Dizem que fazia frio em Curitiba, mas ali dentro da Mansão Jardino, o fogo estava aceso — literalmente. Em uma noite na qual criatividade, ousadia e sabor se cruzaram como facas afiadas, três chefs promissores se enfrentaram numa disputa emocionante do The Next Chef, o reality que vai revelar a nova estrela da gastronomia paranaense.

O desafio da vez? Servir o inesperado. O tema do jantar era "Fora de Ordem", uma provocação direta à lógica tradicional da cozinha — e, claro, uma referência a Caetano Veloso. Com ingredientes secretos, pratos autorais e uma plateia faminta de experiências, a missão era simples apenas no enunciado: surpreender o paladar e conquistar o voto. E mais do que provar sabores, o público viveu uma noite em que foi desafiado a se tornar júri, a escolher o melhor prato sem saber quem o preparou. Era gastronomia em estado bruto, performática e intensa, daquelas que só se experimenta uma vez.

E foi Bruno Engel quem levantou a taça simbólica da noite. O sous chef — que ainda não comanda um restaurante, mas já cozinha como um campeão — apresentou um prato ousado: costelinha de porco com milho na brasa, acelga, funcho, falso torresmo crocante e um glace de sabugo com pimentas asiáticas. Ah, e manga — com casca, claro. Porque o desafio era usar mel e manga de forma integral. E Bruno não só cumpriu a missão como encantou jurados e público com um prato laborioso, ousado e, acima de tudo, saboroso.

"Sou competitivo, mas o The Next é um estilo de competição diferente. E a sensação é diferente também. É boa demais. Não é só sobre vencer, é sobre mostrar competência. Agora é ver o que o futuro reserva na final", comemora.

Bruno também fez questão de destacar quem está ao lado e por trás do fogão. “Hoje eu sou sous chef, não comando um restaurante. Mas conto com uma equipe incrível comigo. O Luís [Sehnem], que me ajudou aqui, é prova disso. O programa mostra o que muitas vezes o público não vê: que há gente muito talentosa dando o sangue nos bastidores da cozinha. E o The Next dá luz a isso”, conta ele que está com o olhar já mirando a final.

Mas como em toda grande disputa, a vitória não veio sem suor. E nem sem tropeços. Quem abriu a cozinha foi Well Ferreira - e o adversário mais cruel que enfrentou naquela noite foi o forno. Seu petit gâteau salgado, que tinha camarão, cúrcuma e uma delicada tuile de repolho, não ficou pronto a tempo. A plateia aguardava na sala, e na cozinha o tempo derretia como manteiga quente.

A tuile, aliás, já tinha sido motivo de tensão desde cedo: após horas de preparo no sábado (10), ela se perdeu na manhã da segunda-feira, obrigando Well a refazer tudo poucas horas antes do serviço.

Ainda assim, nada tirou o brilho de sua entrega. "É um jogo, com ganhadores e perdedores, mas ganhar nem sempre é sinônimo de vitória. Eu ganhei aprendizado. Participei de uma experiência única, conheci gente incrível, cozinheiros excepcionais aqui de Curitiba. O The Next é isso: dar visibilidade pra quem vive no calor da cozinha, muitas vezes longe dos holofotes", disse, com maturidade de veterano.

Na sequência, foi a vez de Feliciano Corrêa surpreender os presentes com sua versão inusitada de uma cassata. Ao invés de siciliana, a de Feliciano era napolitana, de salmão e servida em um prato… de ponta-cabeça. Em vez de bolo de ricota doce, a receita tinha batata boulangère como base, mousse de salmão, espinafre, berinjela salteada e lascas de salmão com endro. A berinjela e a canela foram os ingredientes do desafio da sua criação.

O prato chamou atenção pela apresentação, agradou o público e mostrou a versatilidade de um chef que, mesmo fora da zona de conforto, cozinhou com entusiasmo, inclusive ajudando os demais participantes. Feliciano colaborou com os colegas na cozinha, mostrou espírito de equipe e, mesmo sem levar a vitória da noite, saiu grande.

"Ter um concurso como esse na conta, mesmo sem vencer, conta muito. O The Next tira a gente da rotina. Te leva a pensar diferente, a conhecer novas pessoas, novas formas de cozinhar. Saio mais experiente, e com o sentimento de que fiz o meu melhor", avaliou.

"Os outros pratos estavam ótimos, mas o Bruno venceu no sabor e na apresentação. Ele agradou o paladar da maioria, e isso é jogar o jogo. É estudar e, de alguma forma, acertar na estratégia", avaliou o chef Guilherme Guzela, apresentador oficial do The Next.

Para Guzela, o reality acerta por colocar chefs em situações únicas. “Cada noite é singular. Aqui não tem mais do mesmo. Quem vem viver a experiência do The Next entra sem saber o que vai comer. É o dia do inusitado, da inventividade. O público também se coloca à prova. E o mais bonito: os chefs, muitas vezes pela primeira vez, estão apresentando pratos 100% autorais para um público crítico. Isso tira qualquer um da zona de conforto”, revela.

Ele também faz um convite para quem ainda não foi: “A experiência é o principal. Quem vem, vem porque ama gastronomia. E vive, ali, uma das melhores experiências gastronômicas da vida. É uma aposta ousada — e maravilhosa”.

Depois da vitória de Jean Friesman no primeiro jantar e, agora, de Bruno Engel, a final do The Next Chef — marcada para 14 de julho — já tem dois nomes confirmados. Falta apenas mais uma vaga. No dia 9 de junho, a Mansão Jardino volta a ser palco do terceiro e último jantar eliminatório. Será mais uma noite de surpresas, sabores e, de novo, fortes emoções. Porque, no The Next Chef, ninguém cozinha sozinho. Cada competidor entra em campo com o coração batendo forte, a lâmina da criatividade bem afiada e o talento no ponto certo. Mas, no fim, é no prato que a vitória é servida.

O The Next Chef é patrocinado pela Gold Food Service, líder no setor de distribuição de alimentos e serviços no Paraná, e pela Malttan Nutricion.