Restaurantes
Restaurante no Mercês só serve pratos com arroz e feijão sem cair na mesmice
Arroz, feijão, bife e batata frita. A combinação do trivial brasileiro é a tônica do Belinha Restaurante do chef Maurício Pereira, que há cinco anos coleciona clientes fieis e fila de espera aos sábados. O restaurante serve almoço de segunda a sábado e, a rigor, tem apenas oito pratos no cardápio e três sobremesas. Toda manhã tem pão recém-assado na casa e o som ambiente é no toca-discos — o chef escolha a trilha de acordo com o clima no salão.
O endereço é discreto: uma rua do bairro Mercês, com a casa protegida por um portão e uma fachada repleta de lousas anunciam os pratos do dia e o nome do local. Belinha é uma homenagem para Isabel, sua avó, e Gabriele, sua filha e o diminutivo dá o tom aconchegante do espaço. O ambiente é despretensioso, como descreve o chef e proprietário: no salão, há espaço para 30 pessoas em mesas de madeira e cadeiras de plástico.
O arroz e feijão são a base dos pratos (de R$ 22 a R$ 34). O feijão é feito todos os dias com bacon e calabresa, além de alho e louro fresco. Longe de ser monotemático, o cardápio trivial dá espaço para experimentações, como as batatas quebradas, que são esmagadas ainda cruas com uma panela pesada para que fiquem pedaços irregulares antes de fritar: quanto menor o pedaço, mais crocante fica. As batatas quebradas são servidas em porção para petiscar, com alho e alecrim (R$ 16) ou como guarnição de alguns pratos, como o Filé Belinha (R$ 34): costela bovina com legumes salteados e farofa de bacon.
Outros destaques são peixe do dia com fritas (R$ 30), empanado na panko e guarnecido de legumes salteados e farofa de bacon e o Casa Virada (R$ 26), bisteca suína grelhada, ovo frito, banana à milanesa e virado de couve com farinha de milho e bacon. O bife tem variações à cavalo, acebolado ou à milanesa (R$ 24, com farofa e batata frita) e o frango sendo grelhado (R$ 22) ou empanado em panko (R$ 24). Todos os pratos têm salada cortesia, com uma fatia do pão da casa.
É possível pedir porções extra de 14 acompanhamentos, entre eles arroz (R$ 5, 100 g), feijão (R$ 5, 150 g), virado de couve (R$ 8, 50 g), banana à milanesa (R$ 4) e maionese (R$ 5, 150 g), esta servida apenas às sextas e sábados. De bebidas, limonada ou suco de laranja (R$ 5, 300 ml), café (R$ 2), taça de vinho (R$ 15) ou cervejas (a partir de R$ 7). Brigadeiro na bailarina (colher comprida, R$ 4), palha italiana (R$ 5) e pudim de leite (R$ 6).
Sobre Maurício
A expectativa de Maurício Pereira em 2012, quando abriu as portas do Café Belinha, era preparar o “trivial fino”. Pouco tempo depois, o estabelecimento tirou o “café” do nome e passou a ser um restaurante à la carte no almoço. “É questão de honra preparar um bom arroz e feijão todo dia”, diz Maurício, que dá pinceladas de pratos orientais em dois dias da semana, como o nasi goreng às terças — arroz frito com legumes e carne (R$ 29).
A influência é da época de criança, quando morava em São Paulo e o “evento do ano” da família era comer no Shintori, restaurante tradicional japonês. Pegou gosto pelo tempero asiático pelas viagens do pai ao Japão e depois de se formar pelo Centro Europeu, passou pelo Boulevard, de Celso Freire, e os orientais Lagundri, do chef Marcelo Amaral e no Fuji do Mercado Municipal, quando teve a oportunidade de trabalhar com um de seus mestres, Henrique Tawanoto. Maurício deu aulas de cozinha oriental em escolas de gastronomia e cursos de graduação e pós-graduação da área.