Qingdao
China, além dos espetinhos
Na China, no novo currículo escolar, a garotada vai aprender a cozinhar
Acredito na educação como base, estrutura e formação do ser humano. Sou entusiasta pela arte de ensinar tanto quanto sou entusiasta pela arte, persistência, disciplina e continuidade do aprender! E acredito que esses sentimentos precisam ser despertados desde cedo por meio das matérias e tarefas presentes no currículo escolar tradicional como por matérias que atendam as necessidades do mundo atual. Mundo esse repleto de novos e intensos desafios socioeconômicos e emocionais.
Vejo jovens diariamente que sofrem por não saberem gerenciar seus gastos. Jovens que não sabem vender suas ideias, não conseguem negociar ou mesmo interpretar o básico, um bom diálogo. A inclusão de tarefas lúdicas e atrativas no currículo escolar simulando a vida real poderiam dar cor a esse desafio. Poderiam ajudar!
Aqui na China o currículo, a carga horária e principalmente as aulas extras contam com um ritmo um pouquinho diferente do Brasil. Um ritmo acelerado. Um ritmo que em seu extremo não me agrada, mas quando em equilíbrio me desperta a pensar no impacto positivo que promove ao jovem cidadão. Sinto que eles chegam a adolescência um pouco mais preparados para defenderem seus sonhos e ideias, a se virarem.
Nestas últimas semanas as novidades sobre as mudanças no currículo escolar obrigatório surpreendeu a todos. Levou muitas famílias as redes sociais para aplaudirem, outros para questionarem o real impacto da inclusão das novas matérias práticas na rotina dos alunos.
A partir de próximo semestre escolar de 2022, os alunos contarão com a média de uma hora por semana dedicada a um novo plano de aulas práticas, entre elas culinária e nutrição.
No programa de aulas obrigatórias os alunos da 5ª e 6ª série do ensino fundamental aprenderão 2 a 3 pratos do cotidiano desde o cultivo, seleção e lavagem dos ingredientes ao cozinhar e preparar os pratos usando métodos simples. Pratos frios, ovos fritos, ovos mexidos, sopas, cozimento de vegetais e pão cozido no vapor foram alguns exemplos citados pela imprensa. As aulas terão como finalidade também assegurar que os alunos se tornem capazes de criar receitas de acordo com a região e as necessidades da família e entenderão a relação entre os diferentes métodos de preparo e seus nutrientes.
Uso de eletrodomésticos e a limpeza do ambiente também estão na lista de aprendizado. Que bom!
O módulo de aprendizado nomeado trabalho da vida cotidiana inclui quatro grupos de tarefas em sua grade curricular: limpeza, organização, culinária e uso de eletrodomésticos. Outras duas modalidades se unem a grade da vida cotidiana: trabalho produtivo e bem-estar púbico & serviço voluntário. Ao todo serão 10 grupos de tarefas, cada uma composta por vários itens.
As escolas no decorrer desse semestre deverão definir os diferentes níveis de trabalho que serão praticados em sala de aula por região, prioridades e realidades locais para assim compartilharem com os pais. A escola, como desafio, deverá aumentar a consciência dos pais sobre desenvolver a responsabilidade dos filhos em relação aos alimentos como também a continuidade da participação dos alunos nas atividades do lar.
É, literalmente a galerinha precisará colocar a mão na massa, ou melhor, na terra, no preparo do bom prato e no lavar das louças. Acredito que indiretamente muitos outros assuntos relevantes terão um espaço nobre no decorrer dessas aulas, um deles com certeza será o amor e a história e os pratos tradicionais de suas famílias. O amor, o respeito, a atenção ao escolher uma semente, ao plantar, ao cuidar, ao cozinhar para as outras pessoas. Lições verdadeiras e imprescindíveis para a vida real.
E você o que acha? A criançada no seu entorno está apta a pensar, a agir e contribuir com os afazeres da cozinha além do ato gostoso de cozinhar?
Hum! Vou te deixar pensando um pouquinho, mas só um pouquinho, daqui a pouco a gente volta para mais uma nova prosa, um novo passeio. Daqui a pouquinho! Até mais...
Fonte: China Daily CCTV - Zou Shuo