Bom Gourmet
Uvas verdes, lentilha, a caixa recheada de frutos do mar, os rituais de ano-novo pelo mundo
Apesar das diferenças culturais, o ritual se repete em todos os cantos do mundo: comer para desejar. Seja uma colher de lentilha, um prato de macarrão ou um simples brinde sob fogos de artifício, a comida carrega expectativas, esperanças e a vontade coletiva de que o próximo ano seja melhor. Confira a seguir o ritual de Ano-Novo em diferentes países do mundo!
Brasil: fé, festa e superstição no prato
Por aqui, a virada do ano é sinônimo de mesa compartilhada e crenças populares. A lentilha é quase obrigatória. Os grãos redondos lembram moedas e simbolizam prosperidade. Uvas verdes, herdadas da tradição ibérica, também aparecem como promessa de sorte para os meses que vêm pela frente. A regra é comer 12, uma para cada mês do ano.
Nas proteínas, o costume pede peixe ou carne de porco, sempre olhando para frente. A ideia é evitar aves, que ciscam para trás, e garantir que o novo ano avance. O ritual de Ano-Novo ainda vem acompanhado de roupas brancas e o brinde com espumante.
Estados Unidos: festa, espetáculo e comida regional
Nos Estados Unidos, o Réveillon é mais espetáculo do que ritual. O famoso “ball drop” da Times Square, em Nova York, resume o espírito da data: contagem regressiva, chuva de confetes e celebração coletiva. À mesa, não há um prato nacional obrigatório, mas no sul do país o Ano-Novo tem gosto de tradição. O Hoppin’ John, feito com feijão-fradinho e arroz (lembrando o nosso baião-de-dois), simboliza prosperidade. Como um ritual de ano-novo, muitas famílias ainda colocam uma moeda no prato. Dizem que, quem encontra, terá sorte extra no novo ano.
Japão: silêncio, significado e comida simbólica
No Japão, a virada do ano é quase o oposto do barulho ocidental. O momento é de introspecção, limpeza espiritual e respeito à tradição. Na noite do dia 31, é comum comer toshikoshi soba, um macarrão longo e simples que simboliza longevidade e a passagem tranquila para o novo ano.
À meia-noite, templos budistas tocam seus sinos 108 vezes, número que representa os desejos humanos que precisam ser purificados. Nos dias seguintes, a mesa recebe o osechi-ryōri. O conjunto de pratos preparados com antecedência é armazenado em uma caixa com diferentes níveis, um para cada tipo de alimento.
Esse ritual de Ano-Novo envolve frutos do mar, alimentos cozidos, itens doces e acompanhamentos - com vegetais e grãos. Cada um deles com um significado, como saúde, felicidade e prosperidade.
Itália: prosperidade servida à mesa
Na Itália, o Ano-Novo começa com um prato carregado de simbolismo. As lentilhas, também são presença quase obrigatória na ceia por lá. Elas costumam vir acompanhadas de cotechino ou zampone, embutidos tradicionais feitos de carne suína, animal que simboliza progresso e avanço. Não é uma refeição leve, mas é intencional. Lá, assim como aqui, esse ritual de Ano-Novo anuncia um ano próspero pela frente.
França: o réveillon que atravessa a noite
A própria palavra réveillon nasce na França, do verbo réveiller, que significa “ficar acordado”. E faz sentido. Por lá, a virada do ano é marcada por longas ceias, que atravessam a noite em clima de celebração.
Não há um prato único que represente o Ano-Novo francês, mas sobremesas festivas ganham destaque. A galette des rois, tradicional no Dia de Reis (6 de janeiro), costuma aparecer como símbolo de sorte e partilha.
México: união e trabalho coletivo
No México, o Ano-Novo faz parte de um período festivo mais amplo, que começa no Natal e só termina no Dia de Reis. À mesa, um dos pratos mais simbólicos são os tamales. A massa de milho recheada, envolta em folhas e cozida no vapor representa família, colaboração e abundância. São preparados em grupo, em longas horas de conversa e partilha, reforçando a ideia de que o novo ano começa melhor quando é construído coletivamente.
Espanha: 12 uvas e um desejo por mês
Na Espanha, a virada do ano acontece em ritmo acelerado. À meia-noite, ao som das badaladas do relógio, o ritual pede que se comam 12 uvas, uma a cada toque, representando sorte para os 12 meses do ano. A tradição, hoje espalhada por todo o país, e que também é popular aqui no Brasil, exige concentração e costuma arrancar risadas quando alguém se atrapalha no ritmo. Ainda assim, ninguém abre mão de começar o ano com sorte.
E você, qual o ritual de Ano-Novo não sai da sua mesa?


