Dani Machado
Mesa Afora
Outubro foi um mês memorável para a gastronomia brasileira
O Brasil pipoca gastronomia, evidenciada por eventos marcantes em diferentes regiões do país. No mês de outubro, participei de três encontros significativos que não apenas celebram a riqueza culinária brasileira, mas também exploram questões fundamentais, desde a valorização de ingredientes locais até discussões sobre o impacto do aquecimento global na alimentação. Foram momentos de pensar sobre gastronomia.
Em Curitiba, o Fórum Tutano, agora transformado em Festival Tutano, proporcionou uma experiência ampliada, indo além das palestras tradicionais. Idealizado por Beto Madalosso, renomado chef e empresário, o evento contou com palestrantes de destaque nacional, como a chef baiana Ieda de Matos, abordando a gastronomia afetiva, e Bela Gil, culinarista e apresentadora, enfatizando a fome e a importância de uma alimentação saudável acessível. O Festival Tutano incluiu música ao vivo, expositores locais, aulas-show gratuitas e atividades para crianças, ampliando sua abordagem para além das discussões teóricas.
Em São Paulo, o Prazeres da Mesa, considerado o maior evento de gastronomia da América Latina, reuniu 50 chefs de renome, proporcionando um mergulho profundo na diversidade culinária e mais um vez nos fez pensar sobre gastronomia . Destacaram-se as talentosas chefs paranaenses Manu Buffara e Claudia Krauspenhar.
Manu Buffara foi uma das palestrantes do evento e também participou de um jantar especial, o Jantar Magno no restaurante Aizomê. Já Claudia, vencedora do Prêmio Prazeres da Mesa 2023 na categoria melhor restaurante do Sul do Brasil, levantou palmas com sua aula-show apresentando o prato que a consagrou no programa Mestre do Sabor, o pacu defumado. O evento, além das palestras, ofereceu experiências gastronômicas diversas, como o Mesa ao Vivo, Festival Farofa do Brasil e Jantares Magnos em locais renomados.
Belo Horizonte, por sua vez, sediou a 1ª Bienal da Gastronomia, uma iniciativa pioneira da prefeitura para valorizar a culinária local e fortalecer o título de Cidade Criativa da Gastronomia concedido pela Unesco. Ao longo de duas semanas, a cidade se transformou em um palco de celebração da gastronomia, com palestras, mostras culinárias, seminários e projetos especiais. O clima ideal para falar e pensar sobre gastronomia.
O documentário “Três Marias” produzido pela jornalista Lorena Martins faz uma homenagem às três matriarcas da culinária mineira: Maria Stella Libânio Christo (1917-2011), Dona Lucinha (1932-2019) e Nelsa Trombino (1938-2023). A produção reforça a temática feminina dessa edição da Bienal assim como o projeto Mapa Das Minas, que eu achei uma tirada sensacional.
Encabeçado também por Lorena Martins, o Mapa das Minas é voltado para turistas e moradores da cidade, é consiste num Guia da Gastronomia de Mulheres de Belo Horizonte. Com a curadoria da profissional, foi realizado um levantamento de estabelecimentos de alimentação e gastronomia na região centro-sul da capital, com foco no protagonismo feminino, para que possam integrar um Guia.
A Bienal buscou destacar a identidade e autenticidade da culinária belo-horizontina, celebrando também os 30 anos de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional.
Estes movimentos fortalecem e unificam a nossa gastronomia. Assuntos importantes precisam e devem ser discutidos. Ampliar e dividir o conhecimento para um futuro melhor, mais bem aproveitado e possível.