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Volta do movimento às ruas mostra que setor de restaurantes pode dar um salto de crescimento no Brasil nos próximos anos.

Bom Gourmet

Empresário aposta na expansão do setor de restaurantes e prevê triplicar empresa até 2023

Guilherme Grandi
05/07/2022 15:08
“O setor de restaurantes ainda vai crescer muito no Brasil, há muito espaço para isso”, diz o empresário Ozeias Teixeira de Oliveira, proprietário da Gold Food Service. Pode ser difícil de acreditar nessa previsão otimista diante do cenário de crise em que vivemos. Mas o autor da frase fala com a autoridade de quem conhece o mercado como a palma da mão.
Ozeias está no ramo de fornecimento de insumos para bares, restaurantes e hotéis há 19 anos, e o que já viu acontecer no setor por meio da sua Gold Food Service embasa a afirmação. E não é apenas da boca para fora. Ele baseia a previsão em números.
Embora o cenário atual não seja dos melhores - com a inflação acumulada nos últimos 12 meses chegando a casa de dois dígitos e muitos empresários endividados -, ele acredita que há espaço para o setor crescer. Um dos motivos é o consumo dos brasileiros nos estabelecimentos de alimentação fora do lar na comparação com os hábitos de europeus e estadunidenses.
Por aqui, são 3 refeições em restaurantes e lanchonetes a cada 10. A média europeia, por sua vez, é de 7 refeições fora do lar a cada 10 e nos Estados Unidos de 5 – este último dominado por redes e empresários que profissionalizaram sua gestão.
“Se olharmos para essa comparação, dá para perceber que temos muito espaço para crescer, para os empresários se desenvolverem e melhorarem a sua gestão. A pandemia veio também para isso, para mostrar o que precisava ser corrigido no meio do caminho”, explica.
E não é para menos. O mercado como um todo perdeu de 3 a 4 operações em cada 10 nos últimos dois anos. Muitas delas já vinham com dificuldade e a crise causada pela pandemia apenas acelerou o encerramento das atividades. Já das que sobreviveram, só o fizeram com a ajuda externa e muita perseverança.

Em pé

Com a "mão na massa" todos os dias, Ozeias ofereceu benefícios aos clientes para ajudar o mercado a se manter em pé durante a pandemia.
Com a "mão na massa" todos os dias, Ozeias ofereceu benefícios aos clientes para ajudar o mercado a se manter em pé durante a pandemia.
Aliás, um destes atos de ajuda foi do próprio Ozeias, que decidiu recorrer ao caderninho e vender fiado para muitos dos seus clientes – metaforicamente falando, é claro. O que ele fez foi estender e alongar prazos de pagamento, suspender juros e multas por atraso e diminuir margens de lucro. Tudo para o setor de restaurantes se segurar em pé mesmo com dificuldades.
“Porque eu também dependo deles, e se não ajudasse, lá na frente não teria para quem vender. Fizemos uma força-tarefa aqui dentro para ver até onde podíamos comprometer o nosso caixa para bancar os nossos fornecedores enquanto não recebíamos dos restaurantes pelos insumos vendidos”, conta.
A isso se somou um olhar rápido sobre o delivery, que passaria a ser a tônica do setor de restaurantes nos meses seguintes. O mix de 3,2 mil produtos vendidos passou a contar também com mais de 400 itens de embalagens.
No depósito da Gold Food Service são 3,2 mil itens disponíveis, com expectativa de crescimento na demanda com a recuperação do setor.
No depósito da Gold Food Service são 3,2 mil itens disponíveis, com expectativa de crescimento na demanda com a recuperação do setor.
“Durante a pandemia, eu passei a funcionar como um banco, dando crédito a eles através de produtos, já que dinheiro em si estava difícil de conseguirem tomar no mercado. Brinco que a minha moeda é arroz e feijão, e isso os ajudou muito a continuarem em pé entregando aos clientes”, explica.
Embora
tenha perdido para a falência um em cada quatro clientes, Ozeias viu o
faturamento da Gold dar um salto de 84% na comparação com antes da pandemia. Só
nos cinco primeiros meses deste ano frente ao mesmo período de 2021, a alta já
é de 96% – o primeiro semestre do ano passado foi marcado por um repique de
contágios.

Presente e futuro

Os produtos vendidos pela marca também estarão disponíveis em uma loja voltada aos empresários, que será aberta até o início do próximo ano.
Os produtos vendidos pela marca também estarão disponíveis em uma loja voltada aos empresários, que será aberta até o início do próximo ano.
Os bons números acumulados neste quase pós-Covid já fazem Ozeias ter novos planos para a Gold Food Service. Somados esses dados ao potencial de crescimento do consumo de alimentação fora do lar que ele projeta a expansão da empresa nos próximos anos.
O projeto é ousado: crescer 100% a cada dois anos em um ciclo de seis anos. Já para o no ano que vem, Ozeias prevê que a Gold será três vezes maior do que era em 2021. Isso independentemente do que venha a ocorrer no cenário eleitoral ou qualquer outra possível crise no caminho.
Para alcançar os números, Ozeias tem nos planos mudanças e novidades. A sede da empresa vai passar para uma área com o triplo do tamanho e terá uma loja em anexo, para receber os empresários como num grande atacado.
A “loja da Gold”começou a ser planejada antes da pandemia, mas precisou entrar em compasso de espera até o mercado se reacomodar. Será um espaço onde os comerciantes poderão conhecer de perto os produtos necessários para suas operações, não só alimentos, mas também acessórios e utensílios que Ozeias pretende passar a vender.
A expectativa é triplicar o tamanho da Gold Food Service com a retomada do mercado.
A expectativa é triplicar o tamanho da Gold Food Service com a retomada do mercado.
“Uma coisa que tenho visto é que os empresários estão priorizando mais as compras com determinados fornecedores que confiam e sabem que não terão problemas de falta de produtos ou de entrega, e este é um dos pontos que beneficiam os negócios da Gold”, conta.
Uma dessas vantagens é a entrega expressa que ele implementou durante a pandemia. Os pedidos feitos até às 11h30 são entregues no mesmo dia. “É algo que não existe no mercado”, comenta.
O empresário também baseia os ambiciosos planos futuros ao enxergar outros nichos dentro do setor que ainda não são atendidos pela Gold. O objetivo é participar de toda a jornada de compras dos estabelecimentos, com o que ele chama de “estratégia de espada”, focando apenas neste setor.

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