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Goiaba paranaense “de carteirinha” ganha Espanha e Suíça valendo mais
As goiabas cultivadas na cidade de Carlópolis, na região Norte do Paraná, começaram a ser exportadas para a Europa após conquistar os selos de Indicação Geográfica (IG) e de boas práticas agrícolas (GlobalG.A.P.). A primeira leva das frutas, com cerca de 900 quilos, chegou à Espanha e à Suíça em meados de outubro e caiu no gosto dos europeus, tanto que já há novos pedidos para o início de 2020.
A goiaba de Carlópolis é um dos 14 alimentos do Paraná já certificados ou em busca de uma indicação geográfica. certificação que reconhece a tradição ou fatores históricos e culturais de uma determinada região.
O que é essa certificação
A GlobalG.A.P é uma certificação exigida pela União Europeia que estabelece uma série de regras de governança e boas práticas no cultivo dos frutos, como a segurança do alimento, a proteção do meio ambiente e bem-estar dos trabalhadores, a redução do uso de defensivos agrícolas e a rastreabilidade desde a origem. O selo foi criado em 1997 e conquistado pelos agricultores de Carlópolis em fevereiro deste ano.
Como conseguir
O processo é feito por empresas autorizadas pela União Europeia após um monitoramento de técnicos da Emater, que visitam as propriedades e orientam os produtores no cumprimento de uma série de quesitos de plantio e manejo. Depois disso, um auditor escolhe aleatoriamente duas propriedades para uma vistoria aprofundada para emitir o selo que autoriza a exportação para a Europa.
Boas práticas
A conquista da certificação europeia veio três anos depois dos produtores conseguirem o selo de Indicação Geográfica (IG) do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O trabalho de adequação das lavouras às regras exigidas pela União Europeia foi feito com todos os 80 membros da associação local e da cooperativa, mas apenas nove puderam se adequar à legislação.
“Como as exigências eram muito rígidas, a maioria deles esbarrou em questões técnicas e financeiras e não conseguiram avançar neste momento. Mas, a meta é que todos se capacitem para atender à demanda do mercado europeu”, esclarece Maurício Castro Alves, gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Santo Antônio da Platina, que auxiliou os produtores na adoção das novas práticas de cultivo.
Goiaba ensacada
Um dos motivos que tornam a goiaba de Carlópolis diferente das outras é o método de produção, com cada fruto envolto eu uma embalagem plástica ao atingir em torno de 2 centímetros de diâmetro até a colheita, realizada 60 dias depois. Isso as protege do ataque de fungos e insetos, e diminui quase a zero o uso de defensivos agrícolas.
“É só no começo da floração e do amadurecimento da goiaba que a gente usa os inseticidas, para proteger o fruto das pragas. Depois a gente ensaca cada um deles e não usa mais nada, é quase como uma produção orgânica”, conta Noriak Akanatsu. Com isso, a goiaba é colhida sem praticamente nada de pesticida.
Embora o cultivo seja um pouco mais trabalhoso, os agricultores conseguem vender a goiaba com uma margem considerável de lucro. O custo atual de plantio e beneficiamento é de R$ 1,70 o quilo, enquanto a venda da fruta varia de R$ 2 a R$ 3 o quilo.
Há demanda para mais
De acordo com o presidente da Cooperativa Agroindustrial de Carlópolis, Noriak Akanatsu, a demanda por novos pedidos é grande, mas uma geada ocorrida em julho deste ano afetou a produção e o fornecimento.
“Estes 900 quilos que mandamos agora para a Espanha e a Suíça são de pomares que conseguimos salvar. Eles gostaram e fizeram novos pedidos, mas só vamos poder atender a partir da próxima safra, em fevereiro do ano que vem”, explica citando a Inglaterra e Portugal como novos mercados interessados na goiaba de Carlópolis.
A área plantada na região vem aumentando ano a ano e já soma 850 hectares. São mais de 34 mil toneladas de goiabas colhidas a cada safra. A expectativa dos produtores é exportar cerca de 30% da produção, ficando com o restante para atender aos consumidores do Sul, Sudeste e Nordeste do país.
A goiaba começou a ser plantada em Carlópolis em 1973 com a chegada de imigrantes japoneses, que viram no clima ameno e nas condições do solo as características ideias para o plantio do fruto. Com isso, a cultura se desenvolveu com algumas particularidades, como um tamanho maior e um sabor mais intenso, além de um visual atraente e maior prazo de validade.