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Setor de bares e restaurantes continua na luta pela aprovação de alíquota especial
Alívio e otimismo tomaram conta do setor de bares e restaurantes após a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que trata da reforma tributária, no início de julho, pela Câmara dos Deputados. A inclusão das empresas do setor na lista de atividades que poderão ter alíquota diferenciada, a ser estabelecida em lei complementar em 2024, foi vista pelo setor como uma vitória e um ato de reconhecimento. Agora, a luta segue no Senado, onde o texto deverá ser analisado no segundo semestre de 2023. A expectativa é de que a Reforma Tributária seja promulgada ainda neste ano.
“O setor de bares e restaurantes foi contemplado com a alíquota especial na Câmara por ser reconhecido como um setor essencial, tanto do ponto de vista social como econômico. Somos um dos maiores empregadores do país e temos hoje ⅓ de tudo o que o brasileiro gasta fora de casa, isso considerando que muitos desses brasileiros sequer têm cozinha. Então, é um setor fundamental”, analisa Paulo Solmucci, presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Resultado de uma forte articulação junto a integrantes do grupo de trabalho da reforma tributária e representantes do governo federal, a previsão de uma alíquota especial para o setor de alimentação fora do lar aguarda agora a aprovação do Senado Federal. Na última semana, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) foi anunciado como o relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Depois, a matéria segue para votação no Plenário - o que deve acontecer em novembro de 2023.
Um dos principais argumentos do setor para pleiteá-la é o regime diferenciado de tributação já aplicado em outros países. “Esperamos que o Senado possa ter a mesma compreensão e manter o setor entre aqueles que terão alíquota diferenciada, a exemplo do que acontece no mundo inteiro, especialmente na Europa, onde o setor de bares e restaurantes têm alíquota especial, em torno de 40% sobre a alíquota cheia”, explica Solmucci.
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Segundo o texto aprovado pelos parlamentares, uma lei complementar irá criar o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – para englobar o ICMS e o ISS – e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) para substituir o PIS, o PIS-Importação, a Cofins e a Cofins-Importação. A alíquota cheia ainda não foi definida e será regulamentada após estudos da Receita Federal, mas o setor espera que ela fique abaixo das previsões iniciais de 25%.
“A alíquota que foi divulgada, de 25%, nos parece alta. Mas agora o que precisa ser analisado e que estamos discutindo no Senado e na Câmara, é quais serão as exceções e como essa base de arrecadação se ampliará”, explica o presidente da Abrasel, citando as apostas esportivas digitais e os serviços que têm origem fora do Brasil como exemplos de setores que, com a reforma tributária, passarão a contribuir. “Então, a nossa expectativa é de que a alíquota possa não ser tão alta, principalmente por conta da redução da sonegação e da ampliação da base”, explica.
A satisfação do setor com o texto da reforma tributária, embora ainda caibam ajustes, vem acompanhada de preocupação quanto a uma possível pressão sobre os serviços e alguns insumos, o que poderia resultar em alta nos preços. Entre as mudanças previstas pela nova lei, está a criação de um imposto seletivo (IS) sobre a produção, comercialização ou importação de produtos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Devem ser incluídos nesse rol, bebidas alcoólicas e alimentos carregados em açúcar e gordura.
“Para que esses preços não sejam levados ao consumidor num primeiro momento, é muito importante que possamos ter uma grande produtividade que compense os custos adicionais”, diz Solmucci.
Calibrar a reforma tributária de forma a promover o máximo de bem-estar à população com o menor custo a curto prazo seria o ideal e o presidente da Abrasel afirma que o setor acredita ser possível. "Estamos otimistas. A transição do atual modelo para o futuro é de dez anos, então, há possibilidade, sim. A reforma elimina a guerra fiscal, simplifica a questão dos impostos, dá transparência à sociedade e com tudo isso ela pode, de fato, promover ganhos de produtividade relevantes, que no final das contas beneficiarão a todos”, conclui.