Bom Gourmet
“Sair de Curitiba pesou na minha decisão.” Em entrevista, Lênin Palhano conta sobre saída do Obst. e novos projetos
É o fim da era Lênin Palhano na gastronomia de Curitiba? Isso, só o futuro dirá. O fato é que depois de um ano intenso, em que abriu cinco operações dentro do Grupo Obst., agora Palhano parte para uma temporada de pelo menos quatro meses em Brasília. Por lá, irá atuar como consultor do B.Hotel e iniciar o seu projeto Lênin Palhano Hospitalidade e Gastronomia. A colunista do Bom Gourmet Dani Machado bateu um papo com Lênin na última quarta-feira (1º) no Sambiquira Bar e compartilhou conosco alguns dos momentos da conversa.
O bate-papo rolou um pouco antes de outros convidados chegarem para a despedida de Lênin de Curitiba. Chefs famosos na cidade, como Claudia Krauspenhar, Ivo Lopes e Celso Freire, estiveram no encontro. A empresária Carol Nacli, proprietária do Nomaa, onde Palhano trabalhou por sete anos, também apareceu na despedida.
Nessa entrevista para a Dani Machado, Palhano contou mais sobre seu novo projeto fora de Curitiba, falou sobre futuro e também deu mais detalhes sobre a decisão anunciada na semana passada de sair do Grupo Obst., projeto que ele encabeçava desde 2020 com o empresário Marcelo Vaz. Confira:
Lênin, no ano passado, na ápoca da inauguração do Ninna, você falou que tinha todo um desenho que seria o Grupo Obst. pronto. Você conseguiu entregar tudo que tinha planejado?
A primeira etapa sim. E ela foi feita com bastante êxito. Eu fiquei muito feliz com o resultado que a gente acabou entregando.
Então, por que a decisão de deixar o grupo?
As coisas não caminhavam administrativamente como eu aprendi e como eu gosto que caminhem. Eu sai de uma empresa muito organizada, que era o Nomaa, onde o nível de organização era incrível. E o corpo administrativo do Obst. não me entregou o mesmo. Isso foi me minando. Então, veio a decisão de não querer mais participar desse formato de trabalho.
No dia do comunicado da sua saída do Grupo Obst. você também anunciou um novo projeto: A Lênin Palhano Hospitalidade e Gastronomia. O que é exatamente esse projeto?
A ideia é transformar tudo que eu construi até hoje em uma marca que sou eu mesmo. Preciso fortalecer o meu nome, a minha marca pessoal e o que eu acredito. E aplicar isso, principalmente, no dia a dia de trabalho. O ambiente da cozinha é um pouco ríspido e nos último anos eu tenho sentido uma necessidade de evolução nesse sentido. É algo que eu preciso melhorar e que também acho que é o grande desafio do meio. Como a gente vai entregar uma cozinha de qualidade, de alto nível, mas que também proporcione qualidade de vida para as pessoas que estão entregando esse serviço?
O que você leva da experiência do Nomaa para esse novo projeto?
Foram sete anos lá. A grande experiência que eu tive no Nomaa foi sobre gestão organizacional e a hospitalidade, enteder que o mercado hoteleiro é um mercado de muito potencial. São esses os traços que eu carrego: a hospitalidade e a dinâmica de trabalho organizada.
E a ideia é levar esse projeto pelo Brasil?
O primeiro passo é Brasília. Serão quatro meses lá para startar a minha empresa dentro de um projeto grande que é o B.Hotel, que tem uma baita estrutura. Isso me animou também, porque eu gosto de trabalhar com estruturas robustas assim. Sair de Curitiba também pesou na minha decisão. Eu estava precisando enxergar um mercado novo, com novas pessoas, novos consumidorses e também queria retornar para a hotelaria.
Ma você tem planos de voltar para Curitiba?
Por enquanto, eu fico em Brasília.
E planos de ter um restaurante próprio?
Isso tenho, com certeza.
Mais ao estilo Obst., Ninna ou algo mais fast food, no estilo do Ottro?
Na minha concepção, o Obst. sozinho, economicamente, não faz sentido. Ele fazia sentido dentro do Grupo Obst. porque você tem restaurantes mais comerciais, com estratégias mais abrangentes para o público, mais inclusivos e democráticos. O Obst. dentro do grupo fazia muito sentido como posicionamento de marca, consolidação com a imprensa e satisfação pessoal minha também. Mas, com certeza, se eu fizer um outro restaurante, ele não vai ser na pegada do Obst. Porque ele não faz sentido sozinho, ele tem que estar dentro de um corpo empresarial maior. Ter só ele é remar contra a maré em termos financeiros e eu preciso pensar nisso também.
Eu te perguntei sobre o Nomaa, agora vou te perguntar sobre o Grupo Obst. O que você leva de experiência do Grupo Obst.?
Foi um MBA f... para a vida.
E o que você aprendeu nesse MBA e faria de diferente agora em relação ao Grupo Obst.?
Eu criaria um corpo administrativo forte já de início e cresceria mais organizado.