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Da casa da vó para o Instagram: o retrô virou estrela da cozinha moderna
A nostalgia seguiu em alta em 2025. Aquele prato âmbar da Duralex, que certamente você já viu na casa da sua avó, virou objeto de desejo nas cozinhas mais descoladas. O copo americano, aquele do café da padaria e da cervejinha de boteco, também ganhou espaço nas celebrações estilosas. Pois é, o retrô voltou com força total, recheado de afeto, estilo e um gostinho de “comfort food”. Trouxe pratos e copos para as redes sociais e aos sites de vendas - diga-se de passagem, com preços inimagináveis.
Misturando memórias com modernidade - uma panela de ferro fundido lado a lado com uma geladeira Smeg colorida ou copos de boteco sobre sousplats elegantes - a nostalgia ganhou um espaço pra lá de cool na tendência de desacelerar e resgatar rituais. Você deve ter visto crescer também a procura por moedor manual de café ou aquela forma de bolo com um furo no meio, para preparar a receita “de família”. Para completar o estilo, tem as louças florais, as toalhinhas de crochê, as tigelas de ágata e o filtro de barro como estrela da cozinha.
Por trás do estilo, existe um desejo coletivo: tornar a cozinha de novo um lugar de histórias, pausas e encontros, mesmo que para servir comida de delivery sobre um jogo americano retrô. E um formato híbrido e muito atual: que combina memória com tecnologia e filtros de Instagram.
Muitas marcas, claro, perceberam o movimento e transformaram a tendência em coleções de produtos. Mas é no garimpo dos brechós e nos sites de venda de usados que ela se manifesta em números bem objetivos. De repente, a louça que servia arroz e feijão na casa da avó e custava R$ 3 ou R$ 4, virou peça de colecionador. Quer um Duralex? Um kit com quatro pratos é vendido nesses sites de revenda por mais de R$ 400. Quem quiser um jogo completo, com 18 peças, vai precisar desembolsar R$ 3,5 mil.
O que antes era “coisa antiga” agora é cool, e a própria escalada de preços revela o valor simbólico atribuído a esses objetos.
Com cara de Brasil, Duralex nasceu na França em 1945
Muito antes dessa tendência retrô, a Duralex conquistou os lares brasileiros a partir da segunda metade do século 20. E o mais curioso é que um dos motivos da popularidade foi justamente o preço acessível, combinado à durabilidade (seu vidro temperado pode ser até 2,5 vezes mais resistente do que o comum).
Embora tenha cara de brasileira, a marca nasceu na França em 1945. E viveu anos de glória lá e por aqui também. Em 2020, a pandemia agravou o cenário já de dificuldades da empresa. O isolamento global, o fechamento temporário de lojas e restaurantes e a queda das exportações interromperam pedidos em massa, criando um rombo nas contas da empresa. Em 2024, a marca entrou em processo de recuperação judicial no Brasil.
No Brasil, a operação ficou sob controle da Nadir Figueiredo em 2011, mas a linha âmbar foi descontinuada no ano seguinte. Pelo que se sabe, a empresa não pretende retomar a produção. A história do copo americano também passa pela Nadir Figueiredo. Ele foi criado pela empresa em 1947, produzido em uma máquina importada dos Estados Unidos - daí a origem do nome.
