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Com alta do café, cafeterias precisaram enxugar custos e investir em novas experiências em 2025

Redação
10/12/2025 19:49
Não tem brasileiro que não tenha sido impactado por ele: o preço do café. Presença garantida na mesa dos brasileiros, o café acumulou alta de 36% de janeiro a novembro de 2025. Somando isso aos reajustes de 2024, a saca do café ficou cerca de 75% mais cara que em 2023. O impacto, claro, foi direto na gôndola do supermercado. Nas cafeterias, a cada nova alta, os empresários ajustam margens e reduzem custos operacionais para não assustar o consumidor final. Em paralelo, investem em novas experiências ao redor da xícara. 
Caso de Rodrigo Ros, um dos idealizadores do Cor Café, em Curitiba. “Fizemos um trabalho para tornar a operação ainda mais eficiente, mas também quadruplicamos o nosso investimento em marketing, aumentamos a equipe e adotamos novas ferramentas para fortalecer a nossa marca”, conta. 
Entre as inovações do ano, a cafeteria criou uma assinatura mensal de produtos, o Clube+Café, eventos gratuitos de degustação e workshops sobre o tema, com o valor revertido em consumo na casa. “O curitibano gosta e não vai deixar de tomar café. Mas também quer ter uma boa experiência, com qualidade e conforto. O que mais importa é o que está ao redor da xícara”, comenta Ros.
O aumento do preço do café no supermercado fez com que o consumidor chegasse nas cafeterias mais “sensibilizado” para a variação no preço na visão do diretor operacional da Mais 1 Café, Vinicius Delatorre. A rede tem hoje mais de 250 lojas e também fez ajustes internos para não repassar o aumento na totalidade. “Revisamos a nossa operação para ajustar os custos e não impactar tanto a margem. Uma das estratégias, por exemplo, foi substituir os copos descartáveis por xícaras de porcelana para quem consome o produto na loja.”
A rede também apostou em melhorar a experiência dos clientes e trazer novidades nos produtos, incluindo lançamentos associados a outras marcas, como Ovomaltine e Vigor. “Outra frente que abrimos foi apostar em bebidas alternativas, como o matchá, que está muito em alta, e o chocolate cremoso.”
O proprietário do Royalty Quality Coffee, Daniel Munare, conta que o impacto nos cafés especiais foi um pouco menor. Ainda assim, precisou ajustar a “engrenagem” para não subir o preço de forma tão abrupta para os clientes.  “Com uma engrenagem mais leve, diminuindo custos e com margem menor, eu consegui segurar o aumento”, conta. Além da cafeteria, a marca tem uma torrefação própria, focada em cafés especiais garimpados de várias regiões do país.

Preço do café impactou consumo do dia a dia

Embora os empresários não tenham sentido diretamente o impacto no nível de consumo, um estudo recente do Instituto Axxus mostra que 24% dos brasileiros reduziram o consumo e 39% passaram a escolher as marcas mais baratas no supermercado. O levantamento, realizado em setembro deste ano, foi feito a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), ouviu 4.200 pessoas.
A principal causa do aumento do preço do grão foi a quebra da safra. Com secas prolongadas e ondas de calor, a produção no Brasil caiu drasticamente, assim como em países asiáticos como Vietnã e Indonésia. A oferta em queda e a demanda global em alta elevaram os preços.
Para deixar a coisa um tantinho mais amarga, o cenário geopolítico também entra nessa receita. Como ingredientes principais tivemos política tarifária do governo de Donald Trump e as guerras no Oriente Médio, que encarecem a logística do grão exportado e impactam a cadeia como um todo.