É possível fazer pratos dignos de restaurantes na cozinha de casa. O segredo passa pela técnica, bons ingredientes e pelo uso dos utensílios certos na hora do preparo. Imagine que você encontrou uma receita maravilhosa de um bolo, mas os ingredientes estão em gramas e na sua cozinha não tem uma balança. A panqueca não ficou perfeita porque a panela não tem antiaderente. Ou, ainda, preparou uma linda sobremesa com merengue e na hora de tostar para finalizar, não tinha um maçarico à mão?

As revistas, os realities da televisão e as redes sociais colocaram a gastronomia em evidência e isso tem despertado aquele instinto de chef que até então estava adormecido ou que você nem sabia que tinha. Muito mais do que glamour, a boa cozinha é feita de ingredientes de qualidade, conhecimento das técnicas de preparo e uma ajudinha dos acessórios certos para cada preparo.

Para entender quais utensílios não podem faltar nos armários e gavetas de quem gosta de cozinhar, conversamos com chefs que trouxeram dicas valiosas para quem quer equipar a cozinha, ajudando a identificar os acessórios mais indicados para cada finalidade.

Felipe Miyake, chef do La Varenne Gastronomia, não hesita em dizer que a escolha de boas facas é essencial para o resultado final dos preparos. “Um bom jogo de facas inicial inclui pelo menos três tipos: uma serrilhada para pães e bolos; outra, menor, para cortar legumes e temperos e uma terceira, um pouco maior e afiada, para carnes e aves.

O chef de cozinha Guilherme Guzela concorda com o colega e conta que foi uma faca o primeiro utensílio que comprou quando resolveu investir na carreira de cozinheiro. “Comprei uma faca de chef Tramontina na época. Com o tempo, fui aumentando meu jogo. Se começasse hoje, investiria em um bom jogo de facas e em uma tábua para corte em madeira. Também compraria uma panela grossa com antiaderente”, completa.

Sobre a panela antiaderente, o chef explica que sua vida útil é de, em média, cinco anos. Por isso, na hora da compra, é importante ter em mente que será necessário trocá-la assim que o revestimento sofrer os primeiros danos. As frigideiras de fundo triplo, em aço inox e com antiaderente são boas escolhas.

Para completar o jogo, é preciso levar em conta as reais necessidades do cozinheiro, já que cada tipo de panela tem características e indicações específicas para certos alimentos e tipos de preparos.

Alguns dos materiais mais indicados são o aço inox e a cerâmica, recomendados por permitirem uma melhor distribuição de calor; já as feitas com ferro ou cobre tem grande durabilidade; as de teflon e alumínio, apesar de serem mais acessíveis, são pouco recomendadas por liberarem partículas metálicas e oferecerem riscos de contaminação.

No capítulo das panelas, as frigideiras merecem um parágrafo à parte. A antiaderente de alumínio garante que o alimento frite mais lentamente e com menor quantidade de gordura. Mas se a intenção é valorizar a fritura, a melhor opção é o utensílio feito com revestimento de cerâmica. Já a de aço inoxidável é ideal para cozinhar carnes e aves, pois armazena bem o calor.

Há ainda a opção em titânio, que tem longa durabilidade, é leve, fácil de manusear e ideal para o preparo de alimentos em alta temperatura. Para fechar a lista, um clássico das cozinhas de restaurantes: a frigideira em ferro fundido. É a queridinha dos chefs na hora de preparar uma boa carne.

Ao escolher panelas e frigideiras considere também os utensílios que serão usados com elas, como espátulas e pegadores. Prefira os de ponta de silicone, que não danificam o material ou o revestimento. Se escolher a de aço inox saiba que, para evitar manchas, não é indicado armazenar alimentos cozidos dentro.

Faca de lâmina alongada e com corte de serra (serrilhada) utilizada para cortar pães. Também pode ser útil para cortar com mais firmeza e segurança vegetais e frutas de cascas duras. Não é indicada para carnes.

Faca de lâmina longa ou curta, semiflexível ou de corte liso, utilizada para desossar carnes em geral.

Facas de lâminas rígidas, longas ou curtas de corte liso utilizadas para os mais diversos tipos de cortes em alimentos crus ou cozidos. Medem entre 15 a 30 cm de comprimento e têm ponta um pouco curvada, o que permite que deslizem enquanto cortam os alimentos. É geralmente a faca mais utilizada dentro de uma cozinha.

Faca de lâmina lisa ou serrilhada utilizada principalmente para trabalhar legumes e frutas, torneando ou descascando conforme a necessidade. É a segunda mais importante no kit de um cozinheiro.

Faca de lâmina curta e sem corte aparente que é utilizada para abrir frutos do mar com conchas, especialmente ostras e vieiras.

Faca de lamina rígida tipo machado com lâmina grossa e pesada. É usada para abertura de carcaças e cortes de carnes com ossos ou congeladas.

A chef Joy Leticia Perine, hoje à frente do espaço Enjoy Gastronomia, relembra que no início de sua carreira, quando tinha 18 anos, os primeiros equipamentos de cozinha com os quais teve contato foram um fogão de quatro bocas e um forno. “Se fosse começar hoje, investiria em um fogão e em um bom forno.” Em relação a utensílios, ela conta indica itens como o descascador de batatas e uma panela grossa.

Na hora de escolher um forno, é preciso ter clara suas necessidades. O forno a gás é o mais econômico enquanto o elétrico permite um controle mais preciso da temperatura. O tamanho deve ser de acordo com o tipo de preparo. Se a ideia é assar bolos, você pode precisar de um forno maior, mas se a sua prioridade são carnes ou massas, um menor pode ser satisfatório.

Farmacêutica por formação e chef por paixão, Luana Wojciechowski Erdmann se formou recentemente no curso de especialização de chef de cuisine restaurateur e pretende, em breve, transformar seu amor pela cozinha em trabalho.

Ela, que cozinha todos os dias em sua casa e compartilha algumas de suas receitas no Instagram @eueminhacozinha, conta que, assim como muitos dos profissionais mais experientes, o primeiro utensílio que comprou foi uma boa faca de chef.

Como gosta de preparar molhos e carnes no dia a dia percebeu a importância de acessórios como o termômetro e a peneira. “Para quem está começando na cozinha, o termômetro pode ajudar a saber o ponto certo da carne, por exemplo. É um instrumento de precisão essencial para executar as receitas. Também utilizo muito a peneira chinois para molhos, quando busco um resultado mais homogêneo ou, ainda, para finalizar uma sobremesa, polvilhando açúcar”, explica.

Outro utensílio que faz parte de seu arsenal básico é o pilão, que é bastante útil para preparar molhos, como o pesto. Ela aconselha também a investir em um moedor de sal e pimentas. “A pimenta moída na hora traz mais sabor e perfume, conferindo um toque especial aos pratos.”

◉ O processador ajuda em muitas ocasiões, seja para moer sementes, fazer pastas ou picar legumes. É preciso ficar atento à qualidade e espessura do copo e a qualidade da lâmina – as mais indicadas são as de aço inox, por serem mais resistentes.

◉ O liquidificador faz do suco ao bolo. Prefira os de copo de vidro, com lâminas de aço inox e com no mínimo 500 W de potência.

◉ O mixer de mão pode ser considerado o utensílio mais coringa da cozinha: é perfeito para fazer cremes, emulsões e ganaches. Escolha os modelos mais robustos com no mínimo de 300 W de potência. Alguns trazem acessórios extras, como fouet e picador de gelo.

◉ Descascador de legumes, mandolim e um bom ralador podem ajudar muito na preparação de suas receitas. Existem, ainda, utensílios específicos para ralar gengibre e raspas de limão. Já o spiralizer permite fazer espaguete de legumes.

◉ Balança de precisão, copos e colheres medidores ajudam a executar as receitas com perfeição.

◉ Os bowls são ideais para fazer o famoso mise em place, que é separar e porcionar os ingredientes de uma receita. Procure ter bowls de diferentes tamanhos e materiais. Os mais bonitos você também pode usar para servir.

◉ Ramequins também são um bom investimento. São encontrados em vários tamanhos, preços e cores. E são multiuso, vão da mesa ao forno e ao refrigerador.

◉ Formas de fundo removível: é indispensável para fazer tortas. Elas garantem que você consiga desenformar a torta sem quebrar.

◉ Invista também em algumas formas com formatos diferentes, para destacar a apresentação de bolos e de tortas doces e salgadas.

◉ Teflon: tem preço acessível, revestimento antiaderente e é ideal para preparos com pouco óleo.

◉ Barro: pode ir ao fogo e forno, mantém a temperatura e é ideal para sopas e molhos.

◉ Cerâmica: conserva bem o calor, tem revestimento antiaderente e é fácil de limpar.

◉ Alumínio: preço acessível, é ideal para aquecimento rápido.

◉ Aço Inox: distribui bem o calor, é fácil de limpar e não enferruja.

◉ Esmaltada: mantém a temperatura, não libera resíduos e impede a proliferação de bactérias.

◉ Cobre: esfria e esquenta rapidamente e, embora não sejam baratas, têm grande durabilidade.

◉ Titânio: tem antiaderente, não libera resíduos e, bem conservadas, podem durar a vida toda.

◉ Vidro: não transfere gosto ou cheiro e é fácil de limpar, porém são mais sensíveis e podem queimar os alimentos com mais facilidade.

◉ Ferro: conserva bem a temperatura e é durável.

Batedeira, fouet, bowl em aço inox e espátulas de silicone. Esses são alguns dos utensílios essenciais para quem quer investir em um kit para valorizar sobremesas e doces.

O chef curitibano Eduardo Crema, da Chokolat, lembra que sua primeira compra, aos 25 anos, foi uma batedeira planetária. Hoje, se estivesse começando, ele conta que investiria em um conjunto de bolws de aço inox ou de vidro, um conjunto de fouet e, ainda, em espátulas de silicone.

“É preciso ter uma variedade de tamanhos desses três itens porque a necessidade varia a cada preparo. Se vai bater uma clara em neve, precisa de um bowl e de um fouet grande, por exemplo. Já em relação às espátulas uma dica é ter uma apenas para usar com chocolate, para não transferir sabor”, explica.

Ainda no arsenal de confeitaria figuram também ramequins, maçarico, pinças, ralador de cascas de frutas cítricas e a balança portátil, que garante a precisão que as receitas
de confeitaria pedem.

O confeiteiro Lucas Corazza, apresentador do programa Que seja doce, do GNT, também relembra que o primeiro utensílio que comprou foi uma batedeira planetária. Ele concorda com Crema sobre a escolha de bowls de inox e espátulas de silicone. E acrescenta a importância do forno turbo, que mantém o calor de maneira uniforme e possui um controle de temperatura mais preciso. “Você consegue fazer suspiros em baixa temperatura, assar bolos por igual e ter massas folhadas sempre douradas. Também é útil para desidratar frutas em baixa temperatura e por longos períodos”, exemplifica.

A chef Luana Wojciechowski ensina uma receita fácil, mas com um toque de chef para quem está começando a se aventurar na cozinha.

O que você vai precisar: faca de chef, pilão, penela, forma, moedor de sal e pimenta, mixer de mão e ralado

AGRADECIMENTOS: chef Luana Wojciechowski Erdmann e chef Eduardo Marques Martins
SERVIÇO | (peças usadas nas fotos) –  Poteria Oficina Cerâmica | www.poteria.com.br | (41) 9964-47762. Bergerson Presentes – (41) 3304-4426 | www.bergersonpresentes.com.br. Camicado Shopping Mueller – (41) 3307-1164 | www.camicado.com.br. Agapanthus Floricultura – (41) 3013-3940 | www.agapanthus.com.br. Lucca Café Especiais – www.luccacafesespeciais.com.br | (41) 3016-6675. Marley Pamplona Doces Especiais – www.marleypamplona.com.br | (41) 3262-6194.