Restaurantes
Divisórias, estufas e espaços exclusivos funcionam para proteger clientes nos restaurantes?
De olho no resgate da clientela em meio à pandemia, restaurantes de todo o mundo investem em propostas que visam dar mais segurança aos comensais. Mas, será que as medidas que vem sendo adotadas pelos estabelecimentos são efetivas na prevenção de contaminação? Para tirar estas dúvidas, o Bom Gourmet conversou com o médico infectologista Jaime Roccha, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e ex-diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Divisórias plásticas
Restaurantes como o PenguinEatShabu, na Tailândia, ou o Zé Pataca, em Portugal, investiram em divisórias transparentes nas mesas, como forma de evitar o contato direto entre as pessoas.
De acordo com o médico, as barreiras físicas, como divisórias de plástico ou acrílico, podem limitar a circulação do coronavírus. "A Covid-19 é considerada transmissível principalmente por gotículas e não aerosol", explica. Em síntese, as partículas do corona não são difusas, com uma propagação ampla em todas as direções. "A aerolização de partículas ocorre em outras doenças, como sarampo, tuberculose e varicela. Nestes casos, o vírus ficaria suspenso no ar por mais tempo, diferente do que ocorre com o coronavírus", explica.
Apesar da possível efetividade, a higienização das cabines e das divisórias deve ser feita sempre que o cliente deixar o local. "É fundamental desinfetar as áreas a cada uso".
Na linha do isolamento por barreiras plásticas que permitem limitar a circulação do coronavírus, o Mediamatic Eten, de Amsterdan, ficou mundialmente conhecido por suas estufas dispostas à beira do rio. Dentro delas, as pessoas ficam isoladas pela barreira plástica e recebem os pedidos por meio de longas tábuas de madeira e garçons devidamente paramentados por máscaras.
Área de circulação
Quanto às áreas de circulação comum, inevitáveis mesmo em restaurantes que adotem as divisórias ou as cabanas individuais, o médico é enfático. "Em todos ambientes, mesmo adaptados, haverá área de circulação. Então, o que se deve evitar é um número excessivo de pessoas nestas áreas de passagem, além do uso obrigatório de máscaras".
Distanciamento demarcado
Na esteira do distanciamento necessário, o McDonalds, na Holanda, demarcou o espaço que deve ser respeitado entre os clientes nas filas com grandes círculos amarelos, tendência copiada por outros países. Em Curitiba, a demarcação nas unidades da rede de fast food também é feita, mesmo que de modo mais discreto.
Rocha lembra que respeitar o espaço nas filas para atendimento também ajuda na prevenção. "Mas sempre que o distanciamento seja acompanhado do uso de máscaras e da constante higienização das mãos". Ou seja, de nada adianta ficar distante se as medidas básicas não são respeitadas.
Espaço exclusivos
Na Suécia, o Bord för on en criou um serviço conceitual, no qual o comensal, sozinho, em uma mesa com apenas uma cadeira, recebe o pedido dentro de uma cesta, enviada por uma corda conectada em um sistema de roldana. "Pode ser efetivo, mas pode haver falhas caso a pessoa que manipula os alimentos e a cesta estiverem contaminados".
Outra proposta, implantada em Curitiba pelo Ginger Bar na sua Red Room, é oferecer um serviço super exclusivo, com atendimento em um espaço reservado para, no máximo, quatro pessoas, que estejam fazendo isolamento social juntas. As reservas estão sendo feitas pelo WhatsApp (41) 99122-2327
Com dois turnos de atendimento por noite, os clientes podem ficar até duas horas no espaço mediante o pagamento de uma consumação mínima (um prato principal - a partir de R$ 39 e duas bebidas) e são atendidas por um único funcionário.
"Assim como em outras propostas, a higienização tem que ser rigorosa e vale o bom senso das pessoas. Se tiverem com os mínimos sintomas ou tiverem sido diagnosticadas, é fundamental manter 100% de isolamento", afirma o médico.