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Restaurant Awards promete igualdade, mas maioria dos indicados são homens, brancos e europeus
Quando o World Restaurant Awards foi anunciado em maio, tinha uma proposta diferente. Por anos, pessoas reclamam que o Guia Michelin fica muito fora da realidade e que o World’s 50 Best Restaurants era majoritariamente branco, masculino e europeu. E que o prêmio de “melhor chef mulher” era um insulto, e funcionava como prêmio consolação. O James Beard Awards, depois de anos de críticas, aumentou consideravelmente o número de ganhadoras mulheres e pessoas negras no ano passado.
Então, quando a empresa de eventos IMG anunciou que estava criando um novo tipo de premiação, comandado pelos jornalistas gastronômicos Joe Warwick e Andrea Petrini, o público ficou intrigado. O júri seria “conduzido com completa integridade, total transparência e senso real de inclusão”, afirmou Warwick na divulgação do prêmio.
Foram escolhidos 100 jurados, entre os premiados chefs Massimo Bottura, David Chang, Daniel Humm, Dan Barber, René Redzepi, Ana Ros, Yotam Ottolenghi e Clare Smyth. O júri foi composto por 50% mulheres e 50% homens — a primeira premiação gastronômica com um comprometimento para a equidade de representação de gênero.
Você pode imaginar que isso iria resultar em indicações mais diversas entre os competidores. Mas não foi o caso. A lista com os indicados, que saiu na quinta (17), continua predominantemente masculina. Apesar de uma série de categorias interessantes e pouco convencionais, ainda estão presentes muitas das mesmas pessoas que aparecem em outras listas de prestígio. Categorias como “Pensamento original”, “Sem precisar de reservas” e “Bebidas inovadoras”, tem somente homens na indicação.
O jornal The Washington Post questionou a disparidade de gênero. O prêmio divulgou duas declarações:
“Nós sabíamos desde o início que ter um júri dividido igualmente entre os gêneros não era garantia de um número igual de mulheres indicadas. Queremos dar às mulheres equidade, mas, por anos, a elas não foram dadas as mesmas oportunidades e suporte que para os homens. Não é algo que podemos mudar do dia para noite”, disse Warwick.
“Estamos dando voz igual para as mulheres nessa premiação, e torcendo para que as juradas mulheres, que já são bem-sucedidas, colaborem com aquelas que estão começando. E também por promover um pensamento ético e bem-estar dos funcionários, esperamos contribuir para melhorar o ambiente de trabalho para todos. E isso vai atrair mais mulheres de talento para a indústria”, afirmou Céciel Rebbot, diretora do evento.
Categorias do evento
Algumas categorias são mais diversas que outras. Entre os cinco indicados para destaque do ano ou melhor restaurante novo, há uma equipe de marido e mulher (Chiho Kanzaki e Marcelo di Giacomo, com o Virtus, em Paris) e uma chef mulher (Pía León, com o Kjolle, no Peru). Há uma troca divertida na clássica categoria de restaurantes mais antigos: um restaurante nomeado em homenagem a um homem é agora comandado por duas mulheres (Peter Luger’s, em Nova York). Outro restaurante, fundado e nomeado por uma mulher, agora é comandado por um homem (La Mere Brazier, na França). Mais mulheres foram mais nomeadas em categorias designadas como “pratos pequenos” — prêmios para coisas como contas do Instagram, “Cozinha sem pinças” e “Chef sem tatuagem” — do que nas principais categorias que premiam a inovação.
Quanto à maioria dos indicados sendo europeus e brancos, o World Restaurant Awards não parece diferente do World’s 50 Best. Na lista de 73 indicados, 42 são europeus. Apenas três são da América do Sul, e nenhum restaurante do México foi indicado. O único restaurante nomeado de toda a África foi Wolfgat, um remoto estabelecimento na África do Sul, na categoria “Restaurantes fora do mapa”.
Existem outros problemas. O restaurante Noma ganhou duas nomeações (“Pensamento original” e “Pensamento ético”), sendo que o chef do estabelecimento, Redzepi, está no painel de jurados. Smyth, um colega também jurado, foi nomeado para “Chef sem tatuagem do ano”. Uma porta-voz do evento disse que os jurados submeteram suas longas listas de seleção por um portal, e que os jurados indicados são excluídos do voto em suas categorias. Mas muitos outros prêmios de gastronomia são contra chefs serem jurados, para não privilegiarem seus amigos. Por exemplo, o júri para o James Beard Awards 2019 é composto exclusivamente por jornalistas.
As categorias do World Restaurant Awards são interessantes e peculiares. Às vezes, isso é bom — como no caso de “Pensamento ético” e “Restaurantes com comprometimento humanitário e ambiental”. Algumas outras categorias são uma forma de premiar restaurantes que não entrariam nas indicações normalmente, como “Especial da casa”, categoria na qual um cachorro-quente português e um caranguejo indiano de casca mole foram nomeados.
Mas outras categorias só são confusas e sem sentido. Por que nomear o restaurante com melhor “Serviço de vinho tinto”? Por que dar um prêmio para o Instagram de um chef? O que faz um “Chef sem tatuagem” mais merecedor de reconhecimento que um tatuado? E enquanto temos três excelentes histórias na categoria jornalística, como o obituário de Anthony Bourdain, por Jonathan Gold’s, que tem menos que 900 palavras, foi considerado uma grande reportagem? O prêmio Beards considera que tudo com menos de 1.000 palavras não se encaixa na categoria de grande reportagem.
Será que um prêmio que propõe “celebrar a diversidade do cenário internacional de restaurantes” vai dar mais alguns troféus para o Noma? Vamos descobrir no dia 18 de fevereiro, quando a cerimônia realizada em Paris será exibida na televisão.
Confira a lista completa de indicados:
CATEGORIAS GRANDES PRATOS
Novidade do ano
Angler – São Francisco (EUA)
DaGiorni – Bolonha (Itália)
Inua – Tóquio (Japão)
Kjolle – Lima (Peru)
Virtus – Paris (França)
Angler – São Francisco (EUA)
DaGiorni – Bolonha (Itália)
Inua – Tóquio (Japão)
Kjolle – Lima (Peru)
Virtus – Paris (França)
Atmosfera do ano
Astoria Seafood – Nova York (EUA)
Chambre Séparée – Gen (Bélgica)
Machneyuda – Jerusalém (Israel)
Punk Royale – Copenhagen (Dinamarca)
Verpertine – Los Angeles (EUA)
Astoria Seafood – Nova York (EUA)
Chambre Séparée – Gen (Bélgica)
Machneyuda – Jerusalém (Israel)
Punk Royale – Copenhagen (Dinamarca)
Verpertine – Los Angeles (EUA)
Colaboração do ano
Cafe Paradiso x Gort na Nairn Farm – Cork (Irland)
Frantzen x Jacob Marsing-Rossini – Estocolmo (Suécia)
Mirazur x Huilerie Saint Michel – Nice (França)
Single Thread Farm x Bloodroot Blades – Healdsburg (EUA)
Vespertine X This Will Destroy You – Los Angeles (EUA)
Cafe Paradiso x Gort na Nairn Farm – Cork (Irland)
Frantzen x Jacob Marsing-Rossini – Estocolmo (Suécia)
Mirazur x Huilerie Saint Michel – Nice (França)
Single Thread Farm x Bloodroot Blades – Healdsburg (EUA)
Vespertine X This Will Destroy You – Los Angeles (EUA)
Clássico duradouro
Elkano – Getaria (Espanha)
Hyotei – Kyoto (Japão)
La Mère Brazier – Lyon (França)
Paul Bocuse (L’Auberge du Pont de Collonge) – Lyon (França)
Peter Luger – Nova York (EUA)
Elkano – Getaria (Espanha)
Hyotei – Kyoto (Japão)
La Mère Brazier – Lyon (França)
Paul Bocuse (L’Auberge du Pont de Collonge) – Lyon (França)
Peter Luger – Nova York (EUA)
Pensamento ético
Blue Hill at Stone Barns – Nova York (EUA)
Food For Soul – várias cidades (Itália)
Noma – Copenhagen (Dinamarca)
Saint Peter – Sidney (Austrália)
Silo – Brighton (Reino Unido)
Blue Hill at Stone Barns – Nova York (EUA)
Food For Soul – várias cidades (Itália)
Noma – Copenhagen (Dinamarca)
Saint Peter – Sidney (Austrália)
Silo – Brighton (Reino Unido)
Evento do ano
Al Meni – Rimini (Itália)
Game at Lyle’s – Londres (Reino Unido)
Parabere Forum – Malmö (Suécia)
Refugee Food Festival – Paris (e ao redor do mundo) (França)
The Presidential Train – Porto (Portugal)
Al Meni – Rimini (Itália)
Game at Lyle’s – Londres (Reino Unido)
Parabere Forum – Malmö (Suécia)
Refugee Food Festival – Paris (e ao redor do mundo) (França)
The Presidential Train – Porto (Portugal)
Bebidas inovadoras
Amass – Copenhagem (Dinamarca)
Cub – Londres (Reino Unido)
Dersou – Paris (França)
Godenya – Hong Kong (Hong Kong)
Mugaritz – São Sebastião (Espanha)
Amass – Copenhagem (Dinamarca)
Cub – Londres (Reino Unido)
Dersou – Paris (França)
Godenya – Hong Kong (Hong Kong)
Mugaritz – São Sebastião (Espanha)
Especial da casa
Gazela – Porto (Portugal)
Lido 84 – Lombardia (Itália)
Obana – Tóquio (Japão)
Trishna – Mumbai (Índia)
Yat Lok – Hong Kong (Hong Kong)
Gazela – Porto (Portugal)
Lido 84 – Lombardia (Itália)
Obana – Tóquio (Japão)
Trishna – Mumbai (Índia)
Yat Lok – Hong Kong (Hong Kong)
Sem reservas
Clamato – Paris (França)
Delifucious – Tóquio (Japão)
Kiln – Londres (Reino Unido)
Mocotó – São Paulo (Brasil)
Retrobottega – Roma (Itália)
Clamato – Paris (França)
Delifucious – Tóquio (Japão)
Kiln – Londres (Reino Unido)
Mocotó – São Paulo (Brasil)
Retrobottega – Roma (Itália)
Destinos fora do mapa
Bootshaus – Klosterpl (Áustria)
Mil – Maras (Peru)
Riley’s Fish Shack – Tynemouth (Reino Unido)
Tokuyamazushi – Shiga (Japão)
Wolfgat – Paternoster (África do Sul)
Bootshaus – Klosterpl (Áustria)
Mil – Maras (Peru)
Riley’s Fish Shack – Tynemouth (Reino Unido)
Tokuyamazushi – Shiga (Japão)
Wolfgat – Paternoster (África do Sul)
Pensamento original
Enigma – Barcelona (Espanha)
Ikoyi – Londres (Reino Unido)
Le Clarence – Paris (França)
Mugaritz – São Sebastião (Espanha)
Noma – Copenhagem (Dinamarca)
Enigma – Barcelona (Espanha)
Ikoyi – Londres (Reino Unido)
Le Clarence – Paris (França)
Mugaritz – São Sebastião (Espanha)
Noma – Copenhagem (Dinamarca)
CATEGORIAS PEQUENOS PRATOS
Instagram do Ano
Alain Passard – @alain_passard
Margaret Lam – @little_meg_siu_meg
Matty Matheson – @mattymatheson
Alain Passard – @alain_passard
Margaret Lam – @little_meg_siu_meg
Matty Matheson – @mattymatheson
Grandes reportagens jornalísticas
Jonathan Gold, com “Anthony Bourdain abriu a classe trabalhadora da cozinha para o mundo”, do LA Times
Helen Rosner, com “O que Jonathan Gold quis dizer com escrita gastronômica), do The News Yorker
Lisa Abend, com o “O circo da comida”, da revista Fool
Jonathan Gold, com “Anthony Bourdain abriu a classe trabalhadora da cozinha para o mundo”, do LA Times
Helen Rosner, com “O que Jonathan Gold quis dizer com escrita gastronômica), do The News Yorker
Lisa Abend, com o “O circo da comida”, da revista Fool
Serviço de vinho tinto
Le Baratin – Paris (França)
Noble Rot – Londres (Reino Unido)
Roscioli – Roma (Itália)
Le Baratin – Paris (França)
Noble Rot – Londres (Reino Unido)
Roscioli – Roma (Itália)
Chef sem tatuagem
Alain Ducasse
Clare Smyth
David Thompson
Alain Ducasse
Clare Smyth
David Thompson
Trolley do ano
Ballymaloe House – Cork (Irlanda)
Otto’s – Londres (Reino Unido)
The Grill – Nova York (EUA)
Ballymaloe House – Cork (Irlanda)
Otto’s – Londres (Reino Unido)
The Grill – Nova York (EUA)
Melhor cozinha sem pinça
Black Axe Mangal – Londres (Reino Unido)
Bo.Lan – Bangkok (Tailândia)
Racines – Paris (França)
Black Axe Mangal – Londres (Reino Unido)
Bo.Lan – Bangkok (Tailândia)
Racines – Paris (França)