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Baviera completa 45 anos: conheça a história da tradicional cantina italiana
Ao atravessar a porta da Cantina Baviera, em frente à trincheira do viaduto da Alameda Augusto Stellfeld, no Centro de Curitiba, a impressão que se tem é a de voltar alguns séculos no tempo, até a era medieval. Logo na entrada da casa sem janelas, luminárias da Catedral Metropolitana de Curitiba iluminam o local escuro e muitas gravuras da época da colonização alemã enchem as paredes. Do lado esquerdo, vê-se um violoncelo com só algumas cordas, um filtro de água antigo, barricas de madeira empilhadas, e um enorme e comprido alambique, objeto usado desde a Idade Média para destilar bebidas alcoólicas.
Do lado direito, uma balança antiga fica posicionada ao lado de um banco de praça, no qual os clientes que aguardam uma mesa costumam se sentar. “Esse está velho, feio, mas eu não quero trocar por um novo porque perde a graça”, confessa Giovanni Muffone, de 79 anos, proprietário do negócio desde a abertura, em 1972.
Os objetos que compõem a decoração peculiar denunciam a adoração do dono pelas velharias. Antigamente, antes de abrir o restaurante, ele administrava um antiquário, que ficava localizado onde hoje é o Madero do Relógio das Flores, no Largo da Ordem, a alguns passos da Baviera. De lá, e de viagens do proprietário, vieram boa parte dos itens decorativos que dão um charme ao restaurante. Giovanni não se esquece do dia em que surgiu a oportunidade de abrir o Baviera. Victor Siesko, um amigo das antigas, levou a proposta a ele: havia encontrado um imóvel com potencial, na época de propriedade da família Hauer.
Giovanni já tinha alguma experiência com administração de negócios: quando jovem, já havia tocado, além do antiquário, uma loja da Chocolates ICAB, que pertencia a seus pais. Filho de pai italiano, de Cortemilia, na região de Piemonte, e mãe baiana, adquiriria ainda mais experiência quatro anos mais tarde, quando fundou o restaurante A Sacristia, em moldes parecidos com os da Cantina Baviera.
“A parte da entrada da Baviera era o porão e a garagem da casa. Onde hoje fica o forno à lenha era a lavanderia. E ali naquele salão de mesas ficava a sala de cinema da casa”, relembra Giovanni, apontando para cima. Ele e Victor trataram de fechar negócio, para então reformar o local e abrir uma choperia, estabelecimento da moda nos anos 70 em Curitiba. O nome era para ser Bavaria, mas já existia um homônimo na capital. Então modificaram um pouco e ficou Baviera.
As alterações também passaram pelo cardápio, quando, um mês depois da abertura, Victor deixou o negócio e um outro conhecido de Giovanni assumiu a cozinha, “um tal de Macedo”, lembra vagamente. Ele, que havia trabalhado com um cozinheiro italiano, criou os pratos do menu. Foi aí que surgiu a Baviera como a cantina italiana que em março deste ano completou 45 anos de funcionamento.
Assim como a decoração, o cardápio é super tradicional e foi modificado poucas vezes desde a abertura, com a adição de somente dois pratos nos últimos anos. “Minha filha quer que eu coloque cerveja artesanal no cardápio, mas isso é muito moda”, comentou o proprietário, enquanto comia um calzone de escarola.
Com o tempo, o restaurante se tornou icônico em Curitiba, com pratos clássicos como a soupe à l’oignon (R$ 40), sopa de cebola gratinada com queijo parmesão argentino, e o calzone em dois sabores: escarola com ricota, muçarela e presunto, e ricota com muçarela e presunto. Ambos custam R$ 86 (para duas pessoas) e R$ 98 (para quatro pessoas).
Também são famosos pela cidade o talharim na manteiga com molho sugo e posta (R$ 65, individual; R$ 85, para duas pessoas) e as pizzas assadas em forno à lenha (de R$ 60 a R$ 95), disponíveis em 24 sabores.
Além, é claro, de um prato que Giovanni adora: o Filé do Patrão (R$ 55, individual; R$ 125, para duas pessoas), mignon que acompanha salada, batata frita e arroz. “Uma cliente me viu comendo uma vez e disse ‘quero um igual ao dele’. Aí entrou para o cardápio”, conta o proprietário.
Para adoçar, a goiaba com ricota caseira (R$ 22) e o pudim de caramelo com creme (R$ 20) são os mais tradicionais. Na carta de bebidas há quase 50 rótulos de vinho e champagne, com preços que variam de R$ 30 a R$ 460. Também é possível comprar meia garrafa ou um quarto. Nas mesas, os pratos e bebidas são servidos em toalhas quadriculadas vermelhas e brancas e dividem espaço com velas enormes, que reforçam o aconchego e o ar rústico do ambiente.
Em um passeio pelo restaurante, Giovanni conta que, para que o alambique tivesse um apoio melhor, o ideal era que o equipamento ficasse no centro do salão inferior, onde hoje está posicionada uma mesa retangular e comprida de madeira, com capacidade para dez pessoas. “Eu até acho que ficaria melhor, mas adoro aquela mesa ali. Quando sento nela, me sinto um rei”, ri Giovanni Muffone.
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