Tendências
Caldo Bom adere à tendência plant-based e vai nacionalizar linha vegana até 2022
Conhecida por ter uma produção baseada em grãos e cereais, a marca curitibana Caldo Bom aderiu à tendência mundial de elaborar alimentos à base de plantas substitutos à proteína animal e está lançando os primeiros quatro itens de uma linha vegana que pretende se consolidar nas principais redes varejistas do país até a metade do ano que vem.
A implementação dos novos produtos na rotina de produção da empresa exigiu uma reforma estrutural da planta e a compra de novos maquinários, investimentos que, juntos, somaram R$ 650 mil. As mudanças, de acordo com Matheus Stival, head de operações da empresa, foram necessárias pois os processos dos itens veganos são bem diferentes dos demais.
Desenvolvidos e testados pela empresa nos últimos dois anos, os hambúrgueres veganos (sabor carne e frango), o quibe vegano e a almôndega vegana chegaram às gôndolas há dois meses no formato de mistura em pó para ser adicionada em água pelos consumidores.
Como explica o head the operações, a Caldo Bom optou por não aderir ao plant-based através de congelados pois os enxerga como impeditivos para o consumidor, uma vez que exigem uma etapa extra de produção que é o descongelamento do alimento.
“A nossa mistura é muito fácil de ser preparada em casa e oferece um componente extra que é a possibilidade do consumidor adicionar outros temperos de sua preferência durante o preparo. Essa autonomia é algo que identificamos nas nossas pesquisas de mercado”, afirma.
Motivações e expectativas
Há quase 50 anos no mercado, a Caldo Bom, como explica o head de operações, tem a preocupação de acompanhar as inovações e tendências do setor. A tendência plant-based, especificamente, é encarada pela empresa como mais do que uma “moda”, e sim uma vertente que veio para ficar.
“Identificamos entre os nossos consumidores uma parcela considerável de clientes veganos (cerca de 15%), mas uma parcela muito maior (40%) dos que chamamos de flexitarianos, aqueles clientes que não querem eliminar o consumo da proteína animal, mas reduzi-lo drasticamente”, explica Stival.
Dessa forma, ele encara a modalidade plant-based como mais democrática, pois atende um grande número de pessoas, que partilham ideais similares, porém não iguais.
Para os próximos dois anos, a marca pretende aumentar a presença no mercado nacional de alimentos plant-based, concorrendo com gigantes do setor. A expectativa é expandir o alcance da linha vegana, prevendo um incremento de faturamento em 2021 na ordem de R$ 5 milhões, atingindo as principais redes supermercadistas do Brasil, e ampliar a variedade de itens nas gôndolas.
Sabor e composição
Outra demanda do mercado identificada pela Caldo Bom foi desvincular o sabor dos itens veganos da soja. Segundo Stival, a maior insatisfação dos consumidores identificada pelas pesquisas da empresa era com relação ao sabor, considerado impotente e igual em todos os itens à base de soja.
Sendo assim, a marca optou por embasar as receitas em outras proteínas vegetais, como o feijão e a lentilha, e por adicionar componentes que remetessem ao sabor e textura das proteínas animais.
“Queríamos provocar a sensação de estar comendo carne, sem agredir os ideais motivadores do veganismo. Além disso, queríamos eliminar a ideia que muitas pessoas ainda têm, baseadas nos produtos veganos de antigamente, de que o plant-based não é gostoso”, conta o empresário.
Com relação à qualidade nutricional, Stival garante que os produtos se assemelham às proteínas animais, apresentando, inclusive, índices inferiores de carboidratos e gorduras.
Mercado
Pesquisa recente da multinacional Ingredion com a consultoria Opinaia aponta que 90% dos brasileiros estão dispostos a ingerir alimentos derivados de plantas e vegetais, taxa mais alta que vizinhos como a Argentina, Chile, Colômbia e Peru.
No nosso país, 37% dos entrevistados se reconhecem como adeptos do vegetarianismo e demais vertentes, como o veganismo, flexitarianismo ou pescetarianismo. Já a preocupação com a saudabilidade foi apontada por mais da metade dos entrevistados (52%), que também levou em consideração o fator sabor (40%) e a sustentabilidade das marcas (73%).