Rui Morschel
Comida de Verdade
Sustentabilidade na minha casa: Como eu faço?!
Você sabia que 17% de tudo que é produzido de alimentos no mundo é jogado no lixo? Os dados são da ONU. Segundo essa pesquisa, de 2019, o maior responsável por isso é o desperdício das famílias, dentro de casa. São 931 milhões de toneladas de comida desperdiçados anualmente, o que corresponde a aproximadamente 121 quilos por habitante do nosso planeta! É muita coisa, né?
É aquele arroz feito a mais, são os embutidos esquecidos na gavetinha ou até os vegetais que ficaram esquecidos no gavetão... Esses são alguns exemplos de alimentos que acabamos jogando fora. Um desperdício de comida e de dinheiro.
Então vamos começar a falar de atitudes práticas para você diminuir o desperdício de alimentos dentro da sua casa? Abaixo seguem três dicas fáceis para você começar a aplicar hoje e ajudar a salvar nosso planeta. Vamos lá?
Aproveite os benefícios das frutas e dos legumes maduros
Quando você vai ao mercado e/ou feira comprar vegetais, você “só pega os perfeitos”? Tudo bem que perfeição é relativa. Mas, no caso de legumes, frutas e verduras, há um certo padrão: frutas ainda verdes para durarem mais, ou no ponto para consumo no dia; verduras e legumes “bonitos” e firmes. Tudo bem, é o seu consumo. Mas saiba que há muitos usos para os vegetais que já “passaram do ponto” ou “estão feios”.
- Frutas passadas: o amadurecimento desenvolve ainda mais a frutose, o açúcar natural das frutas. Portanto, são excelentes para doces em geral (geléias, bolos e tortas, por exemplo). Se seu objetivo for fazer doces, pegue as mais passadas – e doces.
- Verduras e legumes: não é porque há uma manchinha de 0,5cm na casca da abobrinha que ela é ruim. Pelo contrário, existem várias marquinhas que sugerem que aquele alimento sofreu menos impacto químico com agrotóxicos na sua produção, por exemplo. Portanto, não recuse verduras e legumes por estética. Vivemos no século 21 onde todos são belos. Inclusive aquele maracujá mais enrugado que você depois de 3 horas na piscina.
- Ervas frescas em casa: Por que comprar toda vez um maço de salsinha, cebolinha ou coentro, não usar tudo e acabar jogando metade fora? Ervas frescas tem uma vida útil pequena (tem uma dica abaixo para aumentar isso) e é muito comum jogarmos fora grandes quantidades. Uma opção é ter suas ervas preferidas em casa. Basta ter pequenos vasos (há alguns mercados que vendem ervas frescas plantadas) e dar atenção, água e luz do sol para ter sempre ervas na quantidade que você precisa, sem desperdício. Plante essa ideia na sua casa e descubra como a jardinagem pode ser uma excelente terapeuta.
DICA DO RUIZÃO: Para armazenar ervas frescas “podadas”, lave bem em água corrente e seque melhor ainda com papel toalha. Após secar, enrole as ervas em um papel toalha novo e coloque dentro de um saco plástico. A baixa umidade e troca de ar deste ambiente deixam suas ervas frescas para consumo por até sete dias.
Consuma local
“Consuma local” significa muito mais que ajudar seu amigo microempreendedor. Quando falamos em alimentos, uma de suas principais características é a vida útil. Isso é, quanto tempo temos desde que um alimento foi colhido no campo até seu consumo com qualidade de sabor, textura e nutricional. No momento que tiramos uma fruta do pé, por exemplo, ele já começa a se deteriorar. Quanto mais demoramos para comer, mais chances do alimento apodrecer e o desperdiçarmos.
Por isso, o “consuma local” tem um papel importante aqui. A grande indústria alimentícia criou maneiras de aumentar essa vida útil, como com agrotóxicos, ambientes climatizados e outros. Porém, tudo isso representa custos e “agressões” aos alimentos.
Quando compramos o alface do Seu João na feirinha do bairro, sabemos quem é o produtor, onde ele produz e quando aquilo foi colhido. Conhecemos sua qualidade, pois sabemos de onde veio e como chegou ali.
Compare mentalmente uma maçã que foi colhida no Ceará com uma de São José dos Pinhas (se você mora em Curitiba, caso não, pense numa distância parecida para sua cidade). É a mesma coisa? Será que ela chegou naquela banca no mesmo tempo? E o que precisou para a primeira opção se manter vermelhinha e brilhante depois deste deslocamento todo?
Consumir local é uma garantia a mais de qualidade. É possível que alimentos mais distantes estejam alguns passos mais à frente na corrida do apodrecimento, e isso pode ser uma grande diferença na sua geladeira e no aproveitamento de suas compras.
Etiqueta neles!
Se tem algo que aprendi nos restaurantes que trabalhei (e que me remete aos meus bons tempos de engenharia de produção) são as etiquetas. A vigilância sanitária obriga que restaurantes e bares etiquetem TUDO com sua identificação, data de fabricação e de validade (os três principais dados, e que importam para nós em casa).
Pode parecer desnecessário. Afinal, “eu sei quando fiz este arroz”. Mas o fato de ter uma identificação visual de que aquele arroz já está indo para seu terceiro dia na geladeira nos faz ter mais atenção e cuidados com as comidas armazenadas. Acredite: não há nada mais efetivo para nossa consciência do que uma data de validade escrita bem na tampa do seu tapuér.
Há algumas opções de etiquetas profissionais disponpiveis na internet. São bem baratinhas e a cola é apropriada para embalagens que vão sofrer ação do frio e umidade da geladeira. Porém, não ter essas etiquetas apropriadas não é desculpa para não etiquetar. Uma boa identificação pode ser feita até com fita crepe. O importante é ter os dados visíveis e saber o que você precisa dar um jeito hoje e o que pode esperar ainda um ou dois dias.
Aplique estas regras na sua casa a partir de hoje (calma, pode ir passo a passo, não precisa fazer tudo de uma vez!). Aos poucos, você vai perceber outro benéficio. A quantidade de lixo vai diminuir. E, com isso, as brigas com seu marido/esposa por causa do lixo que ainda não foi levado para a lixeira do condomínio também!
Sua terapeuta de casal e o mundo agradecem!