, o chef Junior Durski fechou os serviços com um magnífico Château d’Yquem 1979, no apogeu da maturidade, inebriante e sofisticadíssimo. E anunciou que a renda do evento seria doada ao Ernestinho – unidade para tratamento infantil do Hospital Erasto Gaertner.
Desta visita da Krug a Curitiba, ficou a confirmação da grande classe de seus gloriosos champagnes, dos mais desejados do mundo das cintilantes borbulhas. Mais a celebração dos inigualáveis pratos do Durski e do Aizu. Em especial, a grande descoberta desse fabuloso casamento entre um nobre champagne rosé e nosso popular porco à mineira.
Degustação
Confira os champagnes Krug provados. Eles são importados pela Moët Henessy do Brasil e estão disponíveis em diversos pontos de venda:
Krug Grand Cuvée (69ª edição) — 96 pontos
Uma edição das mais bem sucedidas, de grande harmonia entre acidez e riqueza, força e refinamento. Deliciosas notas de panificação e brioches, sobre uma base que lembra mel, cítricos finos e abricots. Intenso, potente e refinado, frutos secos e cristalizados, fumé suave. Muito longo, puro, cristalino, e com a assertividade nobre dos grandes Krug.
Krug Vintage 2006 — 97 pontos
O corpo revela uma cremosidade fina, com a potência típica dos Krug. Na base é firme e seco, contrastando e harmonizando-se lindamente com notas elegantes mais ricas a mel e a frutos tropicais. Nuances adicionais minerais e florais, esta a rosas chá suaves, delicadas e instigantes. Encorpado e refinado, algo a frutos brancos, o vinho exala maravilhosos contrastes de sabor e texturas, muito bem equilibrados.
Krug Rosé (25ª edição) — 96 pontos
Cor salmão com matizes rosas, resplandecente. Frutado muito sofisticado e fino, sobressaindo framboesas e morangos silvestres, sobre um corpo de grande equilíbrio. Matizes complexos a cítricos suaves, pimenta branca, mel, frutos cristalizados e um longo final completam a notável personalidade e finesse.