Bom Gourmet
Projeto gratuito no oeste do PR leva pequenos produtores de leite à produção de queijos finos
Há uma rota do queijo no oeste do Paraná, na região composta por Toledo, Cascavel, Diamante d'Oeste, Santa Helena, Palotina e São Miguel do Sul. Ali, é possível comprar queijos finos, como Gouda, Morbier Café, Paulin, Tipo Camembert, tipo Brie, Petit triplo creme, Creme de Brie, Cheddar d'or, Tomme Negro d'oeste, Saint Marcelin, Creme de Cheddar d'or, Saint Marcelin, Tomme Vaudoise, Neufchâtel, Nonna Lúcia. A rota tem a assinatura de pequenos produtores locais, que fazem parte do projeto criado em 2019 pelo Biopark, Parque Tecnológico no Oeste do Paraná, voltado a pequenos produtores de leite.
O objetivo do programa é aumentar a renda dos pequenos e médios produtores de leite a partir do emprego de tecnologias de produção de queijos de alta qualidade e alto valor agregado. Assim, pesquisadores da instituição começaram a captar pequenos e médios produtores e a lhes ensinar a produção de queijos finos. O estado é o segundo maior produtor de leite do país, com mais de 12 milhões de litros diários.
O acesso desses produtores ao projeto é gratuito, e todo o lucro da comercialização fica com eles. Custos eventuais são referentes à necessidade de alteração ou construção do local onde o queijo será produzido. O Biopark e o Biopark Educação respondem por toda a assessoria. Sebrae e o Sistema FAEP/Senar são parceiros do programa para ações de capacitação e desenvolvimento dos produtores.
O projeto atende, hoje, 17 produtores que fabricam 15 tipos de queijos finos. A cada semestre, o programa absorve três novos produtores. Ainda na primeira metade deste ano, serão apresentados a três novas técnicas de produção de outros tipos de queijos.
Para a criação do projeto de queijos finos, o Biopark tomou como base dados do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), que informam que mais de 41% da quantidade diária de leite produzida no estado, cerca de 5 milhões de litros, é destinada para a produção de queijo. O levantamento indica ainda que a maioria dos produtores da região Oeste do Paraná é formada por produtores que possuem entre 30 e 50 vacas leiteiras.
Capacitação e acompanhamento constante
Dentro do trabalho de capacitação que recebem, estão orientações sobre como iniciar a produção, avaliação da qualidade do leite, seleção e transferência de tecnologia de queijo que se adapta melhor às características do leite da propriedade, e passam por auxílio na elaboração da embalagem, ajuda na divulgação e na comercialização do produto.
"Todo semestre, finalizamos o estudo de três queijos novos para transferir aos produtores", explica Kennidy de Bortoli, pesquisador do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Queijos Finos (PDI) do Biopark. "A seleção desses queijos é feita de acordo também com as possibilidades de transferência desses produtos. Para este semestre, estamos finalizando o desenvolvimento de três queijos de tecnologia inspirada nos queijos holandeses, ingleses e suíços, informa.
É a equipe técnica do projeto que realiza as transferências junto aos produtores. Todo o acompanhamento é feito de forma presencial, até que o produtor esteja seguro para produzir sozinho. É o time do programa que também faz o acompanhamento de qualidade dos produtos.
"A cada dois meses realizamos um evento com os produtores de queijo do projeto para capacitá-los nos mais diversos assuntos relacionados a queijos", acrescenta Kennidy.
Por causa desse olhar atento, que precisa ser feito de forma presencial, o projeto por enquanto está voltado apenas aos municípios da região oeste do estado. "Mas existe a vontade", revela Kennidy, sobre levar o programa a outras localidades do Paraná.
Mudanças reais
Cirlei Rossi é filósofa e tentava, em sua cozinha, resgatar o sabor do queijo que comia na infância, feito pela mãe e pela avó. Sua entrada no projeto do Biopark fez com que pudesse fabricar queijos refinados, como o Morbier e o Saint Paulin, ambos de inspiração francesa. O resultado de sua produção permitiu a ela deixar as salas de aula para abrir um restaurante em Toledo.
O queijo tipo Morbier café foi adaptado para o gosto local, substituindo o carvão utilizado na França na composição para o café”, afirma Cirlei. Sua produção inicial atendeu apenas os próprios clientes, mas logo passou a ser disponibilizado também em mercados e adegas. Todo esse trabalho de expansão contou com o apoio dos técnicos do projeto. "Também comercializamos na Flor da Terra, a queijaria fundada e em pleno funcionamento no território do BIopark. Hoje, meus filhos e marido trabalham no negócio, e empregamos três funcionários”, acrescenta.
Marcia Ludwig já produzia queijos frescos e maturados quando iniciou sua participação no projeto. Atualmente, fabrica o Gouda e o Morbier Café, e concentra as vendas em sua queijaria, em Sede Alvorada, Cascavel. "O alto valor agregado [dos produtos] mudou a realidade financeira da minha família", afirma.