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Restaurantes

Na terra da fartura, comida leve com ingredientes locais conquista espaço

Lorena K. Martins, de Belo Horizonte, especial para Bom Gourmet
11/10/2018 20:00
BELO HORIZONTE – Sentar-se em um restaurante e optar por uma refeição saudável ou pensada especialmente para aqueles que, por opção, fazem uma dieta mais restritiva já foi uma missão um tanto quanto complicada. Pelo menos em Belo Horizonte, reconhecida por toda a atmosfera que gira em torno de fartas refeições e petiscos de botecos localizados a cada esquina.
Nos últimos anos, porém, o cenário mudou. Muitos endereços surgem especializados em gastronomia saudável e funcional, mas com um cardápio atrativo para os mais distintos paladares. Ou os que não fazem questão de levantar essa bandeira, rotulando a própria cozinha, incluem, pelo menos, alguma opção funcional, vegana ou vegetariana em seu menu. A fórmula parece está dando certo.
O que parece também ter mudado é o público. Em uma visita pelo Poke Sim!, casa especializada na fusão entre a gastronomia havaiana e japonesa, a chef Gabriela Harue deixa claro que, de fato, o público está mais aberto, ou seja, não existe mais a mesma resistência em experimentar um prato mais leve ou com ingredientes funcionais, mesmos que estes sejam um pouco desconhecidos. O carnívoro, por exemplo, geralmente tem até optado por sugestões sem carne e que até podem ser mais saborosas. E tá tudo bem em quebrar a rotina gastronômica e se permitir aventurar em novos sabores.
Foi percebendo essa mudança de comportamento que o restaurante Santafé, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, achou importante investir em um segmento de alimentação que, até então, não era tão explorado em 24 anos de existência do estabelecimento. Depois de a chef Carolina Fádel assumir a sociedade e a cozinha da casa, o restaurante inaugurou, em maio, uma nova temporada com alimentação balanceada, focada em um preparo mais saudável.
“Essa agregação da cozinha funcional vem de encontro ao constante crescimento do público que opta por refeições preparadas com mais saudabilidade e uso de ingredientes que ofereça algo mais do que apenas matar a fome”, disse ela que incrementou até uma horta na parede do restaurante.
No embalo, fomos atrás de alguns paraísos de comida saudável localizados em Belo Horizonte. Mesmo que o tira-gosto pareça ser o nosso carro-chefe, saiba que o outro lado da história também pode conter muito sabor.

Poke Sim!

Completando a montagem do poke estão as opções de acompanhamentos, como tomatinhos sweet grape, lâminas de coco, broto de bambu crocante e mix de castanhas à base de castanha-do-Pará. Foto: Studio Tertúlia
Completando a montagem do poke estão as opções de acompanhamentos, como tomatinhos sweet grape, lâminas de coco, broto de bambu crocante e mix de castanhas à base de castanha-do-Pará. Foto: Studio Tertúlia
Pelo nome do lugar, obviamente se trata de uma casa especializada em poke, tradicional prato havaiano que caiu no gosto do público brasileiro por ser uma refeição absolutamente completa e saudável. Porém, Gabriela Harue, chef e uma das sócias do Poke Sim! preza por opções mais ecléticas e leves, ou seja, foge das invencionices que dominam o mercado criado para atender paladares viciados, incluindo Doritos, cream cheese e cebola crua como acompanhamento.
A partir das origens familiares e das raízes orientais da chef, a casa combina técnicas e insumos das culinárias japonesa e havaiana, preservando as origens do prato, as similaridades entre as duas linhas. Para o poke (R$ 22 a R$ 35), por exemplo, as opções de proteína incluem atum e salmão crus, salmão grelhado, além de uma opção com cogumelos shimeji para o público vegetariano. Para o lanche, a pedida é o futomaki (R$ 15): um grande rolinho de algas, confeccionado com diversos recheios, combinando arroz, proteína, folhas e frutas. A opção com a proteína combina o peixe grelhado com uma surpreendente pasta de tofu e ervas(uma das especialidades da casa), manga, cenoura e pepino frescos.
Serviço
R. Antônio de Albuquerque, 629 – Savassi. (31) 99270-0116

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Green Up

Baby beef grelhado acompanhado de um arroz negro, legumes picados, gengibre, chips de coco e um molho tailandês, servido no Green Up. Foto: João Santos
Baby beef grelhado acompanhado de um arroz negro, legumes picados, gengibre, chips de coco e um molho tailandês, servido no Green Up. Foto: João Santos
Na cozinha do Green Up só entram insumos naturais, locais, livres de agrotóxicos e produtos químicos, selecionados pelo chef Felipe Caputo, que assumiu a cozinha neste ano. Caputo tem uma boa história: descobriu sua vocação na gastronomia saudável quando tentou fazer dieta e repudiou todos os cardápios passados pela sua nutricionista.
Ele, então, começou a se informar em busca de opções com sabores até que foi estudar gastronomia nos Estados Unidos. Ao assumir o Green Up, incrementou no menu opções equilibradas como sucos prensados a frio, sanduíches naturais, suchás (uma linha autoral que combina a leveza dos chás com o valor nutricional dos sucos) e sobremesas leves de baixo teor calórico e alto valor nutritivo como Cheescake funcional (R$ 22), feita de cottage, frutas vermelhas e alecrim.
Para jantar ou almoçar, as boas opções incluem a Mediterranean Cauliflower (R$ 35), couve flor assada, vinagrete de tomate e limão, iogurte grego e tahine, ervas, uva e zátar e o Baby Beef Asiático (R$ 45), corte grelhado acompanhado de um arroz negro, legumes picados, gengibre, chips de coco e um molho tailandês. O prato também pode ser encontrado na versão low carb, ao substituir o arroz negro por arroz de couve-flor.
Serviço
R. Alagoas, 851 – Savassi.

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Santafé

Risoto de quinoa com camarões, aspargos e tomatinhos. Foto: Enan Correia
Risoto de quinoa com camarões, aspargos e tomatinhos. Foto: Enan Correia
Em maio deste ano, o tradicional restaurante Santafé anunciou uma novidade para comemorar os seus 24 anos de existência: inaugurou uma nova casa e passou a se assumir com foco na cozinha funcional e saudável. A responsável pela mudança foi a chef e uma das sócias do restaurante Carolina Fádel, especialista certificada em “Culinary Nutrition” na Natural Gourmet Institute em Nova York.
Ao lado do chef executivo Lucas Del Peloso, a chef modificou e acrescentou preparos como espaguete de pupunha, o risoto de quinoa e o estrogonofe de palmito e cogumelos. No almoço, o sucesso fica a cargo do buffet de saladas com mais de 60 opções. “Nosso leite de coco também é feito na casa, assim como utilizamos farinhas sem glúten em preparo de algumas massas de quiches e tortas”, explica.
Serviço
R. Pernambuco, 800 – Funcionários. (31) 3261-0987

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Namah Bistro

Torta trufada de chocolate e doce de leite e flor de sal (R$ 22), do Namah Bistro. Foto: Rochelle Vaz
Torta trufada de chocolate e doce de leite e flor de sal (R$ 22), do Namah Bistro. Foto: Rochelle Vaz
Cardápio funcional e totalmente vegano. Essa é a proposta do Namah Bistro, em Lourdes, aberto em setembro do ano passado. O local faz parte do Espaço Namah, que contempla também aulas de yoga, meditação, massagem e tudo relacionado ao bem-estar. O cardápio foi concebido pela proprietária Carol Rache juntamente à chef paulistana Natalia Luglio e executadas aqui na capital pela chef Marcella Maia. Os pratos são divididos entre café da manhã, almoço e lanches, em sugestões como o nhoque de batata doce roxa (R$ 37) e o risoto de couve flor e aspargos (R$ 37).
Serviço
R. Tomás Gonzaga, 531, Lourdes. (31) 2515-6200

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Em Ouro Preto, o Glória Bistrô preza pelo “farm to table”

A cidade histórica de Ouro Preto, localizada a 137 km de distância do agito de Belo Horizonte agora acolhe o Glória Bistrô, inaugurado no último dia 5. O local entra no famoso conceito “farm to table”, em tradução livre, significa “da fazenda para a mesa” – que é justamente esse que resgate do alimento fresco, uma das tendências mundiais da gastronomia. O processo significa, de forma mais clara, encurtar todo o caminho comida à mesa, privilegiando os ingredientes orgânicos e sazonais.
Cheesecake Glória. Foto: Studio Tertulia
Cheesecake Glória. Foto: Studio Tertulia
Apesar da negociação direta com o pequeno produtor e o incentivo da cadeia de produção para alimentar o menu do restaurante, muitos insumos são produzidos por lá, como pães, massas caseiras, leites e queijos vegetais e embutidos. Já as carnes de boi e frango são de origem controlada, ou seja: criados soltos no pasto sem hormônios.
O resultado disso tudo é simples: o paladar agradece o frescor e qualidade dos alimentos não processados em receitas como o risoto cremoso de abóbora com legumes e chips de couve (R$ 48), crudités com dips à base de tahine, sementes de girassol, queijos veganos à base de castanhas, falafel, e servidos com pão pitta crocante feito na casa (R$ 46) e, de sobremesa, a cheesecake com geleia de manga caseira e crust à base de tâmaras e castanhas (R$ 24).
Risoto cremoso de abóbora com legumes e chips de couve. Foto: Studio Tertúlia
Risoto cremoso de abóbora com legumes e chips de couve. Foto: Studio Tertúlia
As criações são assinadas por dois chefs: de um lado, com 20 anos de experiência de cozinha está Mauro Bernardes, 59, chef que ficou conhecido por comandar um dos mais conceituados restaurantes em BH, o Aurora. Do outro, Camila Botelho, 26, chef especializada em gastronomia saudável com passagens pela Matthew Kenney Culinary School em Santa Monica (EUA). Mesmo sendo de diferentes gerações, ambos têm em comum a “busca por uma culinária que integra sabor e saúde, com apreço pela técnica da culinária tradicional, base essencial de toda boa cozinha”.
Serviço
R. Alvarenga, 703 – Cabeças, Ouro Preto
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