"Nosso trabalho tem de ser insaciável". 5 perguntas para o Chef 5 Estrelas Lênin Palhano

Chef executivo e diretor do Grupo Acuro, Lênin Palhano foi eleito este ano, pela sexta vez, Chef 5 Estrelas no Prêmio Bom Gourmet. À frente do Trama, que se une aos demais restaurantes do grupo - Feér e Bee.O Café - Lênin é, talvez como diriam os norte-americanos, imparável. Há quase 20 anos no mercado, passou por estabelecimentos como o Terra Madre, casas do Grupo Vino!, o francês C’ la Vie, onde continuou o trabalho do renomado Eric Jacquin, depois Nomaa Hotel, foi um dos criadores do grupo Obst, trabalhou no B Hotel Brasília, e agora, de volta à Curitiba, levou seu restaurante, com pouco mais de um ano, ao primeiro lugar na lista dos 30 Melhores Restaurantes do Paraná e a outras três indicações na edição 2025 do prêmio.

Chef revelação em 2010 pelo próprio Prêmio Bom Gourmet e nomeado um dos mais promissores em 2017 pela revista GQ, Lênin Palhano respondeu cinco perguntas em que fala sobre o reconhecimento recebido ao longo dos anos, o trabalho no mais novo empreendimento do Acuro, o momento da gastronomia curitibana e sobre o que gosta de comer quando não está em atuação.

"Lenin Palhano é único, não existe outro como ele. É o mais criativo e sensível dos chefs de cozinha que conheci nesses anos todos de gastronomia". A afirmação é do colunista do Bom Gourmet Anacreon de Téos, conhecedor como poucos da gastronomia local. Como é lidar com esse olhar de especialistas que veem no teu trabalho algo diferente do que encontram em outros chefs?

Esse olhar de especialistas, na verdade nunca é objetivo, sabe? Eu acho que é um reflexo do que a gente faz nas nossas cozinhas, que é sempre o que é inegociável, né: qualidade de produto com boa técnica aplicada e pensando 100% em quem frequenta o nosso restaurante, né? E obviamente quem conhece também um pouco mais de técnica, conhece produto, entende um pouquinho essa dedicação que existe por trás, acaba absorvendo isso e gostando também, né? Então, acho que o trabalho sempre foi e sempre vai ser em relação a essa busca incansável por produtos incríveis e aplicação técnica correta.

Bom, em relação ao Trama, eu acredito muito que é reflexo de um amadurecimento até da minha carreira, né? Então a gente já, depois de muito tempo, quase 20 anos de gastronomia, de entendimento de público, conhecimento de produto, análise de mercado, eu consegui fazer um restaurante muito assertivo. Foi um ano só desenvolvendo o projeto, para ele abrir o mais redondo possível, né? Obviamente a gente sempre tem ajustes a serem feitos, melhoras a acontecerem, mas eu acho que é um grande reflexo dessa maturidade de carreira.

Acho que a manutenção dos prêmios é trabalho. Nosso trabalho tem que ser incansável, não pode parar. A gente está sempre em busca de melhoras, em busca de resultados. E assim a gente vai conseguindo nos manter em bons olhares, tanto do nosso público quanto da mídia.

A evolução da gastronomia curitibana foi bem significativa realmente nos últimos 20 anos. E surgiram grandes nomes, chefs antenados com o que está acontecendo fora do país também, ou até em outras grandes cidades do país. Isso acaba refletindo na técnica, na dinâmica dos nossos restaurantes também. E obviamente um maior número de cozinheiros, maior número de sobreres, garçons, metres. Isso vai contribuindo para a evolução da nossa cidade.

Eu não tenho um prato preferido. Eu gosto de comida boa, confortável, que nos deixa felizes, né? Então pode ser um bom parmegiana ali no Maneco, pode ser um bom grelhado lá na Churascaria Arco-Íris, ou até mesmo uma simples massa com vegetais em casa.