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Turistas gastam pouco e temporada frustra bares e restaurantes em SC
Depois de uma temporada anterior com muita expectativa e pouco resultado, o setor gastronômico do litoral catarinense vai ter que adiar a comemoração mais uma vez. Pesquisa realizada com empresários entre os dias 19 e 20 de fevereiro pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) de Santa Catarina indicou que em 75% dos negócios o movimento foi igual ou pior do que no verão passado. Para 80% deles, o gasto médio dos frequentadores permaneceu o mesmo ou piorou.
O presidente da entidade, Raphael Dabdab, mostrou preocupação com o cenário, pois a temporada de 2017 já havia frustrado as expectativas dos empresários do ramo gastronômico e muitos deles dependem do sucesso do verão para garantir o sobrevivência do negócio ao longo do ano. Entre as expectativas positivas para 2018, Dabdad aponta os gastrobares do litoral e as vinícolas da serra catarinense como tendência.
Qual é o balanço da temporada 2017/2018 para os bares e restaurantes do litoral de Santa Catarina?
Os empresários estavam otimistas, como apontou uma primeira pesquisa realizada pela Abrasel. Mas o otimismo não se consolidou e temporada não atingiu as expectativas dos empresários do setor. Do total de entrevistados, 75% afirmou que a temporada foi igual ou pior do que a do ano passado.
Que análise você faz desses resultados?
Não faltou turista em Santa Catarina, o que aconteceu foi que eles gastaram menos. Além do motivo da perda de poder aquisitivo por conta da crise econômica, tem o motivo climático. Choveu muito, principalmente no mês de janeiro, e à noite. O casal que estava em dúvida se saía ou não para jantar, ao se deparar com a chuva, preferiu ficar em casa. O turista, em geral, comeu mais em casa. Frequentou mais os supermercados do que os restaurantes. Esse cenário é preocupante porque muitos restaurantes e bares dependem de uma boa temporada para sobreviver ao longo do do ano.
Pensando nas perspectivas para o ano de 2018, que setores têm grandes chances de se destacar?
Os gastrobares seguem em alta, tanto aqueles especializados em cerveja artesanais locais quanto os de vinho. A região da serra catarinense, principalmente nos últimos dois anos, tem se consolidado enquanto destino turístico e só deve crescer. São várias vinícolas que já oferecem hospedagem e serviços de ótima qualidade ao turista. Agora já deve começar a época da vindima, da colheita da uva, com festas típicas e uma programação dedicada aos turistas. Além dos vinhos e espumantes, a região também se destaca pela produção de queijos. No geral, os bares e restaurantes esperam que 2018 seja um ano de recuperação econômica.
Quais são as principais diferenças entre Balneário Camboriú e Florianópolis em termos de destinos gastronômicos?
Florianópolis tem mais diversidade e se destaca muito pelo ecoturismo. É uma cidade que tem opções para a família inteira. Tem o Sul da ilha que é mais calmo e um bom destino para os turistas que preferem sossego, tem Jurerê para os mais baladeiros e os outros bairros do norte da ilha com um perfil mais família. Já em Balneário, o perfil é mais metropolitano, que valoriza mais à noite. Em relação à gastronomia, as duas cidades são muito procuradas pelos produtos típicos do litoral: ostra, polvo e frutos do mar em geral. Florianópolis também é a segunda cidade brasileira que tem a oferta maior de restaurantes por habitante.
A gastronomia catarinense tem uma identidade própria?
Sim, ela não parou no tempo e ainda está no processo de se consolidar. O morador local tem valorizado mais os produtos da região, assim como os turistas que vêm em busca de opções típicas. Além dos frutos do mar, temos os queijos especiais, o mel, as cervejas artesanais. O nosso desafio, no momento, é o mesmo da gastronomia brasileira como um todo, que é superar a crise que afetou o setor duramente.
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