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Restaurantes

30 anos com o mesmo cardápio: como o Spaghetto se mantém aberto sem mudar nada

Guilherme Grandi
18/07/2019 12:00
Aberto há quase 31 anos em uma movimentada esquina no Centro de Curitiba, o restaurante Spaghetto já viu pelo menos três gerações de famílias passando por suas mesas desde que foi aberto, em 1988. É uma daquelas histórias de casas que conseguem se manter em pé mesmo com as sucessivas crises econômicas e a abertura de concorrentes sem mudar praticamente nada no cardápio, que conta com mais de 70 pratos servidos no almoço e no jantar, e no ambiente.
O Filet Spaghetto, um dos carros-chefes da casa, foi sugestão de um cliente nos primeiros dias do restaurante. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
O Filet Spaghetto, um dos carros-chefes da casa, foi sugestão de um cliente nos primeiros dias do restaurante. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
É uma história que começou quando os primos-irmãos Antônio Carlos Buffara Farah, 63, e João Carlos Barusso Buffara, 56, resolveram largar a empresa de navegação que tinham em Paranaguá para se aventurar no forno e no fogão. Eles recrutaram a cozinheira da casa de João Carlos, Romilda Pereira, para preparar as receitas que fazia diariamente para a família.
Foi a comida caseira dos ítalo-libaneses que deu origem ao Spaghetto. “A Romilda já queria parar de cozinhar em casa para talvez abrir um restaurante, e aí decidimos aproveitar isso”, conta João Carlos.
Quando o Spaghetto abriu as portas na esquina da Rua Visconde do Rio Branco com a Alameda Dr. Carlos de Carvalho, a paisagem urbana era bem diferente. No lugar dos prédios altos e dos comércios de hoje, a região parecia mais com um bairro familiar, tal qual o dos Buffara. Foi em uma casa centenária que os primos decidiram abrir o restaurante para receber os amigos e quem mais quisesse experimentar comida italiana bem servida a preços acessíveis.
Dos livros de receita de Romilda, que continua até hoje na cozinha do restaurante, e de amigos da família saíram os pratos que até hoje são os carros-chefes do Spaghetto, como a lasanha “da Nonna” com carne de panela desfiada e molho béchamel (R$ 56), o filé à parmigiana com molho sugo e queijo gratinado e o filé mignon ao molho quatro queijos (R$ 99 cada).

Sem mudar [quase] nada

A mudança mais significativa foi a descoberta de uma adega subterrânea que tinha sido aterrada. O espaço passou por obras e se transformou em mais duas salas de atendimento. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
A mudança mais significativa foi a descoberta de uma adega subterrânea que tinha sido aterrada. O espaço passou por obras e se transformou em mais duas salas de atendimento. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
Com exceção da centenária casa no Centro, que passou por algumas reformas ao longo dos anos (incluindo a descoberta de uma adega que tinha sido aterrada), Antônio Carlos conta que nada mudou no cardápio. E que é isso que mantém o Spaghetto aberto até hoje, mesmo com as sucessivas turbulências da economia brasileira.
“O negócio é manter a qualidade, não mudar absolutamente nada. Até hoje os pratos têm os mesmos fornecedores de mais de 20 anos, o mesmo tamanho de porções, todas as massas são preparadas aqui mesmo”, explica. Há ainda o atendimento, com funcionários que são praticamente os mesmos desde que o restaurante abriu – a cozinheira Romilda e a sobrinha dela, Marinilda de Lara, além da auxiliar Josemari Iloloth, somam 31 anos de casa.
Outro motivo apontado pelos primos é o de atender às expectativas dos clientes até mesmo no preparo dos pratos. Se alguém pedir algo que não está no cardápio, mas puder ser preparado, assim o será.
“Temos pratos no cardápio que foram criados por clientes, como o próprio filé da casa. O Filet Spaghetto foi uma sugestão de um cliente que queria um preparo simples de mignon grelhado com talharim verde e brócolis com molho pesto (R$ 99). Tínhamos todos os ingredientes na casa e preparamos, sem nenhum problema. E é assim até hoje”, conta João Carlos.

Sucessão

Duas gerações da família Buffara comandam o Spaghetto: os primeiros sócios, João e Antônio Carlos junto de Bernardo (ao centro). Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
Duas gerações da família Buffara comandam o Spaghetto: os primeiros sócios, João e Antônio Carlos junto de Bernardo (ao centro). Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
Apesar de ainda terem muito fôlego para continuar à frente do restaurante, os primos já pensam na sucessão do restaurante. O filho de João Carlos, Bernardo Buffara, estreou na gerência há dois anos. Ele nasceu no ano em que o local abriu as portas e já pensa no que precisa mudar para os próximos 30 anos.
“Tem que mexer o mínimo possível, apenas naquilo que não afeta diretamente na experiência do cliente, atualizando os sistemas de gestão, equipamentos, mas mantendo os mesmos pratos e tamanhos das porções”, explica. De mudança mais visível é o serviço de entregas em domicílio por aplicativos, que começou a ser implantado recentemente, e a procura por um espaço para uma cozinha maior que atenda a demanda.
Por outro lado, expandir a marca Spaghetto segue fora do radar. Antônio e João Carlos já chegaram a tentar um sistema de franquias há pouco mais de 10 anos, mas desistiram da ideia quando viram que seria difícil manter a qualidade e o frescor dos pratos sem acompanhar de perto os preparos. “A gente gosta de estar aqui diariamente, de conhecer os clientes como uma grande família. Vamos até onde a saúde deixar”.
Serviço:
Restaurante Spaghetto
Endereço: Rua Visconde do Rio Branco, 1302, Centro – Curitiba/PR.
Horários de atendimento: de terça a sexta, das 11h30 às 14h, e das 19h às 23h. Sábados, das 11h30 às 14h30 e das 19h às 23h. Domingos, das 11h30 às 15h e das 19h às 22h.
Telefone: (41) 3013-1294.

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