Dani Machado
Mesa Afora
Uma volta por Buenos Aires, a capital gastronômica
É assim que ela quer ser vista e trabalha para isto. Em meio à crise, Buenos Aires recebeu em 2022, 1,5 milhão de visitas estrangeiras e, para este ano, estima-se 2,5 milhões de turistas. Visitei a capital portenha no início de abril e fiquei pensativa. O que eles fazem para conseguir este movimento todo? E fui pesquisar.
Descobri que em 2016 foi criado um departamento específico para isso, o programa BA Capital Gastronómica, que ficou em pausa na pandemia, mas está a todo vapor agora. Esse programa foca em potencializar a atividade econômica em geral por meio do desenvolvimento gastronômico da cidade. E o resultado já está aparecendo, com uma capital cheia de restaurantes e bares premiados e muita fila de espera.
A facilidade de entrada no país conta muito. Saindo de Curitiba, com um voo direto pela Aerolíneas Argentinas, em 2h25 desembarquei por lá. A desvalorização da moeda também atrai os turistas. Hoje você consegue comer no melhor restaurante de carnes do mundo, o Don Julio, eleito agora em 2023 pelo ranking internacional World´s 101 Best Steak Restaurants, tomando um belo vinho e gastando menos que gastaria no Brasil.
Passando meu momento divagante para tentar entender o fervor
da cidade argentina, vou contar sobre os restaurantes que visitamos por lá.
da cidade argentina, vou contar sobre os restaurantes que visitamos por lá.
No Don Julio eu consegui uma reserva em cima da hora. Quem chega sem reserva fica na espera comendo mini empanadas e bebendo Chandon ilimitada. Apesar de atrativo, a fila pode levar de 1 a 4 longas horas na calçada.
A famosa casa de carnes que fica no bairro de Palermo, foi aberta há 23 anos e, além da carne, cuida da sustentabilidade e da sazonalidade dos alimentos. Especializada em parrilla, atrai turistas do mundo inteiro e se tornou parada obrigatória para os amantes da boa gastronomia. Uma curiosidade: a adega do restaurante possui mais de 14 mil rótulos argentinos.
Minha experiência por lá atendeu a expectativa. Posso garantir que comi a melhor empanada da vida, recheada de carne suculenta cortada em pequenos pedacinhos. De entrada, pedimos a provoleta de queijo de cabra que eu achei interessante experimentar. É mais suave que a feita com provolone tradicional. De principal, eu fui de Ojo De Bife, uma peça enorme de 500 g que eu não consegui terminar. Na próxima vez irei dividir. Neto foi de Chorizo, que estava mais macio e suculento que eu meu pedido. Para acompanhar, malbec argentino e batatas fritas crocantes. O purê não valeu a pena. A sobremesa crepe de doce de leite é imperdível. Valor da conta ficou em 5.6650 pesos. Fazendo câmbio blue por lá fica em torno de R$800.
Na minha visita à cidade gastronômica almocei ainda no El Preferido de Palermo. Restaurante com história, abriu em 1952 e acabou encerrando as atividades em 2018. No ano seguinte foi comprado pelo proprietário do Don Julio. Hoje é premiado com nº 22 na lista The World 50 Best Restaurants América Latina.
Uma casa simples, com iluminação natural e belas milanesas preparadas na cozinha aberta que fica bem no meio do salão. O que faz da milanesa de lá tão famosa? São preparadas com bife de chorizo e, claro, de gado especial, criado em pasto livre. Pegando esta dica, não deixe de pedir os embutidos da casa, sensacionais. Aceitamos uma pequena degustação de vinhos argentinos para acompanhar. Valeu a pena, porém, tivemos que pedir mais uma garrafa para finalizar o almoço. Acompanhando o milanesa, fomos de batatas fritas e pimentão assado, mas acho que deveria ter escolhido a salada para deixar o prato mais leve. De sobremesa, crepe de doce de leite outra vez. Por curiosidade, a milanesa de chorizo para duas pessoas custa 8.680 pesos.
Outro restaurante em Buenos Aires que eu fiz reserva foi o premiadíssimo, de gastronomia judaica, Mishiguene. Na lista do The World 50 Best Restaurants América Latina, ele aparece no 15º lugar.
Três turnos lotados explicam um pouco do meu interesse em entender a dinâmica da cidade, lá do início do texto. É assim por lá. Minha reserva era das 20h às 22h. Teve opção de ser ainda às 18h ou às 22h.
Logo de entrada, o Baba Ganoush, sugestão do garçom, veio apresentado em uma versão criativa que nos conquistou, assim como o pastrami de costela de preparação lenta, servido com risoto de farfalaj. Delicioso. Como estávamos comemorando aniversário de casamento, a bebida escolhida foi champanhe, a garrafa de Perrier Jouët Grand Brut harmonizou muito bem com o demi-glace denso da carne.
Falando em bebidas, não poderíamos deixar de conhecer os famosos bares de Buenos Aires. Pelo curto espaço de tempo, eu escolhi dois. Para ajudar na escolha, consultei a lista do 50 Best Bars.
O primeiro foi especial, lugar lindo, decorado com referências vietnamitas divertidas e que ocupa o nº42 da lista. Sentamos no balcão do CoChinChina, melhor lugar da casa, como dizem, e lá passamos horas experimentando drinks autorais e comidinhas. No canto do salão, um DJ embalava a noite. Se preferir, você pode reservar e jantar no segundo andar do bar que serve menu degustação.
O próximo bar escolhido foi o speakeasy, Floreria Atlantico. Escondido dentro de uma floricultura, o bar é o 18º na lista do The World´s 50 Best Bars. Com o balcão mais logo do país, com 67 lugares, você pode experimentar vinhos, cervejas e cocktails inspirados na multiculturalidade da cidade. O menu da casa conta a história dos imigrantes através de composições originais.
Faltou tempo para visitar todos os lugares da minha lista em Buenos Aires. Mas o lado bom é que eu ainda tenho motivos para mais uma viagem. Quem é fã de gastronomia como eu, vai com certeza se esbaldar nesta capital gastronômica.