Bom Gourmet
O cliente e a equipe como fundamentais na estratégia de crescimento: saiba como foi a 4ª edição do FoodCo. Experience
Laiz Menegazzo, da Gass Company: o CMV precisa estar no dia a dia do dono do restaurante. Silvestre Laska
Conhecer o cliente, conhecê-lo e saber como transformá-lo em seu influencer. Envolver a equipe no processo de gestão do negócio e estabelecer a cultura do pertencimento. Essas foram algumas das tônicas dos bate-papos com nomes importantes do setor de serviços de alimentação na quarta edição do FoodCo. Experience, realizado na terça-feira (5), na Cozinha do Bom Gourmet, em Curitiba.
Leonardo Macedo, fundador da rede de doçarias Nanica, Laiz Menegazzo, sócia e diretora de educação da Gass Company, consultoria especializada em gestão de negócios gastronômicos, e Mariana Scalzo, diretora de comunicação corporativa da Arcos Dorados, que gere toda a rede McDonald’s na América Latina, conversaram com os participantes da programação, realizada pelo FoodCo., maior comunidade digital de donos de restaurantes do país. A jornada imersiva de nove horas apresentou estratégias de sucesso, orientou os empreendedores sobre o que fazer e o que evitar, e permitiu a eles compartilhar ideias e trocar informações com pares do segmento.
Leonardo contou a história de sucesso da Nanica. Curitibano, ele abriu sua primeira loja em um espaço pequeno em uma vila na Rua Augusta, em São Paulo, em 2018. Hoje, são 65 lojas espalhadas em 18 estados do país – “Começamos o ano passado com 39 lojas, fechamos com 65”, contou. Entre as estratégias adotadas que levaram a marca ao sucesso, estão o Media For Equity com Tiago Abravanel, modelo de negócios que envolve troca de publicidade por uma participação acionária.
O empreendedor destacou ainda a importância do M&A da marca, que desde 2021 conta com a holding SMZTO como parte da sociedade, a abertura para venda de franquias, e a participação da Urso Capital nesses dois processos. E destacou o significado de solidificar a marca como fundamental para se manter no mercado competitivo. Para isso, é necessário conhecer quem a consome. “Um stories da Bruna Marquezine, de 100k, é o [equivalente a]o budget de marketing de dois anos”, compara. Além da atriz, Xuxa e a filha Sasha, e Neymar estão entre os consumidor da marca.
O cliente e a reputação
Sem precisar se aprofundar no tamanho e no sucesso do McDonald’s no Brasil e no mundo, Mariana explicou como tem sido definitivo para o trabalho da rede no país ouvir o cliente, saber o que ele procura quando vai a um dos restaurantes e o significado simbólico para ele ao receber o sanduíche, seja na loja ou em casa. “McDonald’s é memória afetiva. Todo mundo já foi ao ‘méqui’ pelo menos uma vez na vida”, diz. A rede completa 45 anos de atividades no país, com 60 mil funcionários e mais de 1100 restaurantes em 200 cidades – este ano, deve abrir mais 50 – “A gente abre um restaurante por semana, mais ou menos”, contabiliza. A Arcos Dorados opera a marca em 20 países na América Latina e Caribe.
“O cliente está sempre no centro da nossa estratégia e traz com ele a questão da reputação”, explica a executiva. Para ela, a relação com o cliente se faz no cotidiano, no compromisso com a qualidade e com a transparência. Com o ‘Portas Abertas’, a rede permite que qualquer cliente faça uma visita à cozinha de qualquer restaurante, acompanhado pelo gerente local.
O compromisso com a sociedade, com ações sustentáveis e de impacto positivo, explica Mariana, é outro pilar estratégico da rede. Entre os principais está o McDia Feliz, que doa 100% das vendas do BigMac, carro-chefe da marca, ao combate ao câncer infanto-juvenil. A rede é ainda o maior empregador de jovens continente, e estão entre os maiores do primeiro emprego formal no Brasil, ao contratar jovens a partir dos 16 anos que não têm nenhuma formação. “O investimento em treinamento para nós é muito importante. Investimos cerca de 170 milhões por ano em treinamento”, destaca. E lembra que o atual presidente da empresa começou há 39 anos como atendente em um restaurante de um shopping em São Paulo.
O CMV e a equipe envolvida nas metas
Laiz Menegazzo tratou da importância do CMV (Custo de Mercadoria Vendida) para os estabelecimentos gastronômicos, e o quanto a falta desse indicador muito bem controlado na gestão do negócio pode encurtar sua vida útil. “Cerca de 70% dos negócios gastronômicos no Brasil fecham em cinco anos”, alertou a consultora. “Destes, 20% fecham por falta de capital, não têm dinheiro em caixa”, detalha. Mais: 50% dos empresários do segmento não sabem dizer se registram lucro ou prejuízo. “São mais de um milhão de restaurantes no país, e com uma alta taxa de mortalidade. Muitas delas poderiam ser evitadas se [os empresários] tivessem um projeto de gestão bem desenhado
Para mudar essa realidade, a receita de Laiz é trazer o indicador ‘para o jogo’, olhar para ele diariamente, para as metas do restaurante. E para que a meta seja cumprida, é preciso envolver toda a equipe.
“Envolva a equipe no processo de construção de como a meta será alcançada. A equipe consegue trazer coisas mais valiosas do que qualquer outro lugar. E a parte mais importante, eles se sentem pertencentes. Vocês começam a criar a cultura da meta, o envolvimento, a bonificação. Pessoas envolvidas fazendo parte da empresa ficam mais tempo conosco por conta do senso de pertencimento”, esclarece.
Após o almoço oferecido pela Gold Food Service, os participantes estiveram em rodas de conversa e em mentorias com os palestrantes. A imersão em assuntos relevantes para o setor e em trocas de experiências encerrou com um happy hour, patrocinado pela MMV.
Gold Food, Urso Capital, Softwar e Baldo patrocinaram a 4ª edição do FoodCo. Experience, que contou também com o apoio da MMV, Buble Mix Tea e Mercury Hotel. As marcas também interagiram com os participantes a partir de experiências realizadas ao longo da programação.