Restaurantes
Visitamos à paisana duas cozinhas do McDonald’s e contamos o que vimos
Perguntar para alguém que ama cozinhar se quer visitar uma cozinha profissional é a mesma coisa que perguntar a uma criança se ela quer doce. Ainda mais se se trata das cozinhas do McDonald’s, desde sempre cercadas por mitos e lendas urbanas. Aproveitando a iniciativa Portas Abertas, entrei à paisana(e não como jornalista) na cozinha da rede de fast food em duas unidades de Curitiba nesta terça-feira (27).
As tentativas na verdade foram três, mas na primeira das lojas, na Avenida Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, dei com a cara na porta. O gerente me informou que, como estava recebendo uma consultoria e fazendo a limpeza da cozinha – apesar do restaurante estar aberto há quase 20 minutos – não poderia me dar a devida atenção. Me convidou a voltar depois das 14 horas. Ponto negativo.
Me dirigi então à unidade que fica na Avenida Souza Naves, preparada para não entrar novamente. Desta vez foi diferente e tive permissão para entrar. Coloquei uma rede para cobrir os cabelos e aprendi sobre a higienização e sanitização das mãos, coisa que segundo o gerente, é feita de uma em uma hora.
Ele me explicou sobre cada estação de trabalho. Aprendi que quanto mais congeladas as batatas e mais quente o óleo (elas são fritas a 160 graus C), mais crocantes elas ficam. Elas também têm vida útil, aliás como todos os produtos da rede. As batatas “duram” sete minutos. Depois, são descartadas. Mas, é difícil de acontecer porque elas não param de sair.
Os pães – no momento há oito variedades – passam por uma “tostadeira” para que eles criem uma crostinha caramelizada, não permitindo que fiquem encharcados com catchup e mostarda. Na ilha de condimentação, há várias cumbuquinhas com os ingredientes (como pepino e queijo) para montagem dos sanduíches. Os ingredientes também têm validade – de duas horas.
Há ainda um pequeno cartaz com os itens que compõem cada um deles para manter o padrão na hora da montagem. As carnes são fritas ou passadas na chapa e aguardam a preparação numa espécie de estufa com vapor para mantê-las aquecidas, sem deixá-las secas.
Há um setor totalmente mecanizado para preparação de bebidas. Para misturar o xarope do refrigerante à água, aprendi que a água tem que estar muito gelada para ajudar na carbonatação (a formação de bolhas de gás carbônico). O cheiro de Coca Cola é fragrante. A água passar por dois filtros: uma para tirar as impurezas e outro, o cloro.
Me foram mostradas ainda as câmaras frias, mas a entrada não é permitida: uma delas, a refrigerada, estava marcando 1,2 graus C e a outra, para as carnes, 22 graus C negativos. Entrar lá, apenas com roupa especial. Há também um estoque seco – onde ficam brindes, copos, etc.
A visita ainda incluiu uma explicação sobre a refeição dos funcionários, que comem PF – arroz, feijão, carne e acompanhamentos – e não mais lanches (poucos sabem, mas os clientes também podem pedir o prato feito). Há uma bancada específica para o break, com as comidinhas, além de frutas como banana e maçã. Perto dali, uma salinha para a pausa, com direito à TV e internet. A visita foi completa e demorou quase meia hora.
Por último, me dirigi ao que achei que seria mais difícil de entrar: a unidade do Shopping Estação e no horário de almoço (cerca de 13h15). O gerente também permitiu a entrada, com direito novamente à “charmosa” rede nos cabelos e à nova explicação sobre a limpeza das mãos. O gel sanitizante que eles passam, conforme me foi explicado, forma uma película nas mãos dos funcionários, minimizando qualquer contaminação. Ele me acompanhou explicando sobre o funcionamento de toda a cozinha. A visita foi um pouco mais rápida que a anterior, cerca de 15 minutos, mas deu um panorama sobre o funcionamento da rede. Nas duas lojas, os gerentes ainda tiraram fotos para registrar a visita.
A rede de fast food está incentivando a visita à cozinha para apresentar os processos de qualidade na preparação dos alimentos, além de acabar com alguns mitos, através do programa Portas Abertas.
Pesquisas realizadas ao final das visitas aos restaurantes McDonald’s da América Latina mostraram que oito entre dez clientes não sabiam que a carne dos hambúrgueres é 100% bovina e sete entre dez clientes não conheciam o processo de lavagem das mãos implementado pelos funcionários.
Segundo a rede, as visitas ultrapassaram a marca de 2 milhões. No Brasil, os clientes podem visitar a cozinha de um dos mais de 850 restaurantes localizados em todo o país sempre e não somente em dias marcados.