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Restaurantes

Chef Manu Buffara cria abelhas na fachada de seu restaurante

Guilherme Grandi
24/01/2019 13:03
Quem passa em frente ao premiado restaurante Manu, em Curitiba, já percebeu algo fora do comum. Cinco colmeias de abelhas foram colocadas na fachada do estabelecimento, além de uma flor de madeira que mais lembra uma mandala, mas que, na verdade, é uma espécie de ‘hotel’ para estes insetos.
Manu instalou as colmeias na fachada do restaurante para ajudar na polinização do bairro. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Manu instalou as colmeias na fachada do restaurante para ajudar na polinização do bairro. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
A intervenção começou a ser instalada em meados de outubro do ano passado, quando a chef Manu Buffara decidiu fazer uma de suas reformas anuais no restaurante. Para ela, o objetivo não é apenas estético ou de parecer algo diferente do que é visto em outros locais. É uma forma de ajudar a trazer a natureza para a região central da cidade.
“Eu quis colocar essas caixinhas mais para ajudar na polinização da cidade, do bairro, e para mostrar para as pessoas que estas colmeias podem ser colocadas em casa, que não tem perigo nenhum. É uma forma de mostrar que você está se preocupando com o meio ambiente, com a sociedade e seus vizinhos”, conta a chef conhecida pelo ativismo no uso de ingredientes regionais na cozinha – inclusive o mel de abelhas nativas.
Manu conta que os clientes encararam bem a curiosidade, e não se assustam em passar embaixo de uma colmeia de abelhas. Mas é porque estes insetos são de espécies sem ferrão, dóceis e inofensivas aos seres humanos, como a Jataí, Manduri, Mirim-Guaçu, Mandaçaia e Guaraipo. Além delas há também o ‘hotel’ que abriga as abelhas solitárias, que não tem uma colmeia própria.
“Apesar de também serem de espécies nativas, as abelhas solitárias não têm casa, mas são importantes polinizadores da natureza. Várias pessoas ajudam estas abelhas. O hotel, no formato de flor, é feito com madeiras começando a apodrecer, como pedaços de araucária e pinha, porque elas precisam de pequenos espaços para começarem a produzir”, explica. As peças foram desenvolvidas pelo Estúdio Boitatá e Cannelle Design.
A fachada do restaurante deve ganhar mais duas colmeias até a metade do ano. Mas, por mais curioso que possa parecer, Manu não usa o mel destas caixinhas. A iniciativa passa longe de qualquer viés econômico. Há ainda uma floreira de espécies nativas como pitanga, cabeludinha e araçá, que ajudam as abelhas no trabalho de polinização do bairro.

Fazenda de abelhas

As colmeias e o 'hotel' abrigam cinco espécies de abelhas sem ferrão. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
As colmeias e o 'hotel' abrigam cinco espécies de abelhas sem ferrão. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
O projeto da fazenda de abelhas do Manu, que começou com apenas uma caixinha, foi desenvolvido pela chef em parceria com o produtor Benedito Uczai, da Associação de Meliponicultores de Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba (Amamel), e o agroecólogo Felipe Thiago de Jesus, idealizador do programa Jardins de Mel.
A iniciativa já espalhou 15 unidades em parques e praças de Curitiba desde o ano passado, também para ajudar na manutenção da biodiversidade no município. Segundo Felipe, as abelhas sem ferrão são responsáveis por 90% da polinização da natureza.
“As abelhas são as principais responsáveis pela perpetuação dos frutos, levando néctar e pólen de uma para a outra além da reprodução das espécies”, explica o agroecólogo. Os insetos visitam mais de seis milhões de flores para produzir apenas 1kg de mel de cada vez.

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