Desenvolvido para ser um substituto do hambúrguer de carne em todos os aspectos – textura, aroma, sabor e valores nutricionais –, os discos de proteína vegetal da Fazenda Futuro são uma quebra de paradigma na indústria alimentícia.

Até então, falar de hambúrguer vegetariano era pensar em um bolinho de leguminosas cozidas, vegetais e temperos de preparo similar ao caseiro: tudo processado junto, porcionado e frito. Com a proposta da foodtech, a cara do produto mudou: é impossível provar e descrever quais os ingredientes que o hambúrguer da Fazenda Futuro contém.

Por isso, a equipe do Bom Gourmet — além dos repórteres que assinam a reportagem, a editora Talita Boros Voitch e a repórter Marina Mori — fez uma degustação do produto. Para analisar com o mínimo de interferência possível, foi escolhido o cheeseburger da rede Black Beef, hamburgueria que passou a incluir os hambúrgueres plant based da Fazenda Futuro em seu cardápio desde junho.

Os ingredientes do sanduíche são pão brioche, queijo muçarela e hambúrguer Fazenda Futuro, grelhado com azeite de oliva. O cheeseburger sai por R$ 17 com hambúrguer de carne bovina e R$ 23 com hambúrguer Fazenda Futuro.

O produto do Fazenda Futuro entrou em junho no cardápio da rede Black Beef sob o nome de Futuro Black Beef, montado no pão brioche, shiitake e creme de queijo. O novo hambúrguer vegetariano, no entanto, pode ser acrescentado ou trocado em qualquer sanduíche do cardápio por um acréscimo de R$ 6.

O hambúrguer vegetariano leva mais tempo para ficar pronto: enquanto o de carne é retirado do refrigerador e grelhado de quatro a cinco minutos cada lado, o da Fazenda Futuro é retirado do congelador e leva cerca de sete minutos de cada lado na grelha. Durante a cocção, o vegetariano solta menos “suco” e acaba criando uma crosta mais evidente que a carne.

O aspecto da massa fica avermelhado quando está sendo grelhado e forma uma crosta saborosa. Diferentemente da carne, o Fazenda Futuro só pode ter um ponto – pronto – e não “desmancha” como o hambúrguer de carne.

A coloração do miolo fica rosada, como se fosse um hambúrguer mal passado, mas a consistência é de um hambúrguer bem passado. A textura da carne vegetal é macia, similar à uma pasta de carne bem compacta. A umidade da massa é um aspecto positivo: mesmo esfriando, não perdeu completamente a umidade.

O aroma do hambúrguer pronto lembra os temperos prontos de macarrão instantâneo ou salgadinhos industrializados sabor carne. Na lista de ingredientes, consta o “condimento preparado sabor carne”, sem detalhes da composição.

Por ser feito na grelha, o aroma de defumado é presente e acrescenta mais complexidade ao hambúrguer. Enquanto o hambúrguer feito de carne bovina apresenta aroma sutil de defumado e de gordura da carne.

O hambúrguer é bastante condimentado, mas não é possível descrever seus temperos. Não há clareza nas nuances de sabor – o que mais se destaca são os sabores defumado e salgado.

Encontramos cebola in natura em cubinhos em um dos hambúrgueres, o que mostra que parte do tempero é de ingredientes frescos e não apenas em pó.

Após comer o sanduíche, céu da boca e língua ficam com uma leve sensação de irritação, como quando se come algo salgado demais. O sabor do tempero (que aparece forte no aroma também) persiste por muito tempo na boca e mais de uma pessoa apresentou sinais de má digestão.

Duas são as hipóteses. Para a irritação na língua, céu da boca e parte interna das bochechas, supõe-se que o condimento preparado leva um excesso de realçadores de sabor que, junto do sal, podem lesionar a superfície da mucosa bucal.

A presença de proteína texturizada de soja pode ser a causa da má digestão. Este ingrediente é feito a partir da farinha de soja que sobra da produção de óleo da leguminosa. Esta farinha de soja é submetida a altas temperaturas e pressão, o que faz ela ganhar outro formato.

É importante ressaltar que a proteína texturizada de soja não é apenas um produto usado para preparos vegetarianos. O ingrediente é frequentemente usado como emulsificante para embutidos com carne, como salsichas, e o floco de proteína de soja também é usado para dar volume em granolas industrializadas e substitutos vegetarianos.