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Restaurantes

Os 10 anos da Cantina do Délio e do bistrô francês L’Épicerie em Curitiba

Andrea Torrente
12/02/2017 20:44
Santé! Salute! O brinde pode ser feito em francês ou italiano, como você preferir, porque motivos para comemorar nesse início de 2017 não faltam. Afinal, não é incomum muitos estabelecimentos fecharem com dois anos (ou menos) de funcionamento. Dois restaurantes tradicionais de Curitiba – a italiana Cantina do Délio e o francês L’Épicerie – completam 10 anos nas próximas semanas e os restaurateurs contam como foi essa primeira década de sucesso.

Cantina do Délio

O restaurateur Délio Canabrava, dono da Cantina do Délio e outras casas em Curitiba. Foto: Divulgação
O restaurateur Délio Canabrava, dono da Cantina do Délio e outras casas em Curitiba. Foto: Divulgação
Sobrenome espanhol e família mineira, Délio Canabrava, 45, é o fundador da Cantina do Délio, restaurante italiano à la carte, localizado na Rua Itupava, no Hugo Lange. “Minhas tias de segundo grau e meus avôs casaram com italianos, então todo domingo era gnocchi, macarrão, lasanha. Assim começou minha paixão pela comida italiana, em particular a ‘cucina casalinga’, a caseira, a rústica”, conta Canabrava.
Formado em desenho industrial pela UFPR, com um mestrado em Londres (de 1997 a 2000), Canabrava entrou no mundo da gastronomia por acaso. “Em Londres trabalhei em dois restaurantes italianos para pagar meus estudos. Quando voltei ao Brasil e tive que escolher qual carreira seguir, optei pela gastronomia”, explica o restaurateur.
Mignon com brie e tagliatelle verde na manteiga, novidade da Cantina do Délio. Foto: Hayza Ramos/Divulgação.
Mignon com brie e tagliatelle verde na manteiga, novidade da Cantina do Délio. Foto: Hayza Ramos/Divulgação.
A escolha não podia ser mais propícia. Canabrava abriu o Picanha Brava e o Bar Jacobina, casas que ele vendeu anos depois, mas que ainda existem. Depois vieram a Cantina do Délio, a Banoffi e o Bar CanaBenta. “Na época na Rua Itupava existia só o Tartaruga. Percebi que tinha uma demanda reprimida. Hoje aqui virou uma área comercial muito forte. Ajudamos a desenvolver o polo”, afirma o empresário.
Dez anos atrás, a Cantina era um restaurante bem menor se comparado aos dias de hoje. A reforma realizada em 2014 aumentou a capacidade da casa de 80 para 210 lugares. O cardápio, focado na “cucina casalinga”, porém, continua com poucas variações há uma década. O tagliatelle com salmão e creme de leite (R$ 56,70), a paleta de carneiro assada com batata e brócolis (R$ 116,30), o gnocchi recheado com gorgonzola e molho ao funghi (R$ 53,90), o tiramisù (R$ 16,90) e o sorvete de queijo e calda de goiabada (R$ 16,90) são os carros-chefes.
Salada com frutos do mar, novidade do cardápio. Foto: Hayza Ramos/Divulgação.
Salada com frutos do mar, novidade do cardápio. Foto: Hayza Ramos/Divulgação.
São receitas que Délio aprendeu na viagem de um mês, mochila nas costas, pela Itália, em 2006: de Milão, no Norte, à Sicília, no Sul, passando por Veneza, Liguria, Florença, Roma e Calabria. “Aprendi a autêntica cozinha italiana e as diferentes receitas do país”, conta o restaurateur. Hoje, ele se dedica integralmente à administração dos estabelecimentos, embora se encarregue ainda da parte de criação dos pratos. Desde o começo deste ano, o dia a dia da cozinha ficou nas mãos do chef Claudinei Oliveira (ex restaurante Mukeka).
Tagliatelle com salmão e creme de leite, clássico da casa. Foto:
Tagliatelle com salmão e creme de leite, clássico da casa. Foto:
Recentemente entraram no cardápio o ravioli de queijo servido com mignon e molho ao funghi (R$ 98,90, acompanha o Prato da Boa Lembrança de recordação), a burrata com rúcula e tomate (R$ 24,90), a salada de polvo (R$ 28,90), o gnocchi com camarão e lagostim (R$ 61,90), e o tagliatelle na manteiga com mignon e queijo brie (R$ 69,90).
Délio diz que os primeiros dez anos foram “só alegria”, embora a crise econômica tenha afetado os negócios nos últimos dois anos. “A situação é delicada. Diminui a equipe e fiz uns ajustes. Parece que em 2017 está melhorando um pouco, o movimento parou de cair, a tendência é melhorar”, avalia o empresário.
Ambiente rústico e comida caseira são os traços distintivos da Cantina do Délio. Foto: Divulgação.
Ambiente rústico e comida caseira são os traços distintivos da Cantina do Délio. Foto: Divulgação.
Além de prêmios e reconhecimentos, a Cantina do Délio faz parte do Prato da Boa Lembrança, associação nacional que reúne os melhores restaurantes do Brasil, e exibe o selo Ospitalità Italiana, uma certificação de qualidade, emitida pela Câmara Italiana e pelo Instituto de Turismo da Itália. Em 2016, o restaurante virou parceiro da Gastromotiva, projeto que oferece cursos gratuitos para jovens de baixa renda. Após formado, o aprendiz cozinheiro Kauã Dias Barboza foi contratado por Canabrava e passou a integrar a equipe de cozinha da Cantina.
Serviço
Rua Itupava 1094, Alto da XV – (41) 3078-0010. De terça a sexta das 11h30 às 15h30 e das 18h30 às 0 horas. Sábado das 11h30 às 16 horas e das 18h30 às 0 horas. Domingo das 11h30 às 16 horas.

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L’Épicerie

Com ambiente requintado, L'Épicerie tem capacidade para 40 lugares. Foto: Mel Gabardo/Gazeta do Povo.
Com ambiente requintado, L'Épicerie tem capacidade para 40 lugares. Foto: Mel Gabardo/Gazeta do Povo.
A 10 mil quilômetros de distância da Savoy, região da França onde nasceu e cresceu, Fanie Delatte tenta reproduzir os sabores da sua infância no L’Épicerie, em Curitiba. Há 17 anos no Brasil, cinco no Rio e 12 em Curitiba, ela não está sozinha nessa tarefa. Ao lado tem o marido Gustavo Alves, que entrou no restaurante em 2008, alguns meses após a abertura do restaurante. Hoje é ele que elabora o cardápio.
“De 2010 a 2014 tivemos a nossa melhor fase, ganhamos prêmios e reconhecimentos. Tenho fé que a crise vai trazer coisas boas no futuro”, diz a restauratrice. Com apenas 40 lugares num ambiente elegante, no Batel, o bistrô sempre funcionou só no jantar. O menu, que muda raramente, conta com especialidades clássicas francesas como magret de pato, tournedo Rossini e confit de pato.
Magret de pato com julienne de legumes e torre de maçã caramelizada é um clássico da casa. Foto: Divulgação.
Magret de pato com julienne de legumes e torre de maçã caramelizada é um clássico da casa. Foto: Divulgação.
Agora, ao completar uma década, a casa passa a abrir também no almoço, mas só nos fins de semana e com novos pratos, como strogonoff de carne ou camarão, tartare (que estava disponível apenas como entrada e agora virou prato principal) de carne ou salmão, medalhão de mignon, e peixe do dia. A entrada e sobremesa estão inclusas no preço (R$ 54 a R$ 68).
O chef Gustavo Alves assina o cardápio do L'Epicerie. Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo.
O chef Gustavo Alves assina o cardápio do L'Epicerie. Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo.
Não foram as únicas mudanças recentes. Desde o final de 2015, por causa da crise econômica, o restaurante passou por algumas reformulações. A rolha, por exemplo, é livre todos os dias. “O ano mais difícil foi 2016, sentimos muito a crise e o movimento baixou muito. Mas isso nos levou a ser mais criativos e a tomar decisões que diferentemente não teríamos tomado”, explica Fanie.
Cassoulet (R$  89), feijões brancos, confit de pato e paio, especialidade do Sudoeste da França. Foto: Divulgação.<br>
Cassoulet (R$ 89), feijões brancos, confit de pato e paio, especialidade do Sudoeste da França. Foto: Divulgação.
Durante a semana, o cliente tem a opção de provar menus mais em conta. De terça a quinta, a sequência entrada, prato principal e sobremesa sai por R$ 64. Já de terça a sábado, o menu Soleil oferece tagine de cordeiro, prato marroquino, que é novidade no cardápio: o pernil é cozido lentamente e é servido com cuscuz, ameixas, especiarias e amêndoas. De entrada acompanha salada e a sobremesa é o crème brûlée de flor de laranjeira. O preço é de R$ 82.
Salmão grelhado: o azeite de limão siciliano, ratatouille e batata dauphinois gratinada (R$ 78). Foto: Divulgação.
Salmão grelhado: o azeite de limão siciliano, ratatouille e batata dauphinois gratinada (R$ 78). Foto: Divulgação.
Formada em hotelaria na França, Fanie estagiou por um ano em alguns restaurantes daquele país. No Brasil trabalhou com Claude Troisgros, do Olympe, no Rio. Quando abriu o bistrô na capital paranaense, a gastronomia não era tão desenvolvida como hoje, relembra. “O movimento cresceu rápido desde o início e tudo no boca a boca. O curitibano não é um cliente fácil, é exigente, e muitos vão a lugares que já conhecem. Conseguimos conquistar nossa clientela do zero”, comemora.
Tagine de cordeiro, prato marroquino que é novidade: pernil de cordeiro cozido lentamente em molho de especiairias e mel, ameixas, amêndoas e cuscuz. Foto: Divulgação.
Tagine de cordeiro, prato marroquino que é novidade: pernil de cordeiro cozido lentamente em molho de especiairias e mel, ameixas, amêndoas e cuscuz. Foto: Divulgação.
Serviço
Rua Fernando Simas, 340, Batel – (41) 3079-1889. De terça a quinta das 19 às 23 horas; sexta das 19 às 0 horas. Sábado das 12 às 15 horas e das 19 às 23h45; domingo das 12 às 15 horas.

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