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Milho: o grande protagonista das festas juninas; confira 3 receitas

Guta Bolzan, especial para o Bom Gourmet
15/06/2022 14:34
Junho chegou e, com ele, as tradicionais festas juninas, realizadas de Norte a Sul do país. Muita festa e música marcam o período, além de comidas típicas. Aliás, você já parou para pensar o que a maioria dos quitutes da época têm em comum?Acertou quem pensou em um dos ingredientes mais populares em todo o Brasil: o milho.
“As comidas típicas do período e os seus modos de preparo variam em cada estado, mas o milho quase sempre é o protagonista, principalmente porque é um grão presente em todas as regiões brasileiras”, afirma Renato Camassutti Bedore, professor do curso de Gastronomia da Universidade Positivo (UP).
Pamonha, curau, canjica, bolo de milho, cuscuz, pipoca e muitos outros têm raízes distintas: alguns são indígenas, outros africanos e portugueses. E não há um estado que detenha a origem desta ou daquela receita. “Não existe um preparo original, porque a comida está sempre em transformação, as construções culturais nunca estão solidificadas”, explica Bedore.
Segundo o docente, alguns estudos dizem inclusive que não devemos pensar na culinária de maneira regionalizada. “O ideal seria não determinamos a origem pelo território, mas pelo que chamamos de mancha do ingrediente. Dessa maneira, encontramos a culinária caipira, por exemplo, em diversos estados, como Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. O mesmo ocorre com as comidas típicas juninas, pois o milho está presente em todo o interior do Brasil”, esclarece.
Segundo a chef mineira, radicada em Curitiba, Maria Guimarães Freitas, do restaurante Dedo de Moça, além de ser um ingrediente versátil, há a facilidade de encontrarmos milho praticamente durante todo o ano. “E uma das grandes contribuições deste ingrediente para a culinária brasileira é o fato de que é democrático. É possível prepará-lo de diferentes formas, sejam pratos doces ou salgados. Além de ser um coringa, que funciona como prato principal ou acompanhamento, das preparações mais simples às mais complexas”, complementa a chef.
A chef mineira, radicada em Curitiba, Maria Guimarães Freitas, do restaurante Dedo de Moça.
A chef mineira, radicada em Curitiba, Maria Guimarães Freitas, do restaurante Dedo de Moça.
E entre essas inúmeras possibilidades de preparos é que surgem as variações regionais de cada um dos pratos juninos. Em Minas Gerais, por exemplo, é comum que a canjica – o tradicional milho quebrado grosseiramente e cozido – também leve amendoim em seu preparo. Já na região Sul, a canjica geralmente é feita apenas com um toque de canela, sem a adição de outro grão ao prato.
"Tem quem coloque leite condensado no curau, tem quem prefira apenas com açúcar. No fim, o que importa mesmo é a base, que é sempre o milho”, explica a chef Maria.

A origem das celebrações

Há quem diga que as festas juninas são uma adaptação das festas da colheita que aconteciam na Europa em meados de junho. No continente europeu, comemorava-se a colheita do trigo, uma cultura de longa duração, cuja colheita ocorria apenas uma vez por ano. No Brasil, como o plantio de trigo não era tradição, diz-se que a festa foi adaptada à colheita do milho.
Com tantas influências culturais, essa teoria pode ter um fundo de verdade. No entanto, de acordo com Bedore, o grande motivo de comemorarmos é a nossa tradição religiosa, uma vez que as festas juninas surgiram para celebrar os santos católicos do período: Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).
“É um grande momento de celebração da fé católica. As comidas típicas fazem parte da festa também pela época, já que é o momento da colheita deste grão que se encontra em todas as regiões brasileiras.”

Da colheita à mesa

Atualmente, o Brasil é um grande produtor desse grão, que foi domesticado pelos Incas e difundido no país pelos povos nativos. Hoje, são duas colheitas anuais: a 1ª safra, plantada em agosto, e a 2ª safra, a maior, plantada em janeiro e colhida entre os meses de maio e agosto.
“A produção do milho verde, destinada ao consumo humano, concentra-se na agricultura familiar. No Paraná, por exemplo, um dos maiores produtores é o município de Morretes, no litoral”, afirma o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio.
Para quem quer celebrar o período ou apenas saborear delícias típicas das festas juninas, a chef Maria Guimarães Freitas preparou o passo a passo de algumas receitas. Segundo a chef, o pulo do gato para o bolo de milho ficar com consistência cremosa e úmida, é justamente utilizar todo o bagaço. Já no caso da canjica e do curau, o segredo é o sal.
“Uma pitada de sal realça o sabor do doce e confere um sabor marcante aos preparos”, ensina.
Confira as receitas:

Curau de milho verde

O curau de milho verde debulhado é servido com canela polvilhada.
O curau de milho verde debulhado é servido com canela polvilhada.
  • 8 espigas de milho debulhadas
  • 1 litro de leite integral
  • 1 xícara de açúcar
  • 1 pitada de sal
  • Uma colher de manteiga
  • Canela em pó
  1. Limpe e prepare o milho. Com uma faca, debulhe os grãos da espiga e bata-os no liquidificador com o leite.
  2. Passe essa mistura por uma peneira direto na panela.
  3. Adicione a manteiga, o açúcar e o sal e leve ao fogo médio mexendo sem parar, até começar a engrossar.
  4. Abaixe o fogo e continue mexendo por cerca de 10 minutos para não embolar.
  5. Sirva em potes individuais ou em travessa.
  6. Finalize com um toque de canela em pó.

Bolo de milho rústico

  • 6 espigas de milho verde
  • 1 litro de leite integral
  • 4 ovos
  • 3 colheres de sopa de manteiga
  • 1 ½ xícara de chá de açúcar
  • 2 xícaras de chá de trigo
  • 1 colher de sopa de fermento químico em pó
  1. Bata bem a manteiga, os ovos e o açúcar na batedeira até formar um creme claro.
  2. Limpe e prepare o milho.
  3. Com uma faca, debulhe o milho, coloque o milho debulhado no liquidificador com o leite e bata.
  4. Acrescente essa mistura sem coar no creme de manteiga com ovos e açúcar.
  5. Acrescente o trigo e misture bem.
  6. Em seguida, adicione o fermento pó e bata ligeiramente.
  7. Despeje em uma forma untada com óleo e trigo e leve para assar em forno pré-aquecido a 180°C, por cerca de 30 a 40 minutos.

Canjica cremosa

Na Sul, a canjica – grão de milho quebrado grosseiramente – geralmente é feita apenas com um toque de canela.
Na Sul, a canjica – grão de milho quebrado grosseiramente – geralmente é feita apenas com um toque de canela.
  • 500 g de canjica branca
  • 1 litro de água para cozinhar
  • 1 litro de leite
  • 1 caixa de leite condensado
  • 2 colheres de açúcar (opcional)
  • Um coco fresco ralado
  • 5 cravos da índia
  • 1 rama de canela
  • 1 pitada de sal
  • Canela em pó
  1. Coloque o milho de canjica em uma panela de pressão com água e deixe cozinhar por cerca de 30 a 40 minutos.
  2. Quando o milho estiver na consistência desejada, escorra a água do cozimento.
  3. Em uma panela grande coloque o leite, o leite condensado, açúcar, os cravos, o coco, a canela em rama e, em seguida, a canjica cozida.
  4. Deixe cozinhado em fogo baixo até ficar cremosa.
  5. Para finalizar, acrescente uma pitada de sal.
  6. Finalize com canela em pó para servir.

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