Restaurantes
Litoral do PR tem ostras “Romeu e Julieta” e com gorgonzola e mel; confira o roteiro
O paraíso das ostras existe e, para a sorte grande dos paranaenses, fica logo ali: basta descer a serra em direção à Guaratuba, passar pelo ferry-boat e seguir por mais três quilômetros na estrada do Cabaraquara. É onde começa o Caminho das Ostras, uma rota de aproximadamente 700 metros em que estão cinco restaurantes especializados em ostra, o molusco mais requintado do mundo.
As ostras do Cabaraquara, da espécie Crassostrea brasiliana (ou gasar), carregam o prestígio de seu sabor e pureza graças ao local em que são cultivadas. A baía de Guaratuba faz parte de uma região de preservação natural – a Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba (conhecida também como APA de Guaratuba) e o Parque Nacional de Saint Hilare-Lange – e, por isso, suas águas são praticamente livres de resíduos nocivos, como combustíveis e outros dejetos.
“Como é um animal filtrador, a ostra se alimenta tanto dos bons nutrientes (fitoplânctons) quanto dos ruins, então a água em que ela vive precisa ser muito saudável”, explica a gestora ambiental Larissa Sadoski. A região de Guaratuba começou a produzir ostras há 20 anos, quando Hamilton de Moura Kirchner, 43, proprietário do restaurante Ostra Viva, criou o projeto de mesmo nome com o pai, Hamilton Kirchner Filho.
“Me sinto realizado por ter ajudado a transformar uma região que era pouco produtiva e que tem bastante potencial econômico e gastronômico”, diz Hamilton. O termo representa bem o que aconteceu com a estrada do Cabaraquara ao longo das últimas duas décadas: depois do Ostra Viva, a região se transformou em um oásis para os apreciadores da gastronomia litorânea.
“Nós temos umas das três melhores ostras do mundo, sabia?”, diz o extrativista, orgulhoso. Ele se refere a um episódio que é quase uma lenda na região. Segundo Hamilton, o historiador japonês Kikuo Yamamoto, que andou pelos cinco continentes em busca das ostras mais inesquecíveis do globo, se emocionou com a Crassostrea brasiliana (gasar). “Já provei ostras praticamente do mundo inteiro, mas seguramente posso dizer que as ostras de Guaratuba estão entre as três mais saborosas do mundo”, comentou ao passar pelo litoral paranaense.
O Bom Gourmet visitou todos os restaurantes do Caminho da Ostra e a lista apresenta os estabelecimentos de acordo com a ordem do trajeto. Os preços são de janeiro de 2018.
Toca da Ostra
A 500 metros do Iate Clube Caiobá, a Toca da Ostra é o primeiro restaurante do roteiro, mas não o mais antigo. Foi aberto há cinco anos e conta com um ambiente amplo, com capacidade para até 50 pessoas. No cardápio, que também oferece caranguejo e outros frutos do mar, as ostras são servidas em seis sabores diferentes. A natural (crua, com limão e sal) e a gratinada, assada com vinagre, azeite de oliva e queijo, são os carros-chefes da casa. Os preços da dúzia vão de R$ 31 a R$ 42.
Serviço
Horário de funcionamento durante a temporada de verão: todos os dias, das 12 às 23h. Ao longo do ano, o restaurante abre só nos fins de semana e feriados, das 12 às 18h. Dependendo do movimento, pode fechar mais cedo e, por isso, a dica é telefonar antes. Contato: (41) 9 9128-3397
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Vivere Parvo
Alguns metros adiante, à direita, está o Vivere Parvo. Ao subir as escadas que dão acesso ao terreno de 10 mil m², logo se percebe que o espaço é muito mais que um restaurante. Fontes de água e plantas de todo o tipo cercam os dois ambientes construídos em madeira que, ao todo, têm capacidade para 180 pessoas. O estabelecimento tem até um mirante que dá vista para a baía de Guaratuba.
Tudo no local foi construído pelos donos do restaurante, Ede de Souza Monteiro Jr., 59, o Edinho, e seu filho, Marcelo Ferraz Monteiro, 32. A família, natural de Brasília, se mudou para Guaratuba há 19 anos e, pouco tempo depois, em 2003, abriu o restaurante. “Vivere parvo em latim significa viver feliz, viver tranquilo com pouco”, explica Edinho.
A frase faz jus à sua história. Ele abandonou a profissão de programador de sistemas para viver de artesanato no litoral do Paraná. Na época, trocou o sítio em meio à Mata Atlântica por um computador 286 que valia mil dólares. “Depois do Bill Gates, quem fez o melhor negócio da história fui eu”, brinca.
No cardápio do restaurante há 14 sabores diferentes de ostras, que variam de R$ 38 (in natura, com sal e limão) a R$ 45 a dúzia. A mais pedida é a Carmel, gratinada com gorgonzola e mel (R$ 44). Os outros pratos de frutos do mar vão de R$ 70 a R$ 140.
Serviço
Horário de funcionamento durante a temporada de verão: todos os dias, das 12 às 22h. Ao longo do ano, o restaurante abre só nos fins de semana e feriados, das 12 às 18h. Pagamento apenas em dinheiro ou transferência bancária. Contato: (41) 9 9785-5342
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Restaurante Mata Atlântica
Quem avista a passagem discreta sinalizada por uma placa à beira da estrada do Cabaraquara mal pode imaginar o que há no fim das escadas em meio à Mata Atlântica. Um recanto tranquilo e colorido desponta na descida de cada degrau: depois de passar por um jardim sensorial e várias placas que indicam as atividades de entretenimento disponíveis no local – do passeio à baía ao spa com duas salas de massagem e ofurô –, uma ampla construção em madeira cresce à vista.
O restaurante Mata Atlântica é comandado pelas brasilienses Luiza Capita Xavier, 64, e sua filha, Ana Carolina Xavier, 35. Luiza, que estudou durante a adolescência com Edinho, do Vivere Parvo, chegou à Guaratuba quase na mesma época que o amigo. Porém, decidiu abrir um estabelecimento há apenas quatro anos. O espaço tem capacidade para 70 pessoas.
Embora seja novo em comparação aos outros restaurantes da região, o restaurante surpreende pelo cardápio. “Fazemos questão de homenagear a culinária tradicional caiçara nos pratos”, afirma Luiza. Um deles é o pastel de Cambira (peixe parati defumado), conhecido também como bacalhau caiçara.
Entre os 16 sabores disponíveis de ostras, destacam-se a Caipirostra, servida crua com raspas de limão e cachaça, e a Romeu e Julieta, gratinada com goiabada e parmesão (R$ 46, com 12 ostras). Os preços variam de R$ 40 a R$ 48 a dúzia. O restaurante também faz o risoto de ostra, feito com arroz arbóreo na manteiga e vinho branco (R$ 110, serve duas pessoas).
Serviço
Horário de funcionamento durante a temporada de verão: todos os dias, das 11h30 às 20h. Ao longo do ano, o restaurante abre de sexta a domingo, das 11h30 às 16h. Contato: (41) 9 9115-6113
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Sítio Sambaqui
Aberto desde 2003, o restaurante é comandado pelo curitibano Nereu de Oliveira, 48. Além das ostras, o espaço é voltado aos cuidados com o meio ambiente: possui uma estação de tratamento de esgoto e outra de reciclagem de lixo.
Todas as ostras servidas ali vêm de seu cultivo próprio, cuja capacidade é de seis mil dúzias ao longo do ano – durante o verão, são vendidas em média 100 dúzias por dia.
No cardápio, cada prato é feito com ingredientes produzidos em um raio de 50 quilômetros e toda a mão de obra do restaurante é local. Os preços das dúzias de ostras variam de R$ 30 a R$ 45. Entre os 20 sabores do menu, as que mais saem são as gratinadas e as cruas, servidas sobre gelo com sal e com limão e molho de alho.
Depois da refeição, a dica é passear ao longo da passarela de 200 metros que desemboca na baía, com vista para o cultivo de ostras. Lá, é possível fazer atividades como stand up paddle e caiaque (preços sob consulta).
Serviço
Horário de funcionamento durante a temporada de verão: de terça a domingo, das 12h às 21h. Ao longo do ano, o restaurante abre só nos fins de semana, das 12 às 17h. Contato: (41) 9 8434-7171
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Restaurante Ostra Viva
O restaurante Ostra Viva é o último ao longo do trajeto do Caminho das Ostras, mas é pioneiro na região. Hamilton de Moura Kirchner, 43, e seu pai, Hamilton Kirchner Filho (falecido em 2006) trocaram Brasília por Guaratuba há 20 anos, quando criaram o projeto Ostra Viva. Eles foram os responsáveis pelo primeiro cultivo de ostras do Paraná e atualmente, as 10 mil dúzias produzidas anualmente abastecem seu restaurante, o Ostra Viva. Durante o verão, Hamilton vende em média 100 dúzias por dia.
“Se eu te contar como foi que o restaurante começou, você não vai nem acreditar”, diz Hamilton. Quando começaram o cultivo, ele e o pai vendiam as ostras apenas para viagem. Um ano depois, porém, um amigo insistiu em comê-las ali, no chão mesmo.
“No dia seguinte, ele trouxe mais um grupo de amigos e improvisei umas mesas e cadeiras”, relembra. Não parou mais. Hoje, seus clientes se tornaram amigos e muitos deles fazem parte da terceira geração de apreciadores do molusco.
O cardápio tem 14 sabores diferentes de ostras e, por isso, a dica é pedir o “pot-pourri”, a dúzia servida em três sabores (R$ 58,50). Entre os destaques, ostras assadas na churrasqueira com molho à base de champignon e nozes ou servidas com queijo raclette e geleia de vinho.
Não vale sair de lá, porém, sem provar a versão in natura (R$ 55,50), servida sobre gelo com sal e com limão, aberta pelo próprio Hamilton. Ele é o único do restaurante responsável pela tarefa, considerada difícil e delicada. Caso queira levar as ostras para casa, a dúzia sai por R$ 15.
Serviço
Horário de funcionamento durante a temporada de verão: todos os dias, das 12 às 20h. Ao longo do ano, o restaurante abre só nos fins de semana e feriados, das 12 às 18h. Contato: (41) 9 9978-8766 e (41) 9 9198-8766
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