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Conheça os três carrinhos de cachorro-quente mais antigos de Curitiba
Antes das pizzas no pedaço e dos hambúrgueres, o cachorro-quente foi o pioneiro da comida de rua de Curitiba. Refeição da noite de quem sai tarde do trabalho ou está na rua para curtir os bares e baladas, o pão com vina e acompanhamentos pode ser encontrado nas esquinas madrugada adentro. Os carrinhos trabalham geralmente das 19 até as 6 horas. Ao todo, Curitiba tem 477 pontos de cachorro-quente legalizados pela prefeitura e muitos ambulantes trabalham há décadas no mesmo local e têm clientela fiel.

É o caso de Elizeu dos Santos Pinto, 47 anos, dono do Dog do Zeu, no Bacacheri, que trabalha com o cachorro-quente desde os 12 anos. Seu pai era funcionário na barraquinha de outra pessoa quando, em 1983, a Lei nº 6.407 regulamentou a atividade. “Nessa época, meu pai decidiu ter seu próprio ponto e eu fui ajudar”, conta Elizeu. Ainda no mesmo bairro, o Bacacheri, Elizeu tem barraca na Rua Holanda, esquina com a Avenida Prefeito Erasto Gaertner. Com 35 anos de atividades, é o carrinho mais antigo de Curitiba.
Os clientes daquela época continuam frequentando o local, assim como novos apreciadores. O sucesso acabou trazendo também pessoas de outras cidades que, diz Elizeu, brincam com o jeito curitibano de chamar o principal ingrediente do produto. “O pessoal de fora fala de brincadeira, mas curitibano mesmo fala vina”, diz Elizeu, que já chegou a vender mil cachorros-quentes em uma noite.

Próximo do Terminal Barreirinha, na Praça Júlio Dotti, Sérgio Luiz Borba, de 59 anos, tem seu ponto desde 1986. Ainda jovem começou a trabalhar com alimentos em um bar do bairro Abranches, onde mora, até que seu pai lhe deu a ideia da nova empreitada. “Foi muito complicado no começo, pois o povo não tinha o costume de comer cachorro-quente”, lembra Júlio.
Após três anos difíceis, a atividade começou a prosperar e o cachorro-quente caiu no gosto dos curitibanos. Hoje, Borba se orgulha de ter clientes antigos e assíduos. O diferencial, afirma, está em seu molho caseiro, preparado pela esposa. “O pessoal diz que não tem igual”, comenta. A inovação também fez parte da história e rendeu muitos clientes. “Fomos os primeiros a colocar purê de batatas no cachorro-quente”, diz.

Foto: levy Ferreira/SMCS
Albertino Galdino, de 69 anos, conta que o gosto dos clientes foi mudando com os anos e novos ingredientes foram sendo incorporados à receita tradicional. “Antes era mais simples, agora tem bacon, calabresa, etc.” O ambulante trabalha no Centro há dez anos. “Tem dias que tem muito movimento”, ressalta. Seu carrinho fica na Rua João Negrão, esquina com a Avenida Marechal Deodoro, autorizado pela prefeitura desde 2008.
O cachorro-quente foi uma grande mudança para Galdino. No passado, era servente de pedreiro, quando descobriu uma doença grave que o impediu de trabalhar em obras e construções. O comércio ambulante foi a alternativa encontrada para o pai de sete filhos. “Não posso reclamar, tenho clientes antigos e sustentei minha família assim”, comenta.