Depois de seis anos do premiado restaurante Manu, em Curitiba, a chef e proprietária Manu Buffara vai fechá-lo. Mas apenas por uma semana, para que a casa reabra mais “jovem”, com serviço informal, música alta e comida para compartilhar com as mãos. O restaurante, que neste período conquistou a mídia nacional e internacional, fecha na segunda, 22 de maio, e reabre com o novo conceito no dia 31 de maio, uma quarta-feira.

A mudança foi inspirada nos restaurantes que Manu visitou numa recente viagem à Áustria, Itália e França. O valor do menu degustação foi reduzido, de cerca de R$ 400 para R$ 235 por pessoa. O cardápio inclui cinco snacks, pão, manteiga, quatro pratos, uma sobremesa, a taxa de serviço (10%), água à vontade, vinho (espumante para snacks, quatro vinhos para os pratos e um vinho de sobremesa – da adega do dia), serviço de café (Hario, globinho ou prensa francesa) e petit four.

Há também a opção de menu degustação mais enxuta, com apenas a sequência de snacks, pratos e sobremesa (R$ 160 por pessoa + R$ 72 harmonizado).
Serão duas opções de menu por este valor: o menu Manu, autoral, e o Mundo Vegetal, que atende a ovolactovegetarianos (que não consomem carne).

A nova fase da chef Manu Buffara e do restaurante Manu tem também um significado espiritual: o último prato da sequência servida no menu degustação é para ser compartilhado. “Quero que as pessoas comam com as mãos do mesmo prato, como Jesus fez. Dividir uma refeição é algo muito forte”, explicou.

As mesas deixam de ter toalhas. Os snacks, ganham em volume e quantidade. Quem servirá a maior parte dos pratos no Manu serão os próprios cozinheiros, que explicarão aos clientes como foram preparados e pormenores dos ingredientes. “Há dois meses estamos treinando e testando esse serviço dos cozinheiros no salão. Eu vejo que os clientes ficam encantados”, diz Manu.

Atualmente, a equipe conta com seis profissionais na cozinha e cinco estagiários, que se revezam entre o mise en place (pré-preparos) durante o dia e o serviço à noite. No salão, o maître e a hostess continuam a potos.

“Não que eu não esteja contente com o jeito que o Manu é hoje, mas sinto que ele precisa mudar assim como eu mudei”, disse, mencionando a maternidade como um dos fatores que a fizeram “virar a chave”. Manu tem duas filhas, Helena, de dois anos, e Maria, com um ano, e com a chegada delas viu a necessidade de ser mais espontânea.

“É difícil. É preciso coragem e agora chegou a hora. Queria que meus cozinheiros fossem mais felizes e que da cozinha saísse uma sonzeira”, diz a cozinheira. A playlist está sendo montada em conjunto com os cozinheiros e terá música brasileira, fandango, ritmos latinos como salsa e merengue. As caixas de som serão dentro da cozinha e o volume, alto. “Eu precisava me desvincular do Noma e Alinea, restaurantes em que eu estagiei, e que têm um serviço formal. Quero estar mais próxima do público”, completa.

O dinamarquês Noma, do chef René Redzepi, esteve anos a fio entre os três melhores restaurantes do mundo segundo a revista britânica Restaurant. O Alinea, de Grant Achatz, retratado na segunda temporada da série Chef’s Table, também se destaca como os melhores dos Estados Unidos.

Através de uma pesquisa com os clientes, Manu descobriu que 86% das pessoas que frequentam o restaurante são de fora de Curitiba. “Muita gente me vê como intocável. Eu não estava cozinhando para quem tem a minha idade, para quem mora na minha cidade”, disse.

A nova fase da chef inclui ainda um livro, a ser publicado em março de 2018 pela Editora Melhoramentos, e uma aparição em uma série de episódios do programa Casa Brasileira, do canal fechado GNT, em que a chef visitará Palmeira, Colônia Witmarsum e apresenta parceiros e um pouco do Paraná e Curitiba no programa.

Com a nova proposta, tudo muda, da fachada ao modo como se trabalha na cozinha e se serve a comida. Coincidentemente, as mudanças passam pelas mãos de mulheres. A decoração do restaurante ganhará arranjos de mesa com ingredientes frescos — “quero poder decorar as mesas com um pé de alface” — e cores e estilo mais despojado.

As novas louças foram feitas à mão pela ceramista Danielle Carazzai, do Estúdio Boitatá, em Campo Largo, que se inspirou em sementes, folhas e plantas da região de Curitiba. As louças e outros artefatos típicos do estado do Paraná estarão em exposição no salão do restaurante, e poderão ser comprados pelos clientes. “Não é uma mercearia, mas é uma vitrine”, explica. Ela também terá os pães do dia dispostos em frente à cozinha.

A fachada do Manu ganha cores vivas em um mural da grafiteira Paula Calory cheio de formas orgânicas, que chamem a atenção e deem um ar descolado ao local. Acima da porta, uma placa com apenas três informações: Manu. Curitiba. Brasil. “Sou muito grata por tudo o que o Manu trouxe nesses seis anos de reconhecimento para Curitiba junto do eixo Rio-São Paulo”, comemora.

• Chef do Ano 2015 – Prazeres da Mesa
• Restaurante do ano 2015 – Prazeres da Mesa
• Chef 5 Estrelas – Hors Concours (Manu Buffara) – Prêmio Bom Gourmet (2013)
• Cozinha Contemporânea (Restaurante Manu) – Veja Curitiba Comer & Beber (2013)
• Chef 5 Estrelas (Manu Buffara) – Prêmio Bom Gourmet (2012)
• Chef do Ano (Manu Buffara) – Veja Curitiba Comer & Beber (2012)
• Cozinha Contemporânea (Restaurante Manu) – Veja Curitiba Comer & Beber (2012)
• Chef Revelação do Ano (Manu Buffara) – Guia Quatro Rodas Brasil (2011)
• Cozinha Contemporânea (Restaurante Manu) – Veja Curitiba Comer & Beber (2011)
• Chef 5 Estrelas (Manu Buffara) – Prêmio Bom Gourmet (2011)

Serviço
Restaurante Manu – Alameda Dom Pedro II, 317, Batel. Curitiba – PR – Site: www.restaurantemanu.com.br – (41) 3044-4395.