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Tendências e desafios no food service: insights de Boninho, João Branco e outros nomes no iFood Move

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06/08/2025 14:37
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Boninho, ex-diretor do BBB, em painel do iFood Move. Crédito: Divulgação.

Com uma programação extensa e nomes de peso no palco, dentre eles o velocista multicampeão olímpico e mundial Usain Bolt, o diretor de televisão Boninho e o ex-VP de marketing do Méqui, João Branco, o iFood Move 2025 reúne operadores do food service nacional em São Paulo até esta quarta-feira (6) para discutir os caminhos da inovação, da gestão e outros temas importantes para o setor.
Além de tendências, o evento está sendo marcado por provocações sobre comportamento de consumo, estratégias de crescimento e o papel da tecnologia na transformação do mercado.
Logo na abertura, o CEO do iFood, Diego Barreto, anunciou um investimento de R$ 17 bilhões para 2025 — um crescimento de 25% em relação a 2024 — com foco em crédito, inteligência de dados, gestão de salão e canais digitais. Ao longo do evento, especialistas reforçaram que o setor de alimentação fora do lar é protagonista na economia brasileira, mas ainda precisa vencer desafios estruturais para crescer de forma sustentável.

“É preciso empoderar os restaurantes”

Paulo Solmucci, presidente da Abrasel; Ricardo Ubrig, VP comercial do iFood; e o professor e economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcio Holland, em painel sobre impactos econômicos e desafios do setor de bares e restaurantes. Crédito: Divulgação.
Paulo Solmucci, presidente da Abrasel; Ricardo Ubrig, VP comercial do iFood; e o professor e economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcio Holland, em painel sobre impactos econômicos e desafios do setor de bares e restaurantes. Crédito: Divulgação.
Na conversa entre Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, e o economista Marcio Holland (FGV), o debate girou em torno das frentes de produtividade que mais impactam bares e restaurantes: gestão, tributação e acesso ao crédito. Com mediação de Ricardo Ubrig, vice-presidente comercial do iFood, os convidados destacaram a força econômica do setor – com mais de 5 milhões de trabalhadores e 2 milhões de empreendedores – e defenderam soluções estruturais para impulsionar os negócios.
“Os empreendedores precisam de segurança para operar”, afirmou Holland, ao mencionar os altos custos da folha de pagamento e as dificuldades para obter crédito. Já Solmucci pontuou o papel de plataformas como o iFood Pago e iniciativas como o Plano Nacional de Restauração para bares e restaurantes, lançado pela Abrasel em 2024, que articulam esforços privados para apoiar o setor. Ambos defenderam a inovação como caminho para a sustentabilidade dos negócios, com destaque para o uso de tecnologia na qualificação e operação dos restaurantes.

Boninho e a importância de se adaptar às tendências

Diretor de realities icônicos da TV brasileira, como o Big Brother Brasil e o The Voice, Boninho levou ao iFood Move sua experiência sobre criatividade, audiência e reinvenção. Em um bate-papo com Ana Gabriela Lopes, CMO do iFood, ele compartilhou aprendizados de mais de duas décadas à frente de grandes formatos – e reforçou que inovação começa pela escuta.
“A troca com o público é importante, mas é preciso filtrar bastante também”, disse. Segundo ele, entender as mudanças no comportamento das pessoas e saber se adaptar a novos cenários é essencial para se manter relevante. “Acho que não tem volta, o mundo agora é conectado”, afirmou. “Você tem que olhar porque você não é mais o centro do universo – e você tem que deixar que as pessoas controlem esse universo e trabalhar com isso”.
Ao relacionar sua vivência no entretenimento com o universo da alimentação fora do lar, Boninho destacou que o diálogo constante com o cliente tem o poder de revelar tanto os gargalos quanto as oportunidades do negócio. “Para quem gosta e trabalha com comida, o mais importante é pesquisar e olhar para as tendências com muito cuidado”, orientou. Assim como em um reality show, ele reforçou, o segredo está em criar experiências que façam sentido para o público – e estar sempre pronto para evoluir junto com ele.

“O marketing que parece marketing está com os dias contados”

“Quanto mais você olha para o seu concorrente, mais tenta acompanhá-lo, mais parecido com ele você fica, menos diferencial você tem”, diz João Branco em palestra. Crédito: Divulgação.
“Quanto mais você olha para o seu concorrente, mais tenta acompanhá-lo, mais parecido com ele você fica, menos diferencial você tem”, diz João Branco em palestra. Crédito: Divulgação.
João Branco, ex-VP de marketing do Méqui, provocou o público com uma palestra que questiona os velhos modelos de comunicação. Em “Desmarketinze-se”, ele propôs um novo olhar para a relação com os clientes. Em vez de campanhas perfeccionistas e estratégias mirabolantes, a dica é clara: olhar menos para o concorrente e mais para o cliente.
“Quanto mais você olha para o seu concorrente, mais tenta acompanhá-lo, mais parecido com ele você fica, menos diferencial você tem”, disse.
Segundo Branco, o grande desafio não é conquistar a atenção, mas manter a relevância. Em um mercado de consumo veloz e conectado, ele defende autenticidade, coerência e foco nas expectativas reais do consumidor. “O que faz o cliente deixar de gostar do seu negócio é a quebra de expectativa". E reforçou: "Ao invés de olhar para seu concorrente, olhe para o seu cliente”.
Com um discurso direto e acessível, Branco convidou empreendedores a repensarem o marketing como prática diária, presente na operação e na entrega — e não apenas na publicidade. “O marketing que funciona hoje é aquele que respeita o tempo e a inteligência das pessoas”.