Bom Gourmet
Empresário aposta na expansão do setor de restaurantes e prevê triplicar empresa até 2023
“O setor de restaurantes ainda vai crescer muito no Brasil, há muito espaço para isso”, diz o empresário Ozeias Teixeira de Oliveira, proprietário da Gold Food Service. Pode ser difícil de acreditar nessa previsão otimista diante do cenário de crise em que vivemos. Mas o autor da frase fala com a autoridade de quem conhece o mercado como a palma da mão.
Ozeias está no ramo de fornecimento de insumos para bares, restaurantes e hotéis há 19 anos, e o que já viu acontecer no setor por meio da sua Gold Food Service embasa a afirmação. E não é apenas da boca para fora. Ele baseia a previsão em números.
Embora o cenário atual não seja dos melhores - com a inflação acumulada nos últimos 12 meses chegando a casa de dois dígitos e muitos empresários endividados -, ele acredita que há espaço para o setor crescer. Um dos motivos é o consumo dos brasileiros nos estabelecimentos de alimentação fora do lar na comparação com os hábitos de europeus e estadunidenses.
Por aqui, são 3 refeições em restaurantes e lanchonetes a cada 10. A média europeia, por sua vez, é de 7 refeições fora do lar a cada 10 e nos Estados Unidos de 5 – este último dominado por redes e empresários que profissionalizaram sua gestão.
“Se olharmos para essa comparação, dá para perceber que temos muito espaço para crescer, para os empresários se desenvolverem e melhorarem a sua gestão. A pandemia veio também para isso, para mostrar o que precisava ser corrigido no meio do caminho”, explica.
E não é para menos. O mercado como um todo perdeu de 3 a 4 operações em cada 10 nos últimos dois anos. Muitas delas já vinham com dificuldade e a crise causada pela pandemia apenas acelerou o encerramento das atividades. Já das que sobreviveram, só o fizeram com a ajuda externa e muita perseverança.
Em pé

Aliás, um destes atos de ajuda foi do próprio Ozeias, que decidiu recorrer ao caderninho e vender fiado para muitos dos seus clientes – metaforicamente falando, é claro. O que ele fez foi estender e alongar prazos de pagamento, suspender juros e multas por atraso e diminuir margens de lucro. Tudo para o setor de restaurantes se segurar em pé mesmo com dificuldades.
“Porque eu também dependo deles, e se não ajudasse, lá na frente não teria para quem vender. Fizemos uma força-tarefa aqui dentro para ver até onde podíamos comprometer o nosso caixa para bancar os nossos fornecedores enquanto não recebíamos dos restaurantes pelos insumos vendidos”, conta.
A isso se somou um olhar rápido sobre o delivery, que passaria a ser a tônica do setor de restaurantes nos meses seguintes. O mix de 3,2 mil produtos vendidos passou a contar também com mais de 400 itens de embalagens.

“Durante a pandemia, eu passei a funcionar como um banco, dando crédito a eles através de produtos, já que dinheiro em si estava difícil de conseguirem tomar no mercado. Brinco que a minha moeda é arroz e feijão, e isso os ajudou muito a continuarem em pé entregando aos clientes”, explica.
Embora
tenha perdido para a falência um em cada quatro clientes, Ozeias viu o
faturamento da Gold dar um salto de 84% na comparação com antes da pandemia. Só
nos cinco primeiros meses deste ano frente ao mesmo período de 2021, a alta já
é de 96% – o primeiro semestre do ano passado foi marcado por um repique de
contágios.
tenha perdido para a falência um em cada quatro clientes, Ozeias viu o
faturamento da Gold dar um salto de 84% na comparação com antes da pandemia. Só
nos cinco primeiros meses deste ano frente ao mesmo período de 2021, a alta já
é de 96% – o primeiro semestre do ano passado foi marcado por um repique de
contágios.
Presente e futuro

Os bons números acumulados neste quase pós-Covid já fazem Ozeias ter novos planos para a Gold Food Service. Somados esses dados ao potencial de crescimento do consumo de alimentação fora do lar que ele projeta a expansão da empresa nos próximos anos.
O projeto é ousado: crescer 100% a cada dois anos em um ciclo de seis anos. Já para o no ano que vem, Ozeias prevê que a Gold será três vezes maior do que era em 2021. Isso independentemente do que venha a ocorrer no cenário eleitoral ou qualquer outra possível crise no caminho.
Para alcançar os números, Ozeias tem nos planos mudanças e novidades. A sede da empresa vai passar para uma área com o triplo do tamanho e terá uma loja em anexo, para receber os empresários como num grande atacado.
A “loja da Gold”começou a ser planejada antes da pandemia, mas precisou entrar em compasso de espera até o mercado se reacomodar. Será um espaço onde os comerciantes poderão conhecer de perto os produtos necessários para suas operações, não só alimentos, mas também acessórios e utensílios que Ozeias pretende passar a vender.

“Uma coisa que tenho visto é que os empresários estão priorizando mais as compras com determinados fornecedores que confiam e sabem que não terão problemas de falta de produtos ou de entrega, e este é um dos pontos que beneficiam os negócios da Gold”, conta.
Uma dessas vantagens é a entrega expressa que ele implementou durante a pandemia. Os pedidos feitos até às 11h30 são entregues no mesmo dia. “É algo que não existe no mercado”, comenta.
O empresário também baseia os ambiciosos planos futuros ao enxergar outros nichos dentro do setor que ainda não são atendidos pela Gold. O objetivo é participar de toda a jornada de compras dos estabelecimentos, com o que ele chama de “estratégia de espada”, focando apenas neste setor.