Bom Gourmet
Oito pratos perfeitos para “ogros veganos”
Engana-se quem espera que um evento vegetariano tenha apenas comida saudável e em porções moderadas. O primeiro Festival Ogros Veganos foi realizado em Curitiba na tarde de sábado, 27, nos fundos do primeiro “açougue vegano” do país, o Armazém VegAninha, e provou que prato vegetariano não é “comida de passarinho”.

Andrey Sanson, sócio-proprietário do Armazém VegAninha, é um dos principais organizadores de eventos de comida vegetariana de Curitiba. Para ele, as maiores dificuldades são conseguir receitas em português para fazer “simulacro” de comida e alguns ingredientes, como o sal negro do Himalaia (que confere o aroma de ovo para o tofu), são caros. “Mas a alimentação vegetariana não é só isso”, alerta. Apesar de muitos vegetarianos gostarem da comida que parece que leva carne, estes preparos geralmente fazem parte de uma dieta de adaptação para o vegetarianismo ou para matar saudade de algum prato que gostavam muito. Os doces são os principais, pois a confeitaria tradicional é quase toda à base de ovos e manteiga. Para o festival, a Bolo de Café com Bolo levou sobremesas variadas, mas tiveram que desmontar o estande às 15 horas: todas as doçuras haviam sido vendidas.
Muitas vezes considerados “naturebas” por retirarem do cardápio todos os ingredientes de origem animal como carnes, laticínios e ovos, há veganos que gostam de junk food e não dispensam uma porção generosa de indulgência.
No cardápio das oito marcas presentes, muita fritura e “imitações” de pratos com carne, como bacon, hambúrguer, frango e até ovo frito. “Eu nem como alface. Se todo vegetariano só comesse comida saudável, eu seria um faquir”, riu Leal Neto, vegetariano desde 2009. Sua marca, a Kits Gourmet Veg, estava presente com acarajé e vatapá.
Neto explicou ao Bom Gourmet como a ideia do evento surgiu: depois daquela série de reportagens de coxinhas gigantes pelo Brasil. A ideia foi sendo amadurecida pelo grupo de empresários do setor e o evento foi organizado horizontalmente. “Estávamos brincando que ninguém havia feito uma coxinha gigante vegetariana e eu, que me intitulo um ogro, queria um festival para comer várias coisas exageradas”, contou.
“Ogros Veganos” é o nome de um grupo fechado no Facebook onde vários internautas se reúnem para compartilhar fotos de seus pratos exagerados. O Festival Ogros Veganos será itinerante e organizado pela comunidade vegetariana local de outras cidades, mas ainda não há datas confirmadas.
Veja algumas das opções que foram devoradas pelos “ogros veganos”:
Pizzaburguer (Faz pra fora)

Nada mais ogro que juntar dois preparos em um. Estela Prado e Renan Sândalo, do Faz pra Fora, fizeram uma minipizza cuja massa empana um hambúrguer de proteína de soja com feijão fradinho. No lugar do queijo, um creme de batatas e por cima, uma rodela de tomate. A dupla faz comida sob encomenda para cafés e lanchonetes, como salgados, bolos e tortas. No Armazém VegAninha, venderam cheesecake feito com tofu no lugar do cream cheese e para encomendar o pizzaburguer o pedido mínimo é de dez unidades (R$ 50). Outra opção de recheio é com batata e brócolis. Encomendas: (41) 9133-3792.
Batata recheada (Hangry Grrrls)

Giulie Amaral e Clari Penha mudaram-se de Matinhos para Curitiba no início do ano, depois de dois anos no litoral paranaense. A dupla faz sob encomenda creme de castanha tipo “muçarela” e “cheddar” e também versões de glúten com fumaça líquida e temperos para substituir bacon e rosbife. Para o festival, elas prepararam batata recheada com creme de castanha, cenoura, ervas, especiarias e extrato de tomate e glúten defumado fazendo as vezes de bacon. O creme de castanha e as “carnes vegetais” são encontradas no Armazém Veganinha por R$ 9 (200 gramas de creme) e R$ 7 (100 gramas do bacon e rosbife). Encomendas: (41) 9227-4107.
Acarajé com vatapá (Kits Gourmet Veg)

O prato baiano é quase igual ao convencional: o bolinho de feijão fradinho é frito no azeite de dendê e o vatapá leva leite de coco, coentro fresco (pouco, para agradar o paladar do Sul), cebola e tomate. A diferença é que não entra o camarão seco ao triturar os temperos. Leal Neto, que criou a marca em 2014, vende o kit para o preparo do bolinho por R$ 16 (rende cerca de 30 acarajés). O valor da entrega depende do bairro. Os kits também estão à venda na Veg Veg Empório Vegetariano e Natural Café. Encomendas pela página do Facebook.
Hulopti (Slaviet)

Ederson Maksemiv é descendente de ucranianos e há quatro meses prepara pratos típicos de culturas pouco difundidas no meio vegetariano. Uma delas é o hulopti, receita de sua família, feita com trigo mourisco, arroz quebrado e um molho à base de tomate, enrolado na couve-manteiga. “Algumas pessoas costumam colocar carne de porco”, diz Ederson. Para ele, a carne não faz falta na receita. Ele aceita encomendas de vários pratos, como borscht, perohê, banh mi (sanduíche vietnamita que leva jaca verde cozida e desfiada) e som tam (salada de papaya verde com algas do sudeste da Ásia). O pedido mínimo é de dez a quinze unidades, dependendo do prato, e as encomendas partem de R$ 40. Informações: (41) 9670-2152.
Coxinha e churros (Zanquetta Alimentos Congelados)

Depois de 13 anos na área de alimentação, o empresário Cleverson Zanquetta mirou uma fatia do mercado que não estava sendo bem atendida em 2014: os veganos. Ele resolveu passar um mês em uma dieta vegetariana sem carnes, laticínios e ovos para entender mais da cozinha e gostou. No início, lançou uma linha de refeições congeladas vegetarianas pela sua empresa, a Zanquetta Alimentos Congelados, e, desde então, dobrou o tamanho de sua fábrica: passou de 75 metros quadrados para um espaço de 150 metros quadrados em um ano.

Modificou toda a sua produção para atender apenas este nicho e hoje trabalha com salgados assados e fritos, vendidos tanto para food service quanto para o cliente final, em pacotes de 360 g ou de um quilo. Seus produtos encontram-se em dezenas de lojas pelo país. Os principais produtos são a coxinha (em formato grande ou para coquetel), com jaca verde cozida e desfiada, e o minichurro, recheado de doce de leite feito de leite de coco. O cento sai por R$ 50 para as minicoxinhas e R$ 60 para os minichurros. Informações: (41) 3156-2022.
Sanduíche “O-grão” (Fejón)

Para fazer jus ao nome do evento, a Fejón Cozinha Vegana levou várias combinações para seus sanduíches, mas o mais emblemático foi o O-Grão, montado com hambúrguer de lentilha, linguiça de glúten, batata palha, barbecue caseiro (com suco de laranja, shoyu, mostarda e polpa de tomate), creme de castanha de caju com pimentões e cebola roxa. A adaptação da receita de barbecue exclui o molho inglês ou molho de peixe, usado por algumas marcas para realçar o sabor do molho. Informações: (41) 8736-4931.
X-Egg Veg Bacon (Armazém VegAninha)

Emprestando os fundos do empório para o evento, o Armazém VegAninha é a única marca com um ponto fixo e que não trabalha sob encomenda desde junho, quando inauguraram o local. Nas prateleiras, produtos que vão desde temperos a pastas de castanhas e o balcão refrigerado tem tofu fresco, defumado e “queijos” à base de mandioca e de castanhas para vender a granel. A especialidade da casa são os “embutidos vegetais”, imitações da proteína animal feitas com glúten, soja ou milho.
O local abre de quarta a domingo a partir das 11h e serve sanduíches a partir de R$ 8 com opções de hambúrgueres de ervilha (sem glúten e sem soja), de beterraba com proteína de soja (sem glúten) e de glúten com soja e cheiro-verde.
Para o Festival Ogros Veganos, preparam um sanduíche exclusivo: o X-Egg Veg Bacon, que leva tofu defumado no lugar do ovo frito. O sabor característico do ovo fica por conta do sal negro do Himalaia, com forte odor de enxofre. O hambúrguer de proteína de soja com tomate seco e bacon de glúten. Completam o sanduíche molho agridoce e alface.
Serviço: Armazém VegAninha. Rua Eugênio Flor, 468, Abranches. Abre de quarta a sábados das 11 às 20h e aos domingos das 11 às 18h – (41) 9860-8231.