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Prato típico de Curitiba, Carne de Onça recebe selo de Indicação Geográfica

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20/05/2025 10:56
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Receita certificada leva carne bovina fresca moída, cebola, cebolinha, azeite extravirgem, sal, pimenta e é servida sobre broa de centeio. Crédito: Daniel Castellano/SMCS.

A tradicional carne de onça, iguaria símbolo da boemia curitibana, agora tem reconhecimento oficial: foi registrada como Indicação de Procedência (IP) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A certificação foi recebida na noite desta segunda-feira (19), marcando um novo capítulo para a gastronomia da capital paranaense.
A conquista é fruto de um processo que começou oficialmente em março de 2023, com a organização e documentação de um dossiê técnico e histórico sobre o prato. O material foi protocolado no INPI em novembro de 2023, com o objetivo de garantir o reconhecimento da carne de onça como uma receita tradicional e exclusivamente curitibana.
O processo foi coordenado em parceria com o Sebrae/PR, que tem atuado em parceria com produtores e empresários para a obtenção das Indicações Geográficas do estado. Agora, com a carne de onça, o Paraná soma agora 13 IGs reconhecidas. A Secretaria de Turismo do Paraná também colaborou na elaboração do documento técnico de delimitação geográfica, necessário ao processo de IG junto ao INPI.
Para os curitibanos, a carne de onça já é há tempos um símbolo local. O prato, feito com carne bovina magra crua (patinho ou alcatra), servida sobre fatias de broa e acompanhada de cebola branca, cebolinha, azeite, sal e pimenta-do-reino, está presente em bares e restaurantes de diferentes estilos. Mas com o selo de Indicação Geográfica, a iguaria ganha também relevância internacional, sendo agora oficialmente reconhecida como parte do patrimônio cultural e gastronômico de Curitiba.
Selo identificador da Indicação de Procedência da carne de onça de Curitiba. Crédito: Divulgação.
Selo identificador da Indicação de Procedência da carne de onça de Curitiba. Crédito: Divulgação.
O registro como Indicação de Procedência garante que o nome “Carne de Onça de Curitiba” só poderá ser usado por estabelecimentos que seguirem rigorosamente a receita oficial e estiverem cadastrados na associação responsável pela fiscalização da prática. Esses locais terão um selo identificador. Já os demais deverão utilizar outro nome para pratos similares.
A Associação Amigos da Onça (AAONÇA) é quem responde pela salvaguarda da receita e pelo credenciamento dos estabelecimentos. Segundo a entidade, mais de 200 restaurantes em Curitiba já servem carne de onça. O movimento pela certificação foi liderado pelo jornalista e empresário Sérgio Medeiros, presidente da AAONÇA. Medeiros também é idealizador do portal Curitiba Honesta e do Festival da Carne de Onça.

História da carne de onça passa pelo futebol

A história do prato está profundamente enraizada na cidade. Em 2016, o prato foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Curitiba pela Câmara Municipal. Segundo pesquisas conduzidas por Medeiros, a origem da iguaria remonta aos anos 1940, quando Cristiano Schmidt, proprietário do bar “Buraco do Tatu” e diretor do time de futebol Britânia, servia carne crua sobre broa aos jogadores para celebrar vitórias. O nome teria surgido de uma brincadeira feita pelo goleiro “Duaia”, que teria dito: “Você só serve essa carne aí, que nem onça come”. Com o tempo, a receita se espalhou por outros bares da cidade até se tornar o clássico local.
Hoje, além de ser um símbolo regional, a carne de onça integra o ranking dos 10 melhores pratos de carne crua do mundo, conquistando paladares muito além das fronteiras paranaenses.

Receita oficial

A receita certificada exige a utilização de broa de centeio e carne bovina moída — do tipo patinho ou alcatra — livre de nervos e gordura, com granulação fina e coloração avermelhada, sempre fresca, refrigerada a 4°C ou menos. A montagem leva ainda cebola-branca e cebolinha-verde, ambas picadas com faca afiada, além de azeite de oliva extravirgem, sal e pimenta-do-reino a gosto. Como acompanhamentos opcionais, são admitidos azeite extravirgem, mostardas escura e amarela e molho de pimenta. A produção só pode ser realizada por estabelecimentos autorizados pelo Conselho Regulador da IG.

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