Rui Mosrchel
Comida de Verdade
Méis, queijos e até carne de cabrito: as surpresas do nosso Paraná
Na semana passada, realizei mais uma de minhas viagens pelo interior do nosso estado em busca de produtos locais que são referência nacional. Este é um trabalho que realizo desde 2022, conhecendo vários produtos e produtores paranaenses que fazem trabalhos lindos, dignos de prêmios e reconhecimentos internacionais.
Nesta viagem, fui para três cidades diferentes conhecer três produtos únicos, e que são uma importante parte da vida de centenas de produtores e agricultores familiares. Topa conhecer comigo cada um deles?
No primeiro dia, chegamos à cidade de Capanema, a 70 km de Foz de Iguaçu. A cidade é conhecida por outro produto, o melado. Aliás, essa história eu já conheci e contei também em minhas redes sociais. Mas, desta vez, não foi o melado que fui conhecer, e sim o mel. Apenas três letrinhas a menos, mas muita história bonita assim como seu primo “maior”.
O mel do Parque Iguassu, como é chamada a marca coletiva do produto, é produzido de maneira artesanal há mais de 60 anos na região. Seu diferencial é o sabor, muito doce e diferente de qualquer mel que você já experimentou na vida.
Essa doçura se explica pela proximidade com o parque nacional do Iguaçu, que fica apenas a um rio Iguaçu de distância dos produtores da cidade. A vasta fauna e flora do parque é um prato cheio para as abelhas, que retribuem a natureza preservada com um mel carregado de diversas floradas de diferentes árvores do parque.
Há inclusive pesquisas sendo realizadas em parceria com faculdades da região para comprovar que o mel do Parque Iguassu é de fato único, quimicamente falando! As pesquisas estão avançadas e, apesar de termos que esperar mais um pouquinho para ter a certeza no âmbito acadêmico, uma coisa é certa: em sabor, é realmente algo especial e único. Vale a pena conhecer.
Continuando nossa viagem, cheguei à cidade de Chopinzinho, no sudoeste do estado. Lá dezenas de produtores de queijo artesanal uniram suas forças há alguns anos para formalizar suas produções – e esta união fez toda a diferença.
Para quem não tem familiaridade com o assunto, um breve resumo: os queijos artesanais no Brasil não têm uma lei própria, eles são regidos pela mesma lei da produção industrial. Isto acarreta em limitações aos produtores, que não conseguem se certificar e ter o aval do poder púbico para produzir queijo de maneira artesanal (a lei é da década de 1960, copiada do modelo americano). Por isso, queijo artesanal no Brasil ainda é considerado “irregular”, produzido “escondido” e de maneira até “contra tudo e contra todos”. É uma pena, mas é uma realidade.
Porém, existem vários bons produtores de queijo no país, e também no nosso estado, que merecem poder vender seus belíssimos produtos. Exemplos são os produtores de Chopinzinho. Graças à qualidade de seus produtos e garantia de segurança alimentar, o estado do Paraná certificou os produtores dos “Queijos do Sudoeste”, possibilitando que eles vendam seus produtos dentro do nosso estado.
Ainda não é a certificação federal, pro Brasil todo, mas é um baita avanço pra cadeia do queijo artesanal, e ainda mais um reconhecimento do trabalho perfeito realizado por lá. Recomendo muito que você experimente o queijo meia cura deles, que levou o segundo lugar no campeonato mundial do queijo realizado no Brasil em 2019 – é um deleite para o paladar.
Por fim, nossa última cidade foi Virmond, bem próxima a Chopinzinho, também no sudoeste. Neste dia, eu conheci produtos que realmente mudaram minha percepção sobre um animal que temos um certo preconceito: o BODE! Em Virmond, existe uma associação de produtores de caprinos e ovinos. Bom, primeiro um teste: você sabe quem é a esposa do bode?! E o marido da ovelha?! E, afinal, come-se bode mesmo?!
Vamos por partes: caprinos são a cabra e o bode (fêmea e macho), e ovinos são a ovelha e o carneiro (fêmea e macho também). E seus filhotes são o cabrito e cordeiro, respectivamente. Acontece que o que nós comemos com frequência aqui no Sul é o cordeiro, o ovino entre quatro e seis meses que possui uma carne macia e saborosa. Mais comum no Nordeste é o consumo de cabrito, o filhote caprino também entre quatro e seis meses, também com carne macia e saboros.
Essa é a principal informação que aprendi e desejo compartilhar com vocês sobre estes produtos: os animais são tratados da maneira correta, criados no pasto com alimentação adequada, e suas carnes são consideradas de altíssima qualidade no mercado brasileiro. Chega de preconceito com bodes, cabras e até ovelhas.
Aqui nós produzimos com consciência, sem escala industrial e, principalmente, com qualidade e respeito. Aconselho também você experimentar estes cortes de Virmond no seu próximo churrasco. Você vai se surpreender com uma carne muito saborosa.
Foram três dias de muito conhecimento, descobertas e valorização do que é nosso. E eu digo com tranquilidade: nós estamos no caminho certo. É uma alegria ver produtores apaixonados pelo que fazem, contando suas histórias e entregando produtos que representam uma comunidade inteira com alto padrão de qualidade.
Acompanhem em minhas redes sociais mais detalhes em vídeo que irei postar em breve. SE tiver interesse em conhecer mais sobre produtos locais, é só buscar a série “Origens do meu Paraná” nas minhas redes também.
E você?! Qual foi o último produto paranaense que consumiu?
Topa ter contato com maior frequência com eles junto comigo?!