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Tapas: saiba mais sobre a comida que faz parte da identidade da Espanha
Mais do que comida, as tapas estão tão presentes no dia a dia dos espanhóis que, sem medo de errar, é possível afirmar que fazem parte da identidade cultural ibérica. O hábito de comer as pequenas porções de comida geralmente com as mãos, acompanhadas de vinho, cerveja ou sangria, outra paixão nacional, é tão arraigado que o produto tem até um verbo próprio para expressar o ato de saborear a iguaria: tapear, com as variações salir de tapas ou ainda, ir de tapas.
A origem das tapas ou do hábito de consumi-las, como de muitos elementos da gastronomia mundial, não é unânime e há várias versões. Uns dizem que foram impostas pela realeza para minimizar os efeitos do álcool entre condutores de carruagens. Mas a que faz mais sentido, levando-se em conta a terminologia, é que essas pequenas porções de alimento receberam esse nome porque eram usadas para tapar a borda das bebidas, a fim de evitar que insetos caíssem nas taças nos dias mais quentes.
"Essa foi a história que sempre ouvi e o hábito teria surgido, inicialmente, entre os padres, que faziam uma espécie de tampa - ou tapa, em espanhol - com pedaços de jamón ou pão", conta o chef espanhol Oscar Bosch, que comanda o Nit - Bar de Tapas em São Paulo, que integra a lista da categoria Bib Gourmand do Guia Michelin.
Hoje, é claro, as tapas vão muito além de nacos de presunto cru espanhol ou fatias generosas de pão, que continuam presentes nas mesas e balcões de bares por toda Espanha. Na verdade, podem ir desde a simplicidade de uma porção de azeitonas - algo equivalente ao nosso tira-gosto - a pratos mais elaborados, assinados por chefs como o estrelado Dabiz Muñoz, do DiverXo. Ele, inclusive, abriu uma versão de tapas da sua comida, que é servida no StreetXo, na Calle Serrano, em Madrid.
Variedade de tapas
De acordo com Bosch, entre as receitas mais conhecidas estão as croquetas, as patatas bravas, o pan con tomate e jamón e as tortillas, feitas de batatas e ovos, mas é um tipo de preparo que permite usar muita criatividade. "No menu do Nit, por exemplo, eu sempre deixo espaço para criar versões com influência dos sabores do mundo. Pode ser uma costela marinada com chá chinês, uma asinha de frango com molho que remeta ao Japão ou preparos com especiarias que remetam à Índia, por exemplo", explica.
Guardadas as devidas diferenças, o bar de tapas é algo muito próximo dos nossos botecos, espaços que mais do que servir alimentos e bebidas, são pontos de confraternização. Uma das diferenças é do espaço físico: nos bares de tapas, muita gente petiscas nas barras, como são chamados os balcões em terras espanholas. "Aqui, muitas vezes, as porções são um pouco maiores. Como na Espanha, as pessoas incorporam esse estilo de comer na rotina diária, qualquer hora do dia. Sem dúvida alguma, as tapas fazem parte da cultura espanhola e do cotidiano dos espanhóis".
A iguaria ganhou, até mesmo, uma data especial para festejar: 17 de junho. O dia foi instituído pela Asociación Saborea España, com o objetivo de valorizar o produto como uma atração turística e gastronômica. Mas, a verdade é que, aqui entre nós, na Espanha, todo o dia é dia de tapas.