Fernanda Massarotto
Jornalista, paulistana. Não sei cozinhar, mas adoro comer. Moro há 15 anos em Milão, no norte da Itália. Pedalo pelas ruas com minha bicicleta vermelha em busca de novidades da cidade, especialmente as gastronômicas.
À milanesa
Cidade italiana nomeia rua em homenagem aos vegetarianos
Até o momento, nenhuma outra cidade italiana reivindicou a existência de uma rua dedicada aos seguidores do já famoso regime alimentar baseado no consumo de alimentos de origem vegetal.. E assim sendo, Gorizia pode ser considerada a primeira e muito provavelmente única a homenagear os amantes do vegetarianismo. A rua dos vegetarianos, que completa dez anos, em 2011 substitui uma parte da conhecida rua Montesanto, que fica a poucos metros da fronteira com a Eslovênia, país vizinho. A ideia nasceu quando alguns vereadores decidiram nomear o logradouro em homenagem à sede da Biolab. "Quando nossos clientes e fornecedores controlam o endereço, muitas vezes pensam que é uma brincadeira", conta em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, o proprietário Massimo Santinelli que fundou a empresa, em 1991, com o objetivo de impulsionar o consumo de produtos alimentares vegetarianos e veganos biológicos.
O projeto do italiano causou surpresa aos amigos e investidores na época. Afinal, o assunto não era de grande interesse no país. Hoje, a situação é bem diversa. Segundo dados do instituto de pesquisa Eurispes, no ano passado, 6,7% dos italianos se declaravam vegetarianos, enquanto 8,9% veganos.
Em 2010, Massimo Santinelli resolveu promover um festival vegetariano em Gorizia. "Pensei que ninguém viesse… acabamos recebendo mais de 5 mil pessoas e o evento até hoje é um sucesso", conta o empresário que dias depois recebeu um telefonema de um vereador com a proposta de "renomear" a rua da sede da Biolab aos seguidores da dieta vegetariana. Após seis meses, a Rua dos Vegetarianos foi "inaugurada".
A decisão criou um certo ciúmes nos vizinhos, principalmente alguns pequenos laboratórios artesanais, que não viram com bons olhos a burocracia na hora de mudar os documentos. Mas, após dez anos, acabaram se acostumando e acham até que o nome da rua é um chamativo. Para Massimo Santinelli, é uma honra e um modo de mostrar ao mundo a importância da produção e distribuição de produtos alimentícios de origem vegetal certificados. E até mesmo de atrair adeptos.