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Chef paranaense que atua na Tunísia conta curiosidades sobre a gastronomia daquele país
A chef e empresária Pricila Franceschi, proprietária dos restaurantes Rock me Mamma e Bistronomia em Curitiba, reside na Tunísia desde 2020. Mesmo estando a mais de 9000 km de distância e há quase 35 horas de viagem, ela consegue conciliar a vida entre os dois países e compartilha com entusiasmo as peculiaridades da culinária tunisiana.
Primeiro, é preciso localizar e contextualizar país e sua cultura. A Tunísia está norte da África e faz fronteira com a Argélia a oeste, a Líbia a sudeste e o Mar Mediterrâneo ao norte e leste. A capital do país é Tunis.
A cultura tem influências árabes, berberes, francesas e otomanas. O país é predominantemente muçulmano, com a maioria da população seguindo a religião islâmica.
Comida sazonal e carnes sem corte
"Os tunisianos comem conforme os estações, por isso nem sempre teremos pimentões vermelhos, maçãs, morangos, abóboras, tomates, cebola e assim por diante", afirma Pricila. Por outro lado, isso dificulta o planejamento de cardápio, que precisa ser atualizado frequentemente, de acordo com a oferta dos produtos da estação.

Pricila explica que, como se trata de um país de maioria muçulmana, é comum ver a cabeça do animal abatido exposto na frente dos açougues. "Muitos passam a mão na cabeça do animal e agradecem o sacrifício. Parece estranho, mas é muito comum por lá", declara.
Outra diferença são os cortes das carnes. "A carne de boi, por exemplo, é vendida conforme o que quero fazer: assar, grelhar, cozinhar", conta. A chef diz que não há nomes para os cortes, eles vendem por quadrantes macios ou duros. "Filé Mignon bovino é algo raro, os restaurantes internacionais precisam encomendar e normalmente a disponibilidade é conforme a quantidade de bois que eles vão cortar para vender", completa.
Conexão Brasil - Tunísia

"Eu aprendo muito com os tunisianos, a troca é infinita. Eles são um povo adorável e não tem medo de experimentar", afirma Pricila. E essa disponibilidade para novos sabores tem sido um "prato cheio" para a chef que, sempre que possível, faz uma fusão tropical em receitas típicas.
Pricila conta que o cuscuz e carneiro ensopado com os legumes da estação fazem parte do menu diário do país. Certa vez, a chef apresentou uma versão de cuscuz em forma de salada com ciboulette, bacon de peru açucarado e damascos. "Esta salada já era um sucesso no restaurante do Brasil e agora é um sucesso lá. Todo evento que fecho, a primeira coisa que pedem é a salada de cuscuz que não pode mais faltar no menu", afirma.
Outra tendência que está chegando com força por lá são os smash burguers. E ao invés de apresentar o tradicional, Pricila e elaborou várias versões. "Óbvio que apresentei para eles o hambúrguer em Pão Francês redondinho como temos aqui em Curitiba e eles amaram", comemora.
A Tunísia no Brasil

Priscila acaba de inaugurar, em Curitiba, um pizza com uma proposta diferente e que a faz vir ao Brasil a cada dois meses. O cardápio do novo empreendimento mostra que o intercâmbio cultural viaja nos dois sentidos. "Certamente as influências da Tunísia estão muito presentes no Rock me Mamma. Estão na mistura do doce com salgado, no uso de pimentões e no azeite de oliva apimentado", revela.
A chef ressalta alguns pratos disponíveis no restaurante que têm um pézinho na Tunísia: a sobremesa mais cítrica, Lemon Bomb, o pastel de queijo brie com geléia de pimentão e a pizza com gorgonzola e peras, são alguns dos preparos que os clientes podem provar.