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Produtos & Ingredientes

Culinária vietnamita está cada vez mais fácil de ser reproduzida

Andrea Nguyen, para o The Washington Post
24/02/2019 17:00
De Nova York  — Logo depois que postei uma foto de um prato de coxas de frango grelhadas ao modo vietnamita, recebi um comentário: “Você pode me recomendar um mercado asiático?”. Eu descrevi a receita como simples de fazer, mas quem me fez a pergunta não imaginou que ela teria ingredientes difíceis de encontrar.
Sempre que contei sobre a viabilidade de fazer boa comida asiática com produtos de mercados comuns, as pessoas estranhavam e ficavam surpresas. Mas as coxas de frango são a prova de que você consegue fazer pratos vietnamitas com ingredientes das lojas em que está acostumado a fazer compras.
Arroz de coco e açafrão. Foto:  Stacy Zarin Goldberg/The Washington Post
Arroz de coco e açafrão. Foto: Stacy Zarin Goldberg/The Washington Post
Mesmo com o pensamento comum de que supermercados são para os plebeus, eu sempre os amei. Em maio de 1975, quando minha família se mudou para os Estados Unidos e visitamos o primeiro supermercado, fiquei praticamente tonto. Pilhas de maçãs e laranjas, carne embalada em plástico e produtos etiquetados. Um cenário muito diferente do caos dos mercados a céu aberto que frequentávamos perto da nossa casa, em Saigon.
Diferente do açúcar de procedência duvidável do meu país de origem, o açúcar granulado norte-americano é fabuloso para fazer caramelo meio amargo, muito utilizado nos tradicionais sanduíches vietnamitas de carne e frutos do mar. Encontramos farinhas que são boas substitutas para a farinha de arroz utilizada no banh cuon (rolos de arroz cozido no vapor). Aprendemos a confiar no óleo de soja até encontrarmos óleo de peixe na Chinatown, em Los Angeles.
Costeletas de porco grelhadas com cidreira e arroz de coco e açafrão. Foto: Stacy Zarin Goldberg/The Washington Post
Costeletas de porco grelhadas com cidreira e arroz de coco e açafrão. Foto: Stacy Zarin Goldberg/The Washington Post
Como as lojas locais ajudaram a minha família a se reestabelecer aqui, fiquei fascinado por elas. Percorro os corredores frequentemente procurando por ingredientes para pratos vietnamitas como minha mãe costumava fazer quando nos mudamos.
Nos últimos anos, percebi que os supermercados ficaram muito mais amigáveis com os produtos de culinária asiática. Ingredientes melhores e mais autênticos estão disponíveis. Os inventários cresceram de 9.000 itens, em 1975, para cerca de 40.000 atualmente. Consigo encontrar excelentes óleos de peixe, de soja, leite de coco, arroz, capim limão e papel de arroz.
Phil Lempert, fundador e editor do SupermarketGuru.com e analista da indústria alimentícia há mais de 25 anos, explica como essas mudanças aconteceram. A tendência começou com a “geração silenciosa”, muitos daqueles que serviram no Pacífico durante a Segunda Guerra. Depois de voltar para casa, queriam continuar consumindo aquilo que comiam fora. Seus filhos, os baby boomers, procuravam por mais comidas chinesa e japonesa. Com a globalização e a internet, as pessoas se tornaram mais atualizadas e curiosas.
Costeletas de porco grelhadas com cidreira e arroz de coco e açafrão. Foto: Stacy Zarin Goldberg/The Washington Post
Costeletas de porco grelhadas com cidreira e arroz de coco e açafrão. Foto: Stacy Zarin Goldberg/The Washington Post
“Os supermercados estavam perdendo consumidores para os mercados asiáticos”, afirma ele. “Com mudanças demográficas e maior troca cultural gastronômica, eles entenderam que precisavam ter mais produtos asiáticos. Os supermercados querem se tornar locais onde você pode comprar tudo.”
Mas os jovens também afetaram o estoque. “Os millenials e a geração Z acessam o Instagram e querem recriar um prato que viram. Estão loucos para experimentar”, diz Lempert. “Eles não se importam em ser introduzidos aos chefs nos restaurantes. Preferem comer uma refeição de qualidade, independente de onde ela vem.”
O crescente interesse em sabores globais, combinados com o forte movimento de alimentação natural, impulsionou a venda de ingredientes como água de coco, óleo de coco e açafrão fresco. Além de ótimos para a saúde de algumas pessoas, eles são decisivos para criar sabores que capturam maravilhosamente a essência do Vietnã.
Quando há uma seleção pobre de arroz ou macarrão, as massas sem glúten são a saída. Capellini de arroz integral é excelente para refrescar as tigelas de salada de macarrão; o espaguete é perfeito para sopa de macarrão com molho picante.
No final do ano passado, a Whole Foods lançou uma lista de tendências para 2019. Entre as fortes apostas estavam camarões secos, goiaba, jaca e pitaia. Cada vez mais alimentos exóticos estão no caminho para se tornarem convencionais.

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