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Restaurantes

Conheça o Baba Salim, o árabe mais famoso do Centro, eleito melhor boteco de Curitiba

Flávia Schiochet
14/06/2017 17:00
Sagrado campeão pela terceira edição do concurso Comida di Buteco, só faltou aos clientes do Baba Salim levantarem uma placa de “eu já sabia” na noite de 6 de junho. A porta de ferro ainda estava aberta pela metade quando começaram a entrar as primeiras pessoas para cumprimentar Jamal e Nazha Chiah, o casal que começou a operar a “lujinha” há quase 19 anos.
Eles venceram o concurso com o Fate Salim, prato “meio brasileiro, meio libanês”: miolo de alcatra com tempero árabe, grão-de-bico, amêndoas fritas, pão árabe torrado e molho de tahine.
Petisco elaborado pelo Baba Salim na terceira edição do Comida di Buteco. Foto: Beto Eterovick/Divulgação.
Petisco elaborado pelo Baba Salim na terceira edição do Comida di Buteco. Foto: Beto Eterovick/Divulgação.
O petisco que deu o título de melhor boteco de Curitiba ao Baba Salim continua no cardápio (R$ 24). Isso porque o bar participa da etapa nacional do Comida di Buteco para eleger o melhor boteco do Brasil: até 19 de junho, três jurados anônimos viajam pelo país para provar as porções dos campeões das 20 cidades que disputam o concurso. A cerimônia de premiação será no Rio de Janeiro no dia 9 de julho. No ano passado, o Dom Rodrigo, bar localizado em Santa Quitéria, conquistou o terceiro lugar na competição nacional.
O Baba Salim participa do Comida di Buteco desde a primeira edição em 2015, quando ficou em terceiro lugar; em 2016 chegou em quarto lugar. “Eu não estava tão confiante este ano porque a receita foi criada em cima da hora. Eu queria fazer joelho de camelo, um quibe grelhado, mas como me inscrevi nos últimos dias, outro bar tinha proposto quibe”, conta Jamal. O improviso conquistou o estômago dos jurados.
Nos primeiros minutos de serviço da quarta-feira posterior à premiação, as onze mesas lotaram na primeira hora. Há pelo menos dois anos o bar viu a clientela se multiplicar: se antes eram até 40 clientes por noite, atualmente atendem 70 clientes em seis horas de expediente, com fila de espera no balcão e, não raro, na calçada. Do outro lado da rua dá para sentir o aroma das esfihas e pizzas assando. Na porta verde, um sinal: “Sim, está aberto”.

Negócio em família

Os Chiah emigraram de Baalbek, cidade libanesa famosa pela a “cidade das esfihas” e todos os dias, Jamal ou seu irmão Edinho sobem a porta de ferro às 17h30 e começam a misturar farinha, água e fermento até “dar o ponto”. A massa tem apenas um segredo: “dez mil horas de preparo”, brinca Nazha. A experiência substitui as medidas. “A ideia nunca foi abrir um boteco. Árabe não sabe trabalhar à noite, mas sabe trabalhar com comércio”, garante Nazha.
Era 1998 quando ela e Jamal compraram o ponto de um café chamado Baba Salim, cuja vida foi curta — coisa de oito meses. “A oportunidade nos chamou a atenção, principalmente pelo nome”, diz Jamal.
Nazha e Jamal Chiah: casal começou servindo almoço executivo. Aos poucos, o Baba Salim virou "boteco". Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo
Nazha e Jamal Chiah: casal começou servindo almoço executivo. Aos poucos, o Baba Salim virou "boteco". Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo
Depois de cinco anos almoçando no restaurante universitário, o casal começava a trabalhar sozinho durante o dia servindo prato executivo, pastas e esfihas. Não faltaram clientes na região do Teatro Guaíra, cercada de escritórios e faculdades. Aos poucos, o horário foi estendido até passar a operar apenas à noite: de um casal em 1998, a casa passou a ter três irmãos e quatro funcionários.
Desde o início, a administração do negócio é familiar, como os libaneses historicamente tem feito. Jamal é filho de comerciante (seu pai tem uma loja de armarinhos em Matinhos) e Nazha trabalhou com o irmão e a mãe na Casa de Esfihas do Hussein. O irmão mais velho de Nazha, Hussein Chiah, criou nos anos 1990 a hoje famosa pizza do Baba Salim, feita com massa de esfiha e gergelim branco cobrindo as bordas. A pizza entrou no cardápio do Baba, como é carinhosamente chamado, em 2002. Dez anos depois desbancou as redondas italianas de Curitiba e venceu a categoria Pizza do Prêmio Bom Gourmet 2012.
Pizza do Baba Salim, um dos destaques do cardápio. Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Pizza do Baba Salim, um dos destaques do cardápio. Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Alguns dias depois do concurso Comida di Buteco, Jamal registrou uma das noites mais movimentadas do Baba Salim: preparou 12 quilos de massa e assou 32 pizzas e 460 esfihas. “O povo realmente incorporou o Baba. Quando recebem visita de fora, trazem aqui para comer, como se fosse uma extensão de casa”, conta. “Árabe é muito receptivo, tem isso de querer receber bem”, define Nazha, enquanto distribuía balas para comemorar o prêmio.
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