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Restaurantes

Com bolo Marta Rocha, Confeitaria Holandesa é guardiã da tradição doceira em Curitiba

Marina Mori
08/11/2019 16:38
Quanto de história uma fatia de bolo pode contar? Algumas traduzem o frescor de uma tendência à primeira garfada. Outras revelam, na boca, as memórias de uma década. Ou seis, no caso do Marta Rocha da Confeitaria Holandesa, a sobremesa mais simbólica da tradicional casa de doces do Centro de Curitiba.
Bolo Marta Rocha, da Confeitaria Holandesa. O doce está no cardápio da loja desde sua inauguração, em 1958. Fotos: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Bolo Marta Rocha, da Confeitaria Holandesa. O doce está no cardápio da loja desde sua inauguração, em 1958. Fotos: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Uma mordida nas camadas de pão de ló (branco e de chocolate), creme de estrogonofe de nozes, baba de moça e nata com suspiros do Marta Rocha da Holandesa é suficiente para transportar degustadores mais experientes a 1958, ano em que a casa foi inaugurada na capital paranaense.
Às vezes, nem é preciso comer o bolo, responsável por 50% do faturamento da venda de bolos, para que uma simples menção ao estilo da confeitaria cause confusão – holandesa, neste caso, escrita com letras minúsculas mesmo; assim como se fala de confeitaria francesa ou italiana em referência a um estilo ou origem. A Confeitaria Holandesa se consolidou no imaginário curitibano como referência ao se tratar do tema.

História

“Na época dos anos 60, Curitiba tinha duas, três confeitarias, no máximo”, estima Ingo Procop, 36, um dos administradores do negócio. “Minha tia trabalhou por anos em uma delas, a Leiteria Schaffer [que se tornaria Confeitaria Schaffer em 1944]. Até que ela abriu a Confeitaria Holandesa com o marido, que veio da Holanda e era um dos únicos com diploma de confeiteiro por aqui”.
Não demorou muito para que os bolos com baba de moça e fios de ovos, as tortinhas de creme e os empadões produzidos na esquina das ruas Doutor Pedrosa com a Brigadeiro Franco, no Centro, ganhassem popularidade. Com o passar dos anos, a Confeitaria Holandesa se tornou a guardiã da tradição doceira de Curitiba.
Os irmãos Persio, Karen e Ingo Procop (da esquerda para a direita), responsáveis pela Confeitaria Holandesa. Persio e Karen muitas vezes trabalham na linha de fábrica da empresa, produzindo bolos e tortas.
Os irmãos Persio, Karen e Ingo Procop (da esquerda para a direita), responsáveis pela Confeitaria Holandesa. Persio e Karen muitas vezes trabalham na linha de fábrica da empresa, produzindo bolos e tortas.
A loja cresceu e chegou a outros pontos da cidade, como no casarão da Sete de Setembro e na Carlos de Carvalho, no Batel. Faz alguns anos, porém, que a única aberta é a do Centro. Vendido pelos tios, o espaço passou a ser comandado pelos pais de Ingo, Karin e Persio, que atualmente administram o negócio junto com a mãe Sueli.
Apenas a cozinha industrial fica no Rebouças, por questão de espaço. Lá, são feitos os mais de 300 produtos do catálogo que terminam no balcão da confeitaria ou em versões mini para festas de aniversário e eventos, dos quindins aos mil folhas e dois amores.
Pelo menos 50 deles são bolos que variam entre R$ 69,90 a R$ 89,90 o quilo. Entre os mais pedidos, estão o Marta Rocha, o Fitinhas de Coco (leva quindim cremoso, baba de moça e brigadeiro na composição) e o Brigadeiro, que dispensa descrições. Na seção dos salgados, destaque para a levíssima coxinha de frango com catupiry, vencedora do Prêmio Bom Gourmet 2016.

“Por muito tempo a gente se sentiu parado no tempo e agora é a hora de mudar isso”, diz Karin Procop, uma das sócias da confeitaria.

A necessidade de renovação surgiu com certa urgência e no ritmo das centenas de confeitarias abertas ao longo da última década. “Estamos abertos há 61 anos. Somos antigos, é a nossa essência. Mas a gente está aqui para se adaptar ao novo mercado”, conta Karin Procop, 37, uma das sócias da Confeitaria Holandesa.
“Uma ideia é tornar o ambiente mais instagramável e atrativo, mas sem perder a tradição”. Outra aposta é a parceria com quatro aplicativos de delivery, além do app exclusivo da confeitaria, que está prestes a ser inaugurado. “Estamos para lançar um e-commerce, também”, anuncia Ingo.
O novo momento da empresa também chega ao cardápio, com inovações produzidas pelo caçula da família, Persio Procop, 32. Mesmo sem formação em confeitaria, ele é o responsável por boa parte dos doces que saem da fábrica. “Desde a adolescência eu e a Karin ficávamos na cozinha. Agora, estou tentando umas novidades”, conta.
Uma delas é a tortinha Malu, feita com crosta de bolacha maisena, lâminas de maçãs cozidas em especiarias e creme de brigadeiro branco salpicado com canela. A outra é a Ganache, que ganhou uma apresentação mais moderna ao exibir uma folha de chocolate delicada tingida de dourado. Os irmãos esperam que, ao lado do Marta Rocha, os doces deste novo momento sigam contando as histórias da Confeitaria Holandesa pelas próximas gerações.
Serviço
Confeitaria Holandesa
Endereço: Rua Doutor Pedrosa, 366, Centro – Curitiba
Horários de funcionamento: de segunda à sábado das 8h às 20h / domingos e feriados das 10h às 19h
Delivery: de segunda à sabado, das 8h às 18h, e domingos das 8h às 15h
Contato: (41) 3224-1191
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