Qingdao
China, além dos espetinhos
Comidas e sons da sorte são os protagonistas do cardápio da ceia do Ano Novo Chinês
No cenário que a vida nos inseriu, comemorarmos dois Anos Novos em um mesmo ano, não deixa de ser uma deliciosa oportunidade. E como curiosos, para aproveitarmos tudo de bom dessa festividade, toda boa energia, todos os anos recapitulamos a história, a lista do que fazer, e o que evitar, não só na ceia, na virada do ano, dia 31 de janeiro, mas por todos os 15 dias do Ano Novo Lunar.
O vermelho, o dourado dão cor ao Festival. As cidades decoradas com lanternas, grandes arranjos de flores coloridas, faixas com os mais sinceros votos de felicidade e prosperidade somam suas intenções às prateleiras dos supermercados, às promoções dos shoppings, às lindas caixas de presentes. Sim, uma das maiores festas na China remete, parcialmente, as nossas festas de final de ano. O Ano Novo Chinês, se destaca por ser considerado como sendo a maior movimentação migratória do planeta. Fato! Pois as famílias se reencontram, se unem ao redor da mesa para comemorar!
E as comemorações, vão além dos ingredientes e das “comidas da sorte”, contam com um roteiro, com homenagens, com a tradição e a cultura de um povo, que se orgulha em compartilhar os elementos da sorte. Os preparativos começam com uma boa limpeza da casa para levar o mal para bem longe. Lindos enfeites e a forte energia das belas frases utilizadas na decoração da entrada e de todos os cantos importantes são os elementos que contribuem para atrair o bem. O vermelho, prima não só na decoração, mas também nas vestimentas da noite, no momento da virada.
Para a ceia, durante o festival, tudo tem sentido, tudo tem significado. Portas e janelas abertas e as luzes acesas anunciam que tudo está pronto para a chegada do novo ano. De entrada 6 ou 8 petiscos são oferecidos para degustação ou como presentes. Entre eles, frutas desidratadas, nozes, castanhas, avelãs, laranjas, romã, servidos em pratos redondos, convidam a paz e harmonia entrar. Tangerinas, laranjas, toranjas, kinkan, decoram a mesa, e por todo festival simbolizam plenitude e riqueza, sucesso e boa sorte. Não podem faltar!
A pronúncia dos pratos rege o cardápio principal da ceia. Ao pronunciarmos peixe, desejamos abundância de alimentos e riqueza para o próximo ano. O peixe é servido inteiro desejando que a família se mantenha forte e unida nos desafios, as escamas e abundância de ovas, fortuna. O peixe é geralmente cozido no vapor, servido com molho de soja ou agridoce. No sul da China, algumas famílias comem a parte do meio do peixe na véspera do Ano Novo, deixando a cabeça e a calda para o dia seguinte, expressando esperança de que o ano comece e termine com sobras.
O macarrão, mais longo que o macarrão normal, traz longevidade aos convidados ao redor da mesa, um prato pra lá de especial, imprescindível. E claro, quanto mais longo melhor. Não vale rompê-lo, não vale cortá-lo! Como acompanhamento a longevidade atraída pelo macarrão, ingredientes são escolhidos conforme seus desejos: ovos, família saudável, lagosta, dinheiro entrando, camarão, riqueza, pato, lealdade, tofu, felicidade e fortuna.
Jiaozi, também nosso velho conhecido, reina na ceia por ser um alimento clássico de boa sorte, um prato tradicional para a véspera de Ano Novo pelo seu significado: “mudança de ano”. Reza a lenda que quanto mais trouxinhas, mais dinheiro você irá ganhar no ano que se inicia. Muitas famílias, no decorrer do preparo, como ingrediente surpresa, enriquecem o recheio com pequenas moedas, levando aos que as encontrá-las ainda mais sorte para o próximo ano. Os Wontons, também presente, simbolizam o desejo de um bom começo.
Importante todas as comidas têm que ser preparadas antes do Ano Novo, para que não se use nenhum objeto cortante no decorrer da noite, evitando que a boa sorte seja cortada.
O primeiro dia do ano é dia de homenagear os deuses do céu e da terra, não sendo auspicioso comer ou matar animais. O cardápio, nomeado Deleite de Buda, se concentra em refogados de vegetais, que na tradição são considerados purificadores. Como sobremesa e oferecido por todo festival, um gostoso bolo, com consistência parecida com a de uma goiabada ou uma geleia mais firme, feito de farinha de arroz, açúcar, castanhas, tâmaras, tem em seu sabor o símbolo de uma vida rica e doce.
O tão conhecido rolinho primavera não poderia faltar. No decorrer do festival, quando consumidos, simbolizam riqueza e fortuna por se assemelharem a barrinhas de ouro.
E na chegada ao 15º dia do festival, dia que se comemora o Festival das Lanternas, último dia dos festejos, bolinhas doces de arroz são servidas. Recheadas com pasta de feijão, amendoim, frutas ou nozes simbolizam harmonia e a união familiar.
E você deve estar perguntando, ouvimos falar tanto de pé de galinhas como uma importante iguaria e nadinha deles neste roteiro, no cardápio? Os pezinhos de galinha, como a cabeça, trazem prosperidade, assim como o peixe, seguem pra ceia, inteirinha para mesa.
Neste período, o país conta os dias, faz planos, confia como nós, que melhores dias virão! Que um Novo Ano há de brilhar e nos trazer mais alegrias, saúde, felicidades! Momento de confiar! Então, porque não anotar tudo direitinho e daí, nos acompanhar, entrar nessa corrente do bem e juntos, renovarmos nossas esperança por dias melhores. Vem, vem com a gente vem! E se desejar conhecer mais detalhes sobre cada dia do festival, cada ato de celebração é só perguntar!
Xin nian kuai le – Feliz Ano Novo!
Fontes: Embaixada da China no Brasil, Mélanie Moreira msn.com, China na Minha Vida