Sorveteria A Formiga existe desde 1952 e oferece 29 sabores

Os degraus em frente ao predinho baixo que fica na Avenida Iguaçu, quase esquina com a Alferes Ângelo Sampaio, no Água Verde, são velhos conhecidos de quem ama os sorvetes d´A Formiga. Fundada em 1952, a sorveteria é uma das mais tradicionais e queridas dos curitibanos – e como o espaço não tem mesas, é mais do que comum ver famílias e grupos de amigos sentados por ali mesmo enquanto degustam os sorvetes de cereja, flocos, milho verde, Romeu e Julieta e outros.

Quem frequenta é unânime em afirmar: os sorvetes têm gosto de infância. O administrador José Marcelo Carvalho é um dos que endossam a frase – ele conheceu o local quando ainda era menino, e aproveitou a sábado de sol para apresentá-lo à esposa e aos dois filhos. “Curiosamente, eu nunca tinha vindo, como morava do outro lado da cidade, acabava frequentando mais o Gaúcho”, conta a médica veterinária Camila Carvalho, fazendo alusão a outra sorveteria clássica em Curitiba. Ela acabou escolhendo o de iogurte e aprovou.

As bolas são vendidas a R$ 5 cada e servidas na casquinha ou copinho (há outras opções como Banana Split também, R$ 15, mas os sorvetes clássicos seguem imbatíveis). Os fins de semana acabam sendo os dias mais movimentados e o espaço em frente à sorveteria fica cheio. A atual proprietária, Evani Frischmann, estima que cerca de 800 pessoas passem por lá por dia nos sábados e domingos de tempo bom.

A Formiga foi fundada em 1952, por Carlos Augusto Verlangieri, o seu Carlito, que comandou o negócio até 1988, quando foi vendido a Evani. A empresária veio de São Paulo para Curitiba com o marido no fim da década de 1980 – em princípio, a mudança seria temporária, mas gostaram tanto daqui que resolveram ficar. E acabaram comprando A Formiga, que ela toca desde então – junto com a estrutura do local, que se mantém quase a mesma desde que abriu (o estilo do quadro com os sabores disponíveis não deixa dúvidas), vieram também as receitas.

“Tentamos manter a tradição e nossos sorvetes pouco mudaram desde aquela época: são feitos basicamente de leite, frutas e pouco açúcar”, explica ela. Nas últimas décadas, alguns sabores como passas ao rum, cereja, milho verde, pistache e Romeu e Julieta passaram a dividir o espaço com os já populares sorvetes de creme, morango, chocolate e flocos (que são até hoje os mais pedidos).

Outra figura que faz parte da história d’A Formiga é a Rosa Batista Teixeira, a Rosinha, que trabalha na sorveteria há 41 anos – seja atendendo aos clientes no balcão, seja fabricando os sorvetes. “Temos um cliente cuja filha hoje mora dos Estados Unidos e que conta que cada vez que vai visitá-la, ela pergunta ‘e A Formiga, continua funcionando? E a Rosinha, continua lá?’ e eu continuo por aqui, sim”, conta Rosa, que trabalha na sorveteria desde 1975.

Quando juntas, Evani e Rosa abrem o baú de lembranças da sorveteria e têm uma lista extensa de histórias e curiosidades que viveram ali. “Chamo isso aqui de consultório sentimental”, brinca a proprietária, que diverte-se contando das “brigas” de casais sobre qual sabor escolher. “Tem gente que frequenta a sorveteria há tanto tempo que já trouxe filhos, netos e agora até bisnetos”, diz. Ela conta que também já presenciou histórias inusitadas, como casais que se conheceram por lá e acabaram casando e até reencontro de velhos amigos.

Em geral, há cerca de 30 sabores disponíveis n’A Formiga. O número pode variar um pouco porque há também algumas opções sazonais, que ficam disponíveis de acordo com a época das frutas – atualmente, tem sorvete de manga, por exemplo.

Tudo é feito no local – da compra das frutas para os sorvetes às caldas de chocolate (feita por Evani) e caramelo (que fica sob responsabilidade de Rosa). “Vamos fabricando os sorvetes de acordo com a necessidade, ou seja, quando um sabor está acabando é que vamos fazer mais”, explica Evani.

Além disso, é importante lembrar que local não aceita cartões, apenas dinheiro – a caixa registradora é outra relíquia (que muita gente já tentou comprar, inclusive).

Sorveteria A Formiga, Avenida Iguaçu, 2.011, Água Verde – (41) 3242-0563. Abre às segundas das 13h às 19h e de terça a domingo das 10h às 19h.