Restaurantes
Conheça a exótica cozinha africana
Quem viaja a Joanesburgo não sente saudades de casa, pelo menos no que diz respeito à comida. Com uma população superior a cinco milhões de habitantes, a maior cidade da África do Sul possui uma variedade de bons restaurantes. De comida tailandesa à etíope, é possível fazer um verdadeiro tour gastronômico pela cidade pagando um preço justo por isto – come-se bem por cerca de R$ 50.
Entretanto, não são muitos os turistas que se arriscam na comida tradicional local, muito por conta do exotismo. Carne de caça, lagartas e bucho de boi, acompanhados de muito milho e pimenta, compõe a base de quase todos os pratos típicos.
Para os que pretendem conhecer melhor a história do país através da gastronomia, nada melhor do que visitar o restaurante Carnivore que, ao lado do Moyo, é um dos mais expressivos da cidade. A grande atração é o rodízio de carnes como zebra, crocodilo e girafa.
No salão do Carnivore
Os onze cortes servidos no restaurante vêm de uma criação na fazenda Kedar, local que faz parte do complexo Recreation Africa — que possui hotel, SPA, fazenda e restaurante. O Carnivore tem mais de 16 anos e serve até 500 refeições por dia.
O restaurante está localizado a 30 minutos da região hoteleira de Joanesburgo, em uma área chamada de The Cradle of Humankind (Berço da Humanidade), sítio arqueológico com 300 km de extensão, onde os cientistas investigam as origens do homem. Por isto mesmo, dos pratos à decoração, o restaurante valoriza a cultura dos povos nativos sul-africanos. Logo ao entrar, o turista passa por um hall com estátuas dos principais reis africanos, incluindo Nelson Mandela.
O salão amplo é decorado com pele de zebra e pinturas tribais. No centro, uma ilha funciona como uma grande churrasqueira que abastece todas as mesas. Antes de começar a refeição, os garçons explicam como funciona o sistema da casa, avisando que caso não queira mais comer carne basta retirar a pequena bandeira da África do Sul do seu suporte.
Velhos conhecidos
A refeição começa com uma sopa tradicional e pão integral – este último saboroso e macio, marca da panificação do país. A sopa, por sua vez, é um combinado de pimenta-do-reino preta e abóbora batida, com um gosto mais adocicado do que a variedade que se costuma comer no Brasil. Ela é servida em uma pesada caçarola de ferro, assim como o pap (também chamado de ugali ou nsima em algumas regiões), uma espécie de purê de milho branco, base da alimentação sul-africana.
O pap faz às vezes do arroz e feijão dos brasileiros, porém, é mais robusto. Apesar de ser feito apenas de farinha de milho, água e sal, os africanos podem passar bem o dia com apenas uma refeição à base dele. É sempre acompanhado de um molho, sendo o mais tradicional o chakalaka, uma mistura bem apimentada de legumes vermelhos e feijão.
Após a entrada, as carnes começam a ser servidas, exatamente no mesmo sistema das churrascarias brasileiras. Pesados pratos de ferro são entregues aquecidos na mesa, o que ajuda a manter o sabor e o suco. Além do pap, uma torre com sete molhos e uma variedade de saladas também são postas à mesa para ajudar a saborear os cortes.
Apenas o pernil e o lombo dos animais são servidos no estilo espeto-corrido. O resto é triturado e transformado em linguiças, almôndegas e outras iguarias, que são levadas ao cliente no começo da refeição. E também há espaço para nossos conhecidos: a costelinha de porco, o cordeiro, a maminha bovina e o frango a passarinho chegam às mesas com a mesma frequência dos animais exóticos, e são tão saborosos quanto os que provamos aqui.
A hora dos exóticos
Quanto às carnes de caça, é possível encontrar crocodilo, girafa, zebra ou avestruz. Todavia, o cardápio varia sempre. As únicas restrições são os “Big Five” (leão, búfalo, elefante, leopardo e rinoceronte) animais protegidos na África e livre dos menus.
Quatro cortes de carne são servidos por dia. Aconselha-se telefonar previamente para saber o cardápio. No dia da visita feita pelo Bom Gourmet era possível provar o crocodilo, avestruz, impala (um antílope que pode chegar até 60 kg) e kudu (também antílope, com chifres enrolados, conhecido por ter uma carne saudável).
Por ter pouca gordura, o kudu tem textura um pouco mais dura do que a da carne bovina. As tramas da carne são mais juntas e a coloração aproxima-se do cinza, com um toque de bovino bem passado. A grande diferença está no sabor. Ao experimentar o kudu, não se sente um gosto de pimenta forte, mas, ao terminar de engolir, tem-se a sensação boa pós-ardência do condimento.
Já o seu parente, o impala, produz uma sensação igualmente excêntrica. Ao mastigar a carne do herbívoro é possível sentir vários toques de ervas da savana africana. A textura é mais “enfarinhada” por conta do baixo teor de gordura, sendo necessário mastigar muito bem o alimento.
Da seleção experimentada, o crocodilo foi a carne mais saborosa. Se para muitos o jacaré tem sabor semelhante ao do frango e textura de filé de peixe, o crocodilo pode ser dito mais sutil. Não possui a textura do peixe e, neste aspecto, assemelha-se mais a um frango suculento. No quesito sabor, é uma carne branca muito delicada, que acompanhada do molho de alho, compensa qualquer visita ao restaurante.
Para finalizar o passeio pela gastronomia sul-africana, vale adoçar o paladar. Menos exótica, a carta de sobremesa tem cheesecake, sorvete e mousse de chocolate. Mas, quem prefere algo típico, pode optar pelo Malva Pudim — um pedaço de bolo de milho colorido pela adição de chocolate em pó, mergulhado em uma grande quantidade de creme de baunilha quente.
Como em muitas churrascarias brasileiras, o valor da refeição é cobrado por pessoa. Por 205 randes (cerca de US$ 20 ou R$ 55), você experimenta entrada, rodízio, sobremesa e um café. Também há uma seleção para vegetarianos, que, pelo mesmo preço, podem escolher até três pratos a serem degustados. É a única opção à la carte.